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3.2.23

A prevenção do bullying começa em casa!

Clementina Almeida, opinião, in Público

Apesar de existirem muitos fatores que podem aumentar ou diminuir o risco de perpetrar ou sofrer de bullying, este é evitável. As escolas têm um papel importantíssimo na prevenção destes comportamentos. Mas também podemos prevenir o bullying em casa.

Desconcertantes, mas compreensíveis são as conclusões de inúmeras investigações que nos dizem que as crianças expostas a estilos de parentalidade negativos são mais propensas a serem intimidadas e/ou intimidar. Estilos de parentalidade negativa incluem comportamentos de abuso, negligência, estilos parentais mal adaptados e superproteção por parte dos pais.

O bullying é uma forma de violência e é classificado como uma experiência adversa na infância, sendo que o maior ou menor número de experiências adversas na infância coloca um indivíduo mais predisposto a sofrer de doença mental e/ou física na idade adulta, como seja por exemplo doença cardíaca.

O bullying é definido como qualquer comportamento agressivo indesejado por outra criança/jovem ou grupo de crianças/jovens, que envolva um desequilíbrio de poder observado ou percebido e seja repetido várias vezes ou com alta frequência. Esta forma de agressão pode causar danos físicos, psicológicos, sociais ou educacionais. Existe bullying físico (bater, chutar, etc.), verbal (chamar nomes ou provocar), relacional/social (espalhar boatos ou excluir do grupo) ou através do uso da tecnologia (cyberbullying). Uma criança/jovem pode ser um agressor, uma vítima ou ambos.

As consequências do bullying são diversas e podem resultar em lesões físicas, sofrimento emocional e social, automutilação e, no limite, levar mesmo à morte. No que diz respeito à saúde mental, sabemos que sofrer de bullying aumenta o risco de depressão, ansiedade, conduz a dificuldades de sono, a um menor desempenho académico e pode levar ao abandono escolar.

Os jovens que intimidam os outros e são eles próprios intimidados sofrem as consequências mais graves e correm maior risco de abuso de substâncias, problemas de saúde mental e comportamentais.

Inúmeros estudos demonstram uma relação entre a exposição à parentalidade negativa e o fator de ser vítima na escola, o que significa que comportamentos de bullying e risco de vitimização podem ter origem em casa e, mais tarde, passarem para o meio escolar. Por outro lado, certos comportamentos parentais positivos, incluindo boa comunicação, relações afetuosas, envolvimento e apoio dos pais, são fatores de proteção e, portanto, reduzem o risco de uma criança sofrer de bullying ou de vir a ser um agressor.

Os pais são as primeiras pessoas que têm uma influência primária sobre os seus filhos, sendo naturalmente a sua maior influência durante os primeiros anos, que correspondem a anos de desenvolvimento físico e psicológico; seguindo-se os professores, com quem a criança/adolescente convive nos anos vindouros.

Quando os pais, por exemplo, no trânsito chamam a outro condutor “gordo”, “parvo” ou “estúpido”, o mais provável é que os filhos chamem também esses nomes aos irmãos ou a alguns colegas da escola. Mesmo acreditando que os pais o façam sem a intenção de incutir este tipo de comportamentos nos seus filhos, a verdade é que inadvertidamente ensinam seus filhos a fazer bullying. Daí que a investigação demonstre que pais com comportamento bully são mais propensos a criar filhos bullies. Os pais autoritários, controladores e agressivos em casa tendem a incutir esse comportamento nos seus filhos.

Não menos importante é a influência dos modelos de comunicação que os pais usam entre si e que são continuadamente observados e mimetizados pelos filhos, em particular adolescentes. Quando eles veem a mãe a intimidar o pai ou este a tratar verbalmente mal a mãe, o mais provável é que repitam esse comportamento abusivo nas suas relações.

Apesar de existirem muitos fatores que podem aumentar ou diminuir o risco de perpetrar ou sofrer de bullying, este é evitável. As escolas têm um papel importantíssimo na prevenção destes comportamentos. Mas também podemos prevenir o bullying em casa, porque efetivamente as crianças precisam de orientação sobre como lidar com os agressores à medida que crescem, mas também precisam de orientação para não se tornarem num.

Todos os que lidam com crianças/adolescentes numa base diária, sejam pais, professores ou funcionários da escola, têm um papel a desempenhar na prevenção do bullying. Precisamos de, em primeiro lugar, não sermos os primeiros a iniciar o ciclo, na forma como comunicamos com os filhos ou os alunos, modelando as crianças/adolescentes a tratarem os outros com gentileza e respeito. Precisamos de explicar às crianças o que é o bullying e também de as incentivar no seu dia-a-dia fazerem atividades e terem hobbies que ajudem a promover a sua autoestima e confiança, e a desenvolver relações de amizade protetoras. Crianças seguras e confiantes não recorrem a estratégias de abuso para lidarem com os outros, não se sentem ameaçados pelo sucesso de ninguém, nem precisam de magoar o outro para se sentirem os maiores.

