31.7.20

Economia portuguesa com contracção recorde de 14,1% no segundo trimestre

Sérgio Aníbal, in Público on-line

O INE confirma queda acentuada do PIB durante os meses de Abril, Maio e Junho, aqueles em que as medidas de confinamento foram mais apertadas. Redução da actividade económica foi a mais brusca desde pelo menos 1977.

O choque provocado pela pandemia trouxe um novo recorde negativo para a economia. O PIB português registou, durante o segundo trimestre deste ano, uma contracção face ao trimestre imediatamente anterior de 14,1%, a maior de que há registo. Quando a comparação é feita com o mesmo trimestre do ano anterior, a diminuição do PIB foi de 16,5%, também um novo máximo.

O anúncio foi feito esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) na sua estimativa rápida da evolução das contas nacionais durante o período de Abril a Junho deste ano. Os dados confirmam o impacto severo que a pandemia do novo coronavírus e as medidas de confinamento aplicadas para a combater tiveram na economia portuguesa durante esse período.

Tanto a variação em cadeia de -14,1% registada no PIB como a variação homóloga de -16,5% são, de longe, os valores mais baixos de que há registo nas séries históricas do PIB trimestral publicadas pelo INE e pelo Banco de Portugal que vão até ao ano de 1977.

No primeiro trimestre do ano, apesar da aplicação de medidas de confinamento apenas ter começado a partir de meados de Março, a variação negativa do PIB já tinha sido de 3,8% face ao trimestre anterior (o que constituiu logo um novo recorde histórico) e de 2,3% face ao período homólogo.

O resultado agora registado no segundo trimestre está em linha com aquilo que era previsto pela Comissão Europeia. Quando anunciou as suas previsões de Verão, que incluíam uma variação anual do PIB português em 2020 de -9,8%, a Comissão Europeia apontou precisamente para uma contracção em cadeia da economia nacional durante o segundo trimestre de 14,1%.

O Governo não fez projecções para o PIB trimestral, mas a sua previsão de queda da economia para o total do ano é consideravelmente mais optimista que o da Comissão Europeia: 6,9%. E pode, com o número agora anunciado pelo INE, ficar ainda mais em causa.