“Estes tempos alertam-nos para o facto de termos de refletir seriamente sobre as condições de vida e de participação dos mais velhos. Sobre o que é ser ‘mais velho’”, assinala a nota, enviada à Agência ECCLESIA.
O organismo de leigos católicos cita o Papa Francisco para falar de uma “cultura do descarte” dos mais idosos, particularmente visível na crise provocada pela Covid-19, nomeadamente naqueles que “estão ‘confinados’ em lares, impedidos, face aos riscos de contaminação, de receber visitas dos seus familiares”.
“Temos de pensar em alternativas e já há conhecimento de experiências bem interessantes que vão sendo postas em prática um pouco por todo o mundo. Soluções mais humanizadas de combate ao isolamento que, numa perspetiva intergeracional, permitem que jovens estudantes, a troco de alojamento, acompanhem os mais velhos que assim permanecem na sua casa”, assinala a CNJP.
Outras alternativas são a construção de unidades residenciais autónomas e soluções mais integradoras na vida ativa, “pela diversificação de postos de trabalho e de novas áreas e perfis funcionais, pelo desdobramento de horários de trabalho”.
Os mais velhos são muito diversos e as políticas públicas têm de o contemplar. Desde a garantia de um número suficiente de unidades de cuidados continuados e paliativos que garantam um final de vida digno para os mais velhos, a reformas/pensões suficientes e justas que permitam autonomia de vida, a modelos concretos organizativos que possibilitem a sua participação”.
A CNJP destaca que os mais velhos são as principais vítimas da Covid-19 e ficaram “ainda mais sós, portanto”.
“Os velhos não são para ‘deitar fora’ porque já não são úteis na denominada vida ativa. Os velhos ‘nascem dentro de si e no coração de Deus’. Os mandamentos alertam-nos para que devemos ‘honrar pai e mãe’, temos o dever de proteção”, aponta a nota.
Para o organismo católicos, os idoso não podem ser meros “utentes” de instituições, impedidos de “participar e contribuir para o bem-estar da sociedade a que pertencem”.
O documento recorre à mais recente classificação etária da OMS (Organização Mundial da Saúde), na qual se apresenta uma nova abordagem à 3ª idade, considerando a fase dos 66-79 como “meia idade” – os idosos são aqueles que se situam entre 80 e os 99 anos.
“A referida ‘meia idade’ é uma idade bem ativa e que, infelizmente, tem sido ignorada. Muitas pessoas desta idade continuam ativas nos diversos sectores da sociedade (que lhes são consentidos), nomeadamente em importantes atividades de voluntariado”, pode ler-se.
“É urgente pensarmos nesta ordem de questões e encontrar alternativas. Para que um dia o nosso coração culpabilizado não se sobressalte”, acrescenta a nota.
Portugal contabiliza 1717 mortes associadas à Covid-19 e 50 164 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
OC