27.10.07

Cuidados continuados: Governo admite atrasos

Andrea Cunha Freitas, in Jornal Público

O Ministério da Saúde encomendou um "estudo de satisfação" para avaliação do primeiro ano da rede de cuidados continuados e integrados. Os resultados do inquérito que vai abranger doentes e profissionais de saúde deverão ser revelados antes do final deste ano. Ontem, no Porto, Inês Guerreiro, coordenadora da Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados, lembrou que, até ao final do ano, deverão ser criadas mais 2700 camas no âmbito da criação da rede nacional, mas a especialista deixou antever algumas dificuldades e possíveis atrasos no cumprimento das metas. "Temos duas mil camas montadas no país em cerca de cem unidades", notou, sublinhando que "os cuidados continuados não são apenas camas". Porém, sobre as cinco mil novas camas que foram definidas em metas para cumprir em 2008 Inês Guerreiro admitiu: "Não sei se lá chegaremos. Até ao final do ano estão previstas 2700." "Nos cuidados continuados, não há uma única resposta, há um puzzle que estamos a montar com segurança, com boas práticas e isso significa que nos podemos atrasar no caminho", admitiu.

Sobre a forte presença das Misericórdias e privados na rede a especialista defendeu que também o SNS tem de se preparar bem para participar mais. "O SNS é a garantia da cobertura de toda a população em qualquer momento", disse. "Tudo isto é uma grande reforma e, se calhar, demasiado grande para se fazer neste tão curto espaço de tempo", observou.

Quanto às notícias do risco de fecho da primeira unidade de cuidados continuados do país, a responsável assegurou que a equipa de Odivelas não enfrenta "nenhum perigo", mas um "desequilíbrio no tempo, numa crise que afecta todos os profissionais de saúde que estão a ser alvo de um enquadramento da nova legislação sobre os contratos de trabalho". "O da equipa de Odivelas continua a ser de referência e merece ser mantido. Temos de replicar uma equipa que foi a única durante dez anos a dar este tipo de resposta", acrescentou, adiantando que o exemplo deve ser seguido "não só no domicílio, mas sobretudo dentro dos hospitais, onde as pessoas cada vez morrem mais".