As crianças nem sempre falam abertamente acerca de estarem a ser vítimas de bullying, mas existem sinais e comportamentos aos quais devemos estar atentos. Estes incluem: roupas rasgadas, medo de ir para a escola, diminuição do apetite, pesadelos, choro ou depressão e ansiedade.

Enquanto pais nunca seremos capazes de controlar a forma como os outros irão tratar os nossos filhos. Com certeza que irão ser magoados durante a sua vida, mas podemos ajudar a construir a sua autoconfiança, força interior e segurança, para que não deixem que as palavras de um bully tenham impacto na forma como se sentem sobre si mesmos.

Se os pais sentirem que, por vezes, o seu estilo parental pode incluir alguns dos aspetos negativos descritos acima e desejarem utilizar estratégias mais positivas, devem consultar um profissional de saúde mental.

A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

18.1.23

Criminalizar quem compra serviços sexuais? Há 185 organizações europeias que dizem “não”

Ana Cristina Pereira, in Público

Relatório sobre a proposta de directiva relativa à violência contra as mulheres e a violência doméstica, que está em negociações no Parlamento Europeu, sugere criminalização de clientes.

Um total de 185 colectivos e organizações, 16 dos quais com sede em Portugal, estão a pedir aos representantes no Parlamento Europeu que “apoiem os direitos dos trabalhadores do sexo e a sua inclusão e rejeitem quaisquer tentativas de criminalizar o trabalho sexual”. Em causa está o Relatório sobre a proposta de directiva relativa à violência contra as mulheres e a violência doméstica, em negociações neste momento.

Para já, a União Europeia não dispõe de um instrumento vinculativo sobre violência contra as mulheres e violência doméstica. E nem todos os Estados-membros ratificaram a Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica, conhecida como a Convenção de Istambul (Portugal fê-lo em 2013).

A proposta foi apresentada pela Comissão Europeia no dia 8 de Março com aclamação do Parlamento Europeu, que desde 2009 pede um acto legislativo desta natureza. O relatório conjunto da Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos e da Comissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade de Géneros do Parlamento Europeu propõe diversas emendas.

As co-relatoras são duas conhecidas abolicionistas: a eurodeputada irlandesa Frances Fitzgerald e a eurodeputada sueca Evin Incir. No documento, acrescentam dois novos tipos de crime: a esterilização forçada e a compra de actos sexuais.

Alegam aquelas eurodeputadas que “a exploração sexual através da prostituição de outros e a compra de actos sexuais exploram mulheres em situações já vulneráveis, constituem uma violação grosseira do direito de uma pessoa à integridade física e implicam que tanto uma pessoa como o seu consentimento possam ser comprados por uma determinada quantia”. E sugerem que o termo “trabalhadores do sexo” desapareça da proposta, sendo substituído por “mulheres na prostituição”. Advogam que “uma actividade que explora pessoas não pode e não deve ser reconhecida como ‘trabalho’ pela UE”.

20.7.22

Informar, denunciar, combater o tráfico de pessoas: Marriott e AHP agilizam ação da APAV

Joana Petiz, in DN

Marriott International junta-se à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima para promover ação de sensibilização para prevenir o tráfico humano. AHP também se associa à causa.

"O crime do tráfico de pessoas continua a afetar milhões de pessoas em todo o mundo e exige cada vez mais o desenvolvimento e constante atualização de medidas eficazes ao seu combate e à proteção das suas vítimas." É esta a premissa que leva o Marriott International a juntar-se à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima numa campanha de sensibilização para prevenir o tráfico humano, no âmbito do Dia Mundial contra o Tráfico de Seres Humanos, que se assinala a 30 de julho.

"O tráfico humano é um crime desprezível que afeta todas as regiões do mundo. A Marriott International está comprometida a promover ações de sensibilização e mobilização para prevenir o abuso e a exploração de pessoas, especialmente de mulheres e crianças em risco", justifica Elmar Derkitsch, diretor-geral do Lisbon Marriott Hotel.

A ONU estima que nos últimos anos o número de pessoas traficadas dentro das fronteiras dos próprios países de origem mais que duplicou e as estatísticas de vítimas de tráfico transnacional mantêm-se extremamente elevadas, tornando-se fundamental que os governos adotem medidas, nomeadamente ​​​​​​​de proteção das vítimas. envolver todas as pessoas na deteção e denúncia das situações de exploração é um passo de extrema importância nesta luta.

