Rafaela Burd Relvas, in Público online
Entre 2010 e o segundo trimestre de 2022, os preços das casas aumentaram 48% na União Europeia. Em Portugal, o crescimento foi próximo de 80% neste período.
Desde 2010, os preços das casas na União Europeia aumentaram quase 50% e, em alguns países, chegaram a mais do que duplicar durante este período. Em Portugal, os valores aumentaram a um ritmo muito superior àquele que foi registado a nível europeu e o mercado imobiliário português está, assim, entre aqueles que mais valorizaram ao longo da última década.
Os dados são do Eurostat, que publica, esta sexta-feira, os valores mais actualizados do índice de preços da habitação, relativos ao segundo trimestre deste ano. Nesse período, os preços das casas no conjunto da União Europeia aumentaram 9,9% em relação ao segundo trimestre do ano passado, valor em linha com as subidas que já haviam sido registadas nos trimestres anteriores.
Já numa análise temporal mais alargada, torna-se evidente aquela que tem sido a dinâmica no mercado imobiliário residencial na Europa, cujos preços estão a aumentar, ininterruptamente, desde o início de 2014. Recuando até ao início desta série estatística, o Eurostat dá conta de que, entre 2010 e o segundo trimestre de 2022, os preços das casas aumentaram, em média, 48% na União Europeia e 42% contabilizando apenas os países da zona euro.
Portugal, onde o movimento de crescimento dos preços também tem sido contínuo nos últimos anos, ultrapassa largamente este valor, ao registar uma subida de 77,3% entre 2010 e o segundo trimestre deste ano, naquele que é um dos crescimentos mais acelerados entre os países da União Europeia.
Mesmo assim, há vários casos onde o agravamento do custo da habitação é ainda mais evidente do que em Portugal. Segundo o Eurostat, Estónia, Hungria, Luxemburgo, Letónia, Lituânia, Chéquia e Áustria viram os preços das casas mais do que duplicar no período em análise, com o aumento a aproximar-se dos 200% no caso da Estónia.
Em sentido contrário, só há três países onde se regista uma queda dos preços entre 2010 e 2022, ainda que ligeira: Chipre, Itália e Grécia, país onde esta redução é mais acentuada, chegando aos 23%.
Rendas crescem menos
Na análise publicada esta sexta-feira, o Eurostat ilustra, ainda, o crescimento das rendas ao longo deste período, um indicador que também aumentou a ritmo acelerado, mas muito abaixo daquilo que se verificou no caso dos preços de venda.
Entre 2010 e o segundo trimestre de 2022, as rendas praticadas no conjunto da União Europeia aumentaram uma média de 18%. Ainda assim, importa notar que, ao longo deste período, o aumento das rendas foi constante, sem nunca ter sido interrompido por uma queda em qualquer dos trimestres em análise. Já os preços das casas vendidas sofreram uma quebra abrupta em 2011, altura da última crise financeira, antes de voltarem à rota de crescimento iniciada em 2014.
Também neste caso, Portugal volta a destacar-se da média da União Europeia, ao registar um aumento do índice de preços das rendas próximo de 30% entre 2010 e o segundo trimestre de 2022.
Já a Grécia é o único país onde se registou uma redução do valor das rendas no período em análise, em torno de 25%.