Fundo de Inovação Social tem 82 milhões de euros para apoiar projectos que tragam respostas inovadoras a projectos sociais. Já há três projectos financiados através do FIS Capital. Hoje é lançado o FIS Crédito
O Fundo de Inovação Social, um instrumento que agrega 82 milhões provenientes dos fundos comunitários para dar músculo financeiro a projectos de empreendedorismo social, vai ter a partir de hoje também uma linha de crédito garantida e bonificada que vai permitir aos empreendedores aceder a condições vantajosas de crédito junto das 12 entidades bancárias e quatro sociedades de garantia mútua, que hoje assinam com os representantes do Governo os termos dessa contratualização.
Para além do FIS Capital, que prevê a entrada no capital das empresas como co-investidores com os privados, os empresários que prefiram contrair empréstimos para avançar com os investimentos sem partilhar a titularidade do capital das empresas poderão recorrer à linha FIS Crédito que vai ser contratualizada esta segunda-feira com 12 entidades bancárias e quatro sociedades de garantia mútua.
José Gomes Mendes, secretário de Estado do Planeamento, que tutela a iniciativa Portugal Inovação Social, lembrou, em declarações ao PÚBLICO, que a criação do FIS “pretendeu dar resposta a uma falha parcial do mercado, que colocava dificuldades aos empresários a aceder a financiamento para investir em áreas da chamada economia social”.
Depois da linha FIS Capital, que já tem três projectos contratualizados, e que totalizam um investimento de 2,5 milhões de euros, arranca agora o FIS Crédito, que também tem como limite dos valores bonificados ou garantidos o limite de 2,5 milhões de euros por projecto.
“A garantia pode ser dada até 80% do investimento total. Estes créditos têm uma maturidade até dez anos, a bonificação dos juros pode ser total (com um cap limite de 2% indexante, 3,75% no spread) e podem ter um prazo de carência até três anos. Acreditamos que com estas características estamos a baixar as barreiras que muitas vezes os empresários encontram junto da banca”, afirmou José Mendes.
A entidade que vai fazer a gestão destes projectos – e, junto dos promotores interessados, averiguar qual é a melhor linha de apoio que serve os seus interesses, se o FIS Crédito, se o FIS Capital – é a PME Investimentos. Mas para que os projectos cheguem ao pipeline desta estrutura precisam de garantir antes, junto da Estrutura de Missão do Portugal Inovação Social (EMPIS), uma avaliação do projecto que a certifique como uma Iniciativa de Inovação e Empreendedorismo Social.
Isto é, que demonstre estar alinhado pelo menos com um os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável definido pelas Nações Unidas, ou, como sintetiza José Gomes Mendes “que faça uma transformação social positiva e duradoura, dando uma resposta inovadora a um problema social”. “No fim de tudo, estão sempre as pessoas. O nosso objectivo é que o ecossistema em economia social comece a ganhar alguma escala em Portugal. Na verdade ele é incipiente em quase todas as geografias”, argumenta.
De acordo com o Governo, já foram apresentados ao FIS mais de 70 projectos, mas por enquanto apenas 16 já garantiram o certificado do EMPIS, que as habilita a submeter as candidaturas ao FIS Capital, correspondentes a um valor potencial de investimento que ronda os 16 milhões de euros, dos quais 9,45 milhões de euros em co-investimento FIS, prevendo-se o apoio a mais de 300 postos de trabalho.
Dos 16 projectos em avaliação, há três que já foram contratualizados, tendo o FIS Capital co-investido 1,46 milhões de euros em empresas, de um valor total das rondas de 2,53 milhões de euros, em parceria com investidores portugueses, americanos, ingleses e suecos.
Um desses projectos é a Lota Digital, um e-marketplace que permite a rastreabilidade do pescado e a sua comercialização, desde o barco em alto mar até ao consumidor final.
“A nossa preocupação aqui é intervir na cadeia de valor, permitindo que os pescadores sejam melhor remunerados uma vez que são eliminados intermediários da cadeia”, explica o secretário de Estado, revelando entusiasmo com a tecnologia desenvolvida por jovens portugueses e que já está em processo de internacionalização. O co-investimento do FIS Capital foi de 350 mil euros.
Outro projecto financiado pelo FIS Capital foi o Agroop, uma solução tecnológica que permite aos produtores agrícolas de pequena e média dimensão monitorizar as suas culturas, possibilitando uma utilização mais eficiente dos recursos hídricos e uma prevenção activa de factores de risco, nomeadamente pragas, doenças e outros fungos e consequentemente melhorar a produtividade e eficiência das culturas.
“Este projecto já esta a ser usado no olival da Herdade da Chaminé, em Ferreira do Alentejo, e é impressionante a forma como através de hardware e software é possível aferir a taxa de humidade dos solos e perceber quando é necessário regar”, explica José Mendes, dizendo que o FIS Capital não foi o único a ficar convencido com a potencialidade desta tecnologia.
A candidatura ao FIS Capital foi apresentada por três investidores individuais sediados na Suécia, no Reino Unido e em Portugal, e a ronda total de investimento ascendeu a cerca de 882 mil euros, dos quais 409 mil euros do FIS, 273 mil euros dos co-investidores e 200 mil euros da plataforma de crowdfunding Seedrs, que tem sido um investidor essencial para a empresa.