Razão pela qual, de modo a sensibilizar e debater esta temática, a APAV e a AHP - Associação de Hotelaria de Portugal , com o apoio da Marriott International, promovem uma ação de sensibilização a ter lugar no Sheraton Lisboa SPA, no dia 28, quinta-feira, às 20h30. Dar a conhecer os sinais de tráfico de pessoas é uma das formas mais eficazes de o combater, ensinando a reconhecer traços e denunciar potenciais situações.

"Neste Dia Mundial contra o tráfico de pessoas, devemos nos unir em torno das questões fundamentais, que são a prevenção, a proteção e a denúncia para que possamos construir um futuro melhor", conclui Elmar Derkitsch.

16.7.20

Máscaras aos seis anos no recreio e salas ventiladas. As propostas de especialistas

Maria João Lopes, in Público on-line

Há, entre os especialistas em saúde, quem defenda que a máscara deve ser usada nas escolas por crianças a partir dos seis anos e não apenas dos 10, como definiu o Ministério.

Uso generalizado e obrigatório de máscaras, mesmo por crianças com menos de 10 anos, aulas por turnos com horários desencontrados, desinfectante e sabão à disposição, e ventilação adequada dos espaços. Estas são algumas estratégias avançadas por especialistas, numa altura em que se avolumam as preocupações com a reabertura das escolas em Setembro. Os investigadores e médicos ouvidos pelo PÚBLICO não estão de acordo em relação à eficácia ou à prioridade a dar a cada uma das medidas, mas num ponto, porém, parece haver consenso: ninguém sabe ao certo como vai correr este passo, no contexto da pandemia.

“Acho que podemos perfeitamente abrir as escolas. E vamos ver como corre, se correr mal, vamos ter de assumir outro tipo de medidas. Vamos indo e vendo, não sabemos se vai correr tudo bem, mas é fundamental abrir as escolas”, diz Paulo Santos, especialista em Medicina Geral e Familiar, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, investigador do Cintesis (Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde) e que tem trabalhado os dados de Portugal e dos outros países europeus sobre a covid-19 na plataforma online Metis, de educação para a saúde.

Abrir sim, mas com planeamento, medidas definidas e algumas até de carácter obrigatório, defende o médico para quem a mais importante de todas é o uso generalizado de máscara, mesmo por crianças a partir dos seis anos (o Governo situou nos 10 anos esta norma). “A grande medida deve ser a utilização das máscaras, na sala de aula e no recreio. É fundamental ensinar as crianças a usar máscaras, como usar e para que se usa. E é fundamental haver um regulamento a dizer que é obrigatório, ou enquadrado numa lei”, defende.

As crianças e os jovens devem saber que, ao fim de seis horas, ou se “estiver molhada”, é conveniente trocar de máscara, e que para “ser eficaz não deve ser manipulada”, ou seja, não se deve andar a mexer nela com as mãos. “Vai ter de ser [uso de máscara]. Nos infantários é muito mais complicado, mas a partir dos seis anos, sim. É preciso pensar em mecanismos de motivação das crianças”, diz.

Para este investigador, o uso generalizado de máscara “pode ser eficaz para atenuar a necessidade” de, por exemplo, se colocar as mesas a uma distância de um ou dois metros na sala de aula. Ainda assim, o ideal, acrescenta, é que sejam adoptadas também outras medidas como horários que cruzem aulas presenciais e online, de forma a diminuir a concentração de alunos nas escolas e o tempo que lá

14.4.20

Regresso à normalidade? Ministra diz que "vamos ter de nos adaptar” a uma nova realidade

Filipe d'Avillez, in RR

Marta Temido diz que vivemos "entre a incerteza e a esperança" e não se compromete com a ideia de manter o isolamento social dos idosos até ao final do ano, como sugere a presidente da Comissão Europeia. Portugal seguirá as melhores recomendações a cada momento, garante a ministra.

A ministra da Saúde, Marta Temido, deixou este domingo o alerta de que, mesmo no final da pandemia, “nada será como antes” e que os portugueses terão de se adaptar pelo menos até que se descubra uma vacina.

A afirmação foi feita em resposta a uma pergunta sobre um eventual “regresso à normalidade” já em maio e disse que está a ser ultimada uma norma sobre a utilização de meios de proteção na vida comunitária e social.


“O que sabemos neste momento é que as previsões que gostávamos de fazer relativamente ao futuro são caracterizadas por grande incerteza. É no equilíbrio entre a incerteza e a esperança que temos de nos mover. O que enfrentamos é novo e tem uma evolução ainda desconhecida. Temos de equilibrar o futuro que desejamos com a necessidade de adaptar a nossa vida ao contexto de cada momento”, começou por alertar Marta Temido.

