Maria João Lopes, in Público on-line
Há, entre os especialistas em saúde, quem defenda que a máscara deve ser usada nas escolas por crianças a partir dos seis anos e não apenas dos 10, como definiu o Ministério.
Uso generalizado e obrigatório de máscaras, mesmo por crianças com menos de 10 anos, aulas por turnos com horários desencontrados, desinfectante e sabão à disposição, e ventilação adequada dos espaços. Estas são algumas estratégias avançadas por especialistas, numa altura em que se avolumam as preocupações com a reabertura das escolas em Setembro. Os investigadores e médicos ouvidos pelo PÚBLICO não estão de acordo em relação à eficácia ou à prioridade a dar a cada uma das medidas, mas num ponto, porém, parece haver consenso: ninguém sabe ao certo como vai correr este passo, no contexto da pandemia.
“Acho que podemos perfeitamente abrir as escolas. E vamos ver como corre, se correr mal, vamos ter de assumir outro tipo de medidas. Vamos indo e vendo, não sabemos se vai correr tudo bem, mas é fundamental abrir as escolas”, diz Paulo Santos, especialista em Medicina Geral e Familiar, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, investigador do Cintesis (Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde) e que tem trabalhado os dados de Portugal e dos outros países europeus sobre a covid-19 na plataforma online Metis, de educação para a saúde.
Abrir sim, mas com planeamento, medidas definidas e algumas até de carácter obrigatório, defende o médico para quem a mais importante de todas é o uso generalizado de máscara, mesmo por crianças a partir dos seis anos (o Governo situou nos 10 anos esta norma). “A grande medida deve ser a utilização das máscaras, na sala de aula e no recreio. É fundamental ensinar as crianças a usar máscaras, como usar e para que se usa. E é fundamental haver um regulamento a dizer que é obrigatório, ou enquadrado numa lei”, defende.
As crianças e os jovens devem saber que, ao fim de seis horas, ou se “estiver molhada”, é conveniente trocar de máscara, e que para “ser eficaz não deve ser manipulada”, ou seja, não se deve andar a mexer nela com as mãos. “Vai ter de ser [uso de máscara]. Nos infantários é muito mais complicado, mas a partir dos seis anos, sim. É preciso pensar em mecanismos de motivação das crianças”, diz.
Para este investigador, o uso generalizado de máscara “pode ser eficaz para atenuar a necessidade” de, por exemplo, se colocar as mesas a uma distância de um ou dois metros na sala de aula. Ainda assim, o ideal, acrescenta, é que sejam adoptadas também outras medidas como horários que cruzem aulas presenciais e online, de forma a diminuir a concentração de alunos nas escolas e o tempo que lá