Catarina Reis, DN
No ano passado, o desemprego entre os recém-diplomados do ensino superior público voltou a descer e situou-se nos 3,3%. Mas há dezenas de cursos que garantem emprego, maioritariamente nas áreas das ciências e tecnologias. Só a Universidade de Lisboa soma nove cursos desta lista e a de Coimbra cinco
É um novo recorde. Num ano, de 63 passaram para 68 as licenciaturas e mestrados integrados em instituições de ensino superior portuguesas cuja taxa de desemprego (de acordo com os desempregados registados no Instituto do Emprego e Formação Profissional) dos seus recém-diplomados é de 0%. Os dados, relativos a 2019, são divulgados esta sexta-feira pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior a três semanas do arranque do concurso nacional de acesso às universidades.
São as áreas de ciências e tecnologias que mais ocupam a lista destes cursos, com Engenharia Informática (oito cursos), Enfermagem (sete cursos) e Medicina (seis cursos) em grande destaque. Embora haja fugas à regra, como os cursos de Educação Básica, no Instituto Superior de Ciências Educativas (em Odivelas), uma instituição privada, e no Instituto Politécnico de Setúbal, pertencente ao ensino público. Também o curso de Português, na Universidade de Coimbra.
O número de licenciaturas e mestrados integrados que garantem emprego aos recém-diplomados cresceu no ensino privado, embora seja no ensino pública que se concentra a maioria. Enquanto em 2018, havia 16 cursos nas instituições privadas, em 2019 este número subiu para 29, contrastando, ainda assim, com os 39 cursos de instituições públicas (que em 2018 eram 47 desta lista). Grande parte dos cursos com desemprego zero, em 2019, eram licenciaturas (55) - sendo 13 mestrados integrados - e pertenciam a universidades (43) - contra as 24 em institutos politécnicos.
A taxa de desemprego corresponde ao rácio entre o número de recém-diplomados do curso que se encontram registados como desempregados e o número total de recém-diplomados do curso. Por recém-diplomado, esclarece a tutela, "entende-se um estudante diplomado do curso no período de referência 2014/15 - 2017/18" (ano letivo anterior à conclusão dos dados).
A nível nacional, a taxa de desemprego tem diminuído ao longo dos anos. No ano passado, apenas 3,3% dos jovens e adultos que terminaram a sua licenciatura no ensino superior público no ano transato estavam inscritos como desempregados no Instituto do Emprego e Formação Profissional. Ainda assim, a taxa diminuiu apenas 0,1% face a 2018 (3,4%), representando um abrandamento na tendência descendente deste número desde 2015, ano em que a taxa se situava nos 8,1%
Também relativamente ao ensino superior privado, a descida foi pouco significativa, passando de 4,1% para 3,9%, entre 2018 e 2019. Em 2015, por outro lado, o desemprego destes recém-diplomados situava-se nos 8,8%.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior atualiza, esta sexta-feira, toda a informação no portal InfoCursos, com "dados e estatísticas sobre cursos superiores, proporcionando mais informação e contribuindo para apoiar os estudantes nas escolhas de curso no ensino superior". Neste endereço, pode encontrar informação atualizada sobre 3800 cursos técnicos superiores profissionais (TeSP), licenciaturas, mestrados integrados e de mestrado 2.º ciclo de 109 instituições do país.
A primeira fase de candidaturas ao ensino superior arranca a 7 de agosto e decorrerá até ao dia 23 do mesmo mês. As colocações serão conhecidas a 28 de setembro. A segunda fase de acesso será de 28 de setembro a 9 de outubro, com os resultados divulgados a 15 de outubro. A terceira e última decorrerá entre 22 e 26 de outubro. Estas últimas colocações são comunicadas a 30 de outubro.
Menos abandono e mais alunos estrangeiros
Não só o número estudantes que ingressam no ensino superior tem aumentado, de forma geral, ao longo dos anos, como são cada vez menos aqueles que desistem dos seus cursos. Embora a percentagem de estudantes que já não se encontravam no sistema de ensino superior nacional um ano após iniciarem a sua licenciatura ficasse intacta entre 2017/18 e 2018/19, com 8,8%, e até tivesse aumentado 0,1% entre um ano e outro nos mestrados integrados (3,4%), diminuiu nos restantes ciclos de estudo.
Nos Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP), por exemplo, passou de 17,4% para 17%. O valor mais alto de abandono foi registado em 2015/16 (ano com dados mais antigos), em que esta percentagem se sitoou nos 28,4%. Já nos mestrados de 2.º ciclo, a queda, pouco significativa, foi de 16,8% para 16,4%, embora já tenha atingido quase os 20% em 2014/15.