A ministra referiu que no dia 15 de abril haverá uma nova reunião com cientistas, outros especialistas e representantes do mundo político, incluindo o Presidente da República, o primeiro-ministro, o presidente da Assembleia da República e representantes dos grupos parlamentares para tomar as decisões para o futuro, com base na ciência disponível.

“Temos de decidir com base na ciência, mas temos sido todos encaminhados para a necessidade de tomar decisões que não repousam só na certeza absoluta, com base em algum nível de risco.”

“Estamos a ultimar uma norma sobre a utilização de meios de proteção geral na vida comunitária e social, mas sabemos que essa vida social está entre parênteses, porque estamos em estado de emergência. A expetativa de retomar a normalidade vai ter sempre de ser temperada, até se descobrir a vacina, por medidas de proteção e restrição. Nada será como antes e teremos de nos saber adaptar. Tenho a certeza de que os portugueses têm a resiliência para isso”, concluiu Marta Temido.

Idosos em isolamento até ao final do ano?
A ministra não especificou se essa nova realidade incluirá o isolamento social dos idosos até ao final do ano.

Confrontada com essa hipótese, proposta pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a ministra não se comprometeu, dizendo apenas que Portugal seguirá as melhores recomendações para cada momento.

“Estamos longe de ter vencido esta pandemia, ainda nos espera muito trabalho e muita resistência. Se essa for a melhor recomendação claro que vamos segui-la”, disse.

Entretanto, garante, o Governo está a dar toda a atenção aos grupos de risco, entre os quais os idosos.

“Temos tido uma grande preocupação com os grupos mais vulneráveis”, disse, acrescentando que “há muito que pedimos o fim das visitas aos idosos, tanto os institucionalizados como os que estão em casa, optando por outras formas de contacto, utilizando os novos meios de tecnologia ou então apenas pela janela ou ao portão.”

Segundo os dados da DGS, entre as 12h de sábado e as 12h de domingo morreram em Portugal mais 34 pessoas, elevandoo total de mortos para 504 e confirmando a tendência de planalto que se tem verificado ao longo dos últimos dias.

17.3.20

Unidade de produção de máscaras no Porto arranca já amanhã

Adriana Castro, in JN

Para proteger os funcionários municipais que mantiverem contacto com o público, a Câmara do Porto e uma empresa local desenvolveram um projeto que arranca com a produção de máscaras de proteção já esta quarta-feira.

O material poderá também vir a ser distribuído pela autarquia à rede social, corporações de bombeiros voluntários e às empresas de transporte, como STCP.

A ideia surgiu quando um empresário de Campanhã, na cidade do Porto, contactou o gabinete do presidente da Câmara, disponibilizando-se para ajudar a cidade e elogiando o trabalho do município. De acordo com a autarquia, o homem parou a produção da sua fábrica, que se destinava sobretudo à indústria hoteleira e, com os seus 20 trabalhadores formou uma linha de produção de máscaras.

Apesar de ainda não se saber a quantidade de equipamento que poderá ser produzido, a Câmara calcula que será suficiente para alimentar as necessidades básicas dos seus funcionários e, ao mesmo tempo, ceder equipamentos a outras instituições. Até porque, explica a autarquia, a proximidade da fábrica do empresário de Campanhã ao local onde os materiais serão utilizados "encurta os tempos e custos de transporte e permitirá entregas diárias que possam satisfazer as necessidades do Município".

No entanto, está também em estudo a possibilidade de, através da linha de produção já montada, fabricar-se mais equipamento de proteção individual para os hospitais, caso escasseiem ou entrem em rotura.

De acordo com a página oficial da Câmara do Porto, esta alternativa afasta os preços especulativos "que já se praticam no mercado em materiais importados". "É também uma forma de manter uma unidade fabril da área do Porto em funcionamento e a economia a funcionar, substituindo importação por produção nacional", acrescenta.

15.2.18

Oito em cada dez crianças com cancro podem ser curadas se diagnóstico for precoce. Conheça os sinais de alarme

Nuno de Noronha, in SapoNotícias

Ter cancro é mais vezes um azar do que uma consequência do estilo de vida

Oito em cada dez crianças com cancro podem ser curadas se, aos primeiros sinais da doença, forem encaminhadas para os serviços médicos. O alerta da Acreditar - Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro, a propósito do Dia Internacional da Criança com Cancro, 15 de fevereiro.

