27.10.22

Como o ACNUR responde à fome e insegurança alimentar de refugiados em meio à crise global


Com a escalada da fome e da insegurança alimentar no mundo, estas se tornam causa e efeito do deslocamento forçado. Saiba o que o ACNUR faz para apoiar pessoas refugiadas

Atualmente, 828 milhões de pessoas passam fome no mundo, de acordo com as Nações Unidas. Esse número mais que dobrou nos últimos dois anos, recolocando o tema da fome como uma prioridade global.

Existem vários fatores que contribuem para o aumento acentuado da insegurança alimentar nos últimos dois anos: A pandemia da COVID-19 gerou instabilidade econômica, aumento da inflação e interrompimento de cadeias de abastecimento de alimentos, dificultando o fornecimento de ajuda humanitária às pessoas refugiadas, especialmente em locais de difícil acesso;
As mudanças climáticas estão afetando o abastecimento da agricultura e pecuária em todo o mundo e intensificando guerras em decorrência de disputas por recursos naturais;
A desigualdade e a pobreza fizeram com que alimentos acessíveis estivessem fora do alcance de milhões de famílias;
A guerra na Ucrânia teve um efeito cascata nas cadeias de abastecimento e recursos alimentares – além de provocar o deslocamento forçado de mais milhões de pessoas.

Enquanto essas emergências não param de crescer, o ACNUR não pode deixar para trás as mais de 100 milhões de pessoas que foram forçadas a se deslocar e precisam do nosso apoio.

Com os preços dos alimentos atingindo uma alta histórica em 2022 e vários países à beira da fome, o ACNUR Brasil criou a campanha #ComidaPraViagem, fortalecendo os esforços globais de combate à fome entre pessoas que perderam tudo e tiveram que reconstruir suas vidas após o impacto de guerras, perseguições e violações de direitos humanos.

Em um mundo altamente conectado, em que a fome é tanto uma causa como uma consequência do deslocamento forçado, aqui estão quatro maneiras pelas quais o mundo pode se unir para acabar com a fome e a insegurança alimentar – e o que a Agência da ONU para Refugiados está fazendo para apoiar esses esforços.

Entrega de ajuda humanitária

Quando a crise atinge e milhões de pessoas são deslocadas à força de suas casas, receber ajuda humanitária essencial é fundamental para garantir a segurança e a saúde das pessoas forçadas a se deslocar. Durante crises humanitárias de grande escala, como a do Iêmen, essa ajuda humanitária costuma ser a única salvação para os necessitados.

O Iêmen enfrenta atualmente uma das piores crises de fome do mundo, com quase 50 mil pessoas vivendo em condições semelhantes à fome e mais 5 milhões enfrentando risco significativo de passar fome em 2022.

O ACNUR está no Iêmen fornecendo suprimentos e alimentos essenciais, incluindo fontes de alimentos ricos em calorias e nutrientes, mas os conflitos na região e ao redor dificultam o acesso do ACNUR aos mais vulneráveis. Garantir que os caminhos para a ajuda humanitária permaneçam seguros e abertos é fundamental para atender às necessidades de insegurança alimentar.

Assistência em dinheiro

A assistência em dinheiro é um programa que oferece às pessoas deslocadas bolsas com valores que lhes permitem retornar a um senso de normalidade. Com ajuda em dinheiro, eles podem comprar alimentos e outros itens essenciais por conta própria, o que também lhes dá a chance de acomodar quaisquer restrições alimentares.

Yulia e seu filho, Vlad, foram forçados a fugir da Ucrânia em março de 2022. Na Polônia, eles puderam receber assistência em dinheiro do ACNUR, o que lhes permitiu permanecer seguros e saudáveis ​​em sua jornada em busca de segurança.

Geração de renda

Quando as cadeias de suprimentos globais e os caminhos para a ajuda humanitária são ameaçados, garantir a segurança alimentar se resume à autossuficiência das comunidades de refugiados e anfitriãs.

Serafina possui uma barraca de vegetais no mercado do Assentamento de Refugiados Kalobeyei, no Quênia. Aqui, ela pode vender os vegetais que cultiva para alimentar sua comunidade e gera uma renda que pode usar para comprar sua própria comida e suprimentos.

O ACNUR trabalha com parceiros em campos de refugiados em todo o mundo para oferecer oportunidades empresariais aos agricultores. Ao apoiar as habilidades agrícolas e os meios de subsistência dos refugiados, eles têm a oportunidade de ajudar a garantir a segurança alimentar de outros refugiados, bem como de suas comunidades anfitriãs.

O ACNUR apoia esses empreendedores fornecendo subsídios para fazendas e aluguel de barracas de mercado, sementes, lotes de terra para agricultura, bem como outros suprimentos para ajudar os agricultores a prosperar.

Doe hoje mesmo e ajude muitos empreendedores a manterem os seus negócios!

Resposta às mudanças climáticas

A autossuficiência e a garantia de que as comunidades deslocadas tenham acesso adequado a fontes de alimentos são essenciais para combater a insegurança alimentar a longo prazo, mas esse objetivo é impossível sem abordar os efeitos da crise climática nessas comunidades.

O Afeganistão e o Chifre da África, por exemplo, enfrentam atualmente uma das piores secas da história. As fontes de água estão secando, deixando as pessoas deslocadas e as comunidades anfitriãs sem acesso à água potável ou água para plantações e gado. Milhares de famílias perderam suas fazendas e estão sendo deslocadas à força novamente para sobreviver.

Combinado com o aumento dos preços dos alimentos e as preocupações de proteção em relação à entrega de ajuda com segurança às pessoas em toda a região, os indivíduos na Etiópia e na Somália estão se aproximando rapidamente de uma terrível crise de segurança alimentar. No Afeganistão, metade da população está passando fome.

A prevenção de crises humanitárias como essas começa com o enfrentamento da crise climática. Sem abordar as mudanças climáticas, comunidades como as do Chifre da África continuarão a perder suas casas e meios de subsistência, e conflitos antigos como no Afeganistão dificilmente irão se dissolver.

Além de trabalhar para garantir que essas pessoas tenham acesso a ajuda humanitária crítica, o ACNUR também está trabalhando com governos e parceiros em todo o mundo para defender a ação climática e reduzir sua própria pegada de carbono nas operações.

A crise climática é uma crise humana e todos podem fazer a diferença. Doe hoje mesmo e nos ajuda a mitigar os efeitos da crise climática.