Salomé Freitas, 20 anos, sobreviveu a uma leucemia, diagnosticada quando tinha 12 anos. Quando lhe disseram que tinha leucemia, Salomé temeu o pior: "Senti que a minha vida ia acabar ali, não tive grande esperança", contou. Depois do diagnóstico, seguiram-se dois anos de tratamento de quimioterapia e, associada ao tratamento, “vierem inúmeros efeitos secundários e doenças secundárias.
Houve um dia em que os médicos lhe disseram que estava curada: "Foi um processo gradual, fui-me sentindo melhor ao longo do tempo e a minha vida foi voltando à normalidade". "Quando me apercebi que estava tudo bem foi uma vitória", comentou Salomé, que se tornou há dois anos voluntária da Acreditar para ajudar crianças com cancro.

Em Portugal, surgem anualmente cerca de 350 novos casos de cancro infantil, um número que se tem mantido estável na última década. "Se o cancro for detetado a tempo, em cada dez crianças, oito podem ficar curadas e praticamente sem sequelas", realçou Margarida Cruz, diretora-geral da Associação Acreditar . "São números animadores e um sinal enorme de esperança para os pais, que ficam tão devastados quando veem um filho com cancro", frisou.

O cancro mais frequente nas crianças é a leucemia, que tem um prognóstico de cura "muito bom" quando é detetada a tempo. "Mais de 90 por cento das crianças ficam curadas e praticamente sem sequelas", frisou Margarida Cruz. Em Portugal, "o diagnóstico é feito, normalmente, com muita rapidez", mas é preciso sensibilizar os pais, a população e as autoridades para que estejam atentas.
"Procuramos chamar a atenção dos pais, sem alarme, para quando há determinados sinais, como dores de cabeça e nódoas negras recorrentes numa criança, recorrerem ao pediatra para que a doença seja detetada o mais rápido possível e a criança possa ser tratada", disse a responsável.

Quais são os sintomas de alarme do cancro pediátrico?
Os sintomas e sinais da doença variam em função do tipo de tumor. É importante que os pais estejam atentos às queixas das crianças (que são a pista mais importante para descobrir a doença), aos sinais a ela associados, ao período temporal desde a manifestação dos sintomas e à forma como eles afectam a vida normal da criança.
Muitos sinais e sintomas do cancro assemelham-se aos de doenças comuns na infância, motivo pelo qual se torna fundamental que os pais estejam vigilantes em relação às mudanças que surgem no corpo e no comportamento das crianças.

Dores ósseas ou musculares, tosse contínua, febre, palidez, dor de cabeça, vómitos, infecções constantes, emagrecimento sem causa, inchaços na face e no pescoço, aparecimento de nódulos no corpo, dificuldades de locomoção e desenvolvimento de massa palpável no abdómen são alguns sintomas que podem fazer suspeitar de doença oncológica.

Existem determinados sinais e sintomas que estão associados especificamente a alguns tipos de cancro, nomeadamente, febre recorrente acompanhada por dores nos ossos, facilidade em ter infeções, palidez e hemorragias podem fazer suspeitar de leucemia.

Manchas brancas nos olhos, estrabismo súbito, cegueira, abaulamento do globo ocular, febre inexplicável prolongada, perda súbita de peso, palidez, fadiga, sangramento fácil, ossos doridos, dores inexplicáveis nas articulações e costas, fraturas fáceis, mudança ou deterioração da caminhada, equilíbrio ou no discurso ou inchaço na região da cabeça são outros sintomas que devem levar os pais a procurar ajuda médica.
“Muitas vezes, os pais não procuram ajuda por desconhecimento dos sintomas ou receio, por isso é tão importante partilhar os sinais de alerta e as taxas de sucesso no caso de diagnóstico precoce”, sublinhou Margarida Cruz.

23.3.17

A prevenção de doenças da boca por quanto tempo mais será parente pobre da saúde?

César Mexia Almeida, in Público on-line

Hoje comemora-se o Dia Mundial da Saúde Oral. Em Portugal ,estes cuidados devem ser transferidos para as autarquias e assim aproximar a questão das famílias.

Houve, portanto, grandes progressos do lado do tratamento. Mas, no capítulo da prevenção da cárie há falhas graves e, sobretudo, desnecessárias, que resultam já não da carência de recursos humanos ou financeiros, pois há grande número de profissionais e se despendem milhões na SO, mas da falta de competência global no planeamento das diferentes vertentes da prevenção. Esta situação tem como causa principal o facto de a SO nunca ter tido como coordenador um profissional oriundo da área, isto é, higienista, médico-dentista ou estomatologista.

Aliás, já os há com formação pós-graduada adequada e/ou experiência de campo de aplicação de medidas de prevenção colectiva. É necessário alterar esta situação e seleccionar o coordenador da promoção da SO em concurso público, por um júri independente e competente, eventualmente da CRESAP, partindo de um caderno de encargos correctamente estruturado.

Depois é necessário, também, colocar no terreno um sistema de diagnóstico e prevenção coerente e aperfeiçoá-lo progressivamente. Deve acrescentar-se que as acções de prevenção da cárie têm uma grande eficácia quando correctamente aplicadas e podem poupar aos particulares e ao Estado milhões em tratamentos futuros. Repito: a prevenção da cárie se bem aplicada é muito eficaz e tem resultados muito bons com custo baixo.

A cárie resulta de uma alteração do equilíbrio entre desmineralização e remineralização, no sentido da desmineralização, a qual ocorre na interface do microambiente que existe entre a placa bacteriana e o esmalte dos dentes. Quando se verifica ingestão de hidratos de carbono fermentescíveis (açúcares e farináceos) os ácidos libertados desmineralizam o esmalte com aparecimento gradual de uma cavidade (cárie) no dente.

A sua prevenção tem de se iniciar muito cedo, pouco tempo depois da erupção da primeira dentição, com a escovagem, ainda que inicialmente elementar, executada duas vezes ao dia, com pasta de dentes fluoretada, pela mão cuidadosa e carinhosa dos pais ou de uma educadora. De facto esta escovagem com uma quantidade mínima de pasta de dentes, constitui uma dupla aplicação tópica de fluoreto a qual activa a fase de remineralização do esmalte de forma muito eficaz. Por isso é necessário que a criança interiorize a higiene oral como uma das tarefas diárias da higiene corporal e que o adulto e o sénior a mantenha para sempre o que, infelizmente, não acontece.

A escovagem dos dentes com pasta dentífrica é, portanto, o método central e fundamental da prevenção da cárie e também de outra doença da boca com grande prevalência, a periodontite. Aliás no momento em que se evidencia o crescimento da diabetes na população portuguesa deve salientar-se que a periodontite pode acelerar o seu aparecimento e agravar a sua evolução. Mas muitos pais não induzem a sua execução, em casa, nos seus filhos desde a mais tenra idade, porque a iliteracia na saúde ainda persiste em vastas camadas da população.

Daí que seja de enorme importância que em todas as creches e jardins de infância públicos e IPSS seja introduzida a escovagem dos dentes duas vezes ao dia, o que exige coordenação entre a Direcção Geral da Saúde (DGS) e as estruturas do Ministérios da Educação responsáveis pelas ditas creches e jardins de infância.

Nalguns casos pode ser necessário reforçar a escovagem dos dentes e aplicar outros fluoretos. Mas os selantes de fissuras preconizados como panaceia universal pela DGS não são seguramente o método mais indicado.

Os higienistas orais são um grupo profissional especialmente bem preparado para a promoção destas tarefas e devem complementá-las com a observação anual de todas as bocas de todas as crianças nas creches e jardins-de-infância e depois nas idades mais avançadas. Após este exame diagnóstico anual que é essencial podem mesmo fazer aplicações adicionais de fluoretos mas estas não devem ser senão um método complementar da escovagem dos dentes com pasta de dentes fluoretada. Os jovens em que são diagnosticadas cáries cavitadas devem, por sua vez, ser imediatamente encaminhados para tratamento, utilizando o cheque dentista.

O que não se pode é escolher três níveis etários (7, 9 e 13 anos) para aplicar selantes de fissuras em bocas de jovens que muitos deles não escovam os dentes, que vão continuar a não o fazer, para só naqueles níveis etários ser efectuada uma observação diagnóstica. Esta deve de facto iniciar-se entre os 12 e os 24 meses e ser efectuada anualmente. Porque a doença não está parada até aos 7 anos e depois não vai parar até aos 9 e novamente até aos 13. A desmineralização subjacente à cárie é um processo sempre potencialmente presente pelo que os jovens devem, repito, ser observados anualmente desde muito tenra idade.

Esta observação pode ser efectuada na própria sala de aula e poderá assim ser executada com muito baixos custos. Há recursos para aplicar indiscriminadamente e indevidamente uma medida cara e que exige um consultório dentário, e que só nalguns casos tem justificação, mas não há recursos para uma observação diagnóstica anual. Diagnóstico precoce e tratamento imediato são regras de ouro em toda a medicina e, evidentemente, também na medicina dentária.

A publicação anual dos dados epidemiológicos apurados relativamente aos diagnósticos e tratamentos efectuados, dos custos dos tratamentos, dos resultados de auditorias externas aos métodos de prevenção e tratamento, é outra medida. Também deve ser encarada, a curto prazo, a hipótese de transferência das valências da promoção da saúde oral para o âmbito da gestão pelas autarquias para concretizar a aproximação às famílias e ajudar à sua consciencialização relativamente à sua responsabilidade na SO dos seus filhos.

Estas algumas sugestões para que a nossa SO seja tratada com a diferenciação que merece. Não pode continuar a ser como um menor sem tutela responsável com o qual se fazem experiências que revelam falta de capacidade de gestão desta área da medicina.

Sobretudo, os portugueses não merecem as consequências. Para manter os dentes funcionais nos últimos anos de vida, é evidente que a prevenção das doenças orais em idades mais jovens é fundamental e que os indivíduos devem receber tratamentos preventivos e manter uma correcta higiene oral ao longo da vida.-

19.1.16

O antídoto para a overdose que salva vidas tem de chegar a mais países

in Diário de Notícias

Objetivo é que quem assiste a uma overdose possa atuar de imediato


Substância tem sido usada apenas em experiências-piloto, mas observatório europeu das drogas defende uso alargado

Dar às populações de risco um antídoto que pode salvar vidas em caso de overdose por drogas como a heroína é uma medida defendida pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA). Desta forma, pretende-se evitar entre 6 a 8 mil mortes por ano na Europa. O antídoto chama-se naloxona e já é distribuído em alguns países, mas apenas em experiências-piloto. Em Portugal, onde anualmente morrem 14 pessoas por overdose, apenas as equipas de emergência médica têm acesso a esta substância.

No relatório Prevenção de mortes por overdose de opiáceos com naloxona para utilização no domicílio, o observatório europeu analisa a necessidade de haver uma maior disponibilidade desta droga junto das populações de risco, bem como as vantagens de treinar essa população para administrar o medicamento. Outro problema que tem impedido a maior disponibilidade desta droga "é a validade das ampôlas, que é bastante curta", acrescenta João Goulão, presidente do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).

Até agora, a Europa tem apostado numa distribuição da naloxona a nível experimental em algumas cidades da Dinamarca, Alemanha, Estónia, Irlanda, Itália, Inglaterra e Noruega e a nível regional em Espanha (Catalunha) e no Reino Unido (Escócia e País de Gales). O antídoto, que reverte a paragem respiratória, é administrado a quem sofre uma overdose por pessoas que assistem ao episódio (familiares ou outros consumidores de droga), sem necessidade de aguardar pelas equipas de socorro.

Um dos entraves ao alargamento desta resposta de emergência é precisamente a capacidade que as testemunhas de overdose têm para administrar a naloxona, uma vez que esta apenas está disponível na versão injetável. Porém, vai começar a ser testada nos EUA uma versão inalável que promete facilitar a administração e melhorar a segurança de todos os envolvidos.

Ainda assim, o observatório chama a atenção para a necessidade de retirar os entraves legais que podem impedir esta ajuda. Nomeadamente a despenalização criminal para os consumidores que ajudem uma vítima de overdose. "Cada vida perdida por dia na Europa devido a a uma overdose de opiáceos vale todos os esforços para melhorar a prevenção e a resposta", defende o diretor do EMCDDA Alexis Goosdeel, lembrando que "capacitar quem assiste para responder com uma intervenção que salva vidas é um passo importante para diversificar e equilibrar a resposta europeia às drogas". O observatório sublinha ainda a necessidade de alargar a sua distribuição, já que atualmente chega a menos de um terço dos 28 Estados-membros.

Em Portugal, João Goulão, admite que o problema não é dramático, mas admite a possibilidade de tornar a naloxona acessível à população de risco, uma vez que "se há uma solução para salvar vidas é sempre positivo utilizá-la".

27.11.15

Apanhar a doença antes que ela nos apanhe a nós

in o Observador

Muitas vidas podem ser salvas se alguns problemas de saúde forem detetados a tempo. Não se trata de viver com a mania das doenças, mas apenas de visitar o médico anualmente e seguir os seus conselhos.

Diabetes, hipertensão arterial ou certos tipos de cancro são alguns dos problemas de saúde que podem ser facilmente diagnosticados com uma simples ida ao médico. Esta prática, que normalmente se designa por check-up, ajuda a detetar situações clínicas ainda numa fase inicial, melhorando as possibilidades de tratamento. Permite também que o médico dê orientações para que o doente desenvolva hábitos de vida saudável e previna o aparecimento de doenças evitáveis.

A avaliação regular do estado de saúde é importante, desde logo porque “nem sempre quando afirmamos que estamos bem de saúde isso é verdade”. Quem o diz é José Ramos Osório, especialista em Medicina Geral e Familiar e um dos médicos assistentes CUF no Hospital CUF Cascais. Nas suas palavras, “existem muitas patologias silenciosas que se manifestam apenas em situações agudas graves, ou muito evoluídas, por vezes até colocando em risco a vida”. Por isso, o clínico não tem dúvidas em recomendar: “Sem sermos hipocondríacos devemos dar alguma atenção ao nosso corpo e efetuar exames médicos de rotina.” Para tal, a articulação com o médico assistente é fundamental, já que em conjunto com este “deverão ser estabelecidos os exames auxiliares de diagnóstico necessários em cada etapa das nossas vidas e de acordo com o sexo, idade, antecedentes pessoais e familiares”. José Ramos Osório deixa claro que “não existem padrões preestabelecidos, mas antes devem ser ajustados individualmente”, o que é o mesmo que dizer que cada caso é um caso e a avaliação do estado de saúde é adaptada a cada pessoa.

Questionado sobre as principais situações de saúde que podem ser detetadas com este procedimento, o médico aponta as patologias que numa fase inicial não apresentam sintomas, dando como exemplo o cancro da mama ou cólon. Por passarem despercebidas inicialmente, “só um exame médico cuidado e complementado com exames auxiliares de diagnóstico escolhidos individualmente poderá levar a um diagnóstico atempado, ou seja, em tempo útil de tratamento”, esclarece.

Ao contrário do que muita gente pensa, a visita regular ao médico, mesmo quando tudo parece bem, deve ser feita por todas as pessoas sem exceção. “Todas as pessoas devem regularmente consultar o seu médico assistente e com ele desenhar um plano para a vida tendo em conta a idade, o sexo e os antecedentes familiares”, diz José Ramos Osório, salientando que “quem tem antecedentes pessoais ou familiares não deve descurar nem adiar etapas desse plano, que foi estabelecido pelo médico tendo em conta o seu historial”.

O que se faz num check-up?

A avaliação regular do estado de saúde é algo muito simples, sem implicar exames complicados nem intervenções muito invasivas. “O check-up deve começar sempre por uma consulta médica e nesta etapa serão definidos os exames auxiliares de diagnóstico mais adequados à pessoa em questão”, esclarece o especialista. Ainda assim, há exames considerados padrão e que devem ser efetuados por um adulto jovem, nomeadamente, análises sanguíneas que incluam a glicemia (açúcar no sangue), o perfil lipídico (colesterol e triglicerídeos), função hepática e renal, bem como o PSA nos homens com mais de 50 anos, para avaliar o risco de cancro da próstata.

De acordo com José Ramos Osório, regularmente também deve ser efetuado um eletrocardiograma, uma radiografia do tórax e, no caso das mulheres, mamografia e ecografia mamária bem como ecografia pélvica. Ainda assim, o clínico frisa que “os exames a efetuar devem ser determinados pelo médico, pois são auxiliares de diagnóstico e como tal devem ajudar o médico a tomar decisões”.

Também a periodicidade do check-up irá ser adequada a cada situação, “mas os exames apontados como padrão geral devem ser efetuados anualmente a partir dos 45 anos, embora existam pessoas que devido à carga familiar e genética terão que começar a fazer mais cedo”, realça o clínico do Hospital CUF Cascais.

E desengane-se quem evita a realização de exames por recear os eventuais efeitos negativos dos mesmos. Segundo o médico, “os níveis de radiação dos atuais equipamentos são muito baixos e pouco nocivos para a saúde”. Mas mesmo assim, reforça que “estes exames só devem ser efetuados se necessários e se ajudarem em alguma coisa o clínico no seu diagnóstico”.

Sinais de alerta

Em vez de apresentar uma lista de sinais de alerta a que devemos estar atentos, José Ramos Osório prefere chamar a atenção para a relação que todos devemos manter com o nosso corpo: “Todos sabemos as nossas capacidade físicas e conhecemos melhor que ninguém o nosso corpo.” Nesse sentido, “se as mulheres se habituarem a fazer a palpação mamária mensalmente serão as primeiras a detetar qualquer sinal de alerta”, diz, aconselhando nesse caso a contactar de imediato o médico. A este propósito, lembra que “as mulheres habituadas a fazer sistematicamente a palpação das mamas são as principais responsáveis pelo diagnóstico precoce deste tipo de cancro, sendo que mais de 40% dos nódulos mamários são detetados pela própria mulher”.

A terminar, o especialista deixa um conselho: “Decidam sempre com a ajuda do médico assistente a realização do tipo de exames a efetuar. Será sempre mais útil um exame feito à medida do que um padronizado. Além disso, parem um pouco, observem e escutem os sinais do vosso corpo. Na dúvida falem com o vosso médico.”