28.10.07

Notáveis pedem reactivação do programa "Porto Feliz"

in Jornal de Notícias

"Porto Feliz" visava "recuperação" de arrumadores de automóveis


Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, o advogado Miguel Veiga, o bancário Artur Santos Silva, Albino Aroso, antigo secretário de Estado da Saúde, os empresários Américo Amorim, Ludgero Marques e Belmiro de Azevedo e o ex-ministro da Saúde Paulo Mendo são algumas das 15 personalidades que subscrevem uma carta aberta dirigida ao primeiro-ministro, José Sócrates, e ao ministro da Saúde, Correia de Campos, pedindo a reactivação do programa "Porto Feliz", suspenso pelo Instituto da Droga e Toxicodependência no Verão passado.

Os signatários pedem àqueles governantes que "assumam a responsabilidade política pela solução desta questão, mantendo em vigor o protocolo de colaboração com a Câmara do Porto".

"O Porto não pode aceitar esta atitude absurda e conservadora de desactivar o que está bem para insistir no que comprovadamente está mal", frisam os autores da carta, apelando a que "deixem o Porto trilhar os caminhos da liberdade como sempre soube fazer".

"Essencialmente, a carta aberta pretende chamar a atenção de quem manda para o que se está a passar" refere, ao "Jornal de Notícias", Rui Moreira.

O interlocutor do JN assegura que a missiva não faz parte de uma "estratégia montada". "É uma iniciativa que vale a pena. Se não se obtiver resposta, poderá, ou não, haver outra....", salvaguarda.

O presidente da Associação Comercial do Porto não duvida de que "o Programa Porto Feliz tem algum mérito e de que teve efeitos na cidade".

Aliás, Rui Moreira considera mesmo que "o Programa Porto Feliz obteve melhores resultados do que algumas iniciativas do Instituto da Droga e Toxicodependência". Por outro lado, salienta que "os eleitores é que devem julgar se o programa representou uma mais-valia ou não". E acrescenta "Faz-me muita impressão ser um tecnocrata ou um burocrata qualquer a definir o fim do programa". "A ser assim", diz, "é o próprio sistema democrático que está em risco".

Amândio de Azevedo, Couto dos Santos, Arnaldo de Pinho, Daniel Serrão, Eurico Figueiredo, Joaquim Azevedo e Valente de Oliveira são os outros subscritores da carta aberta.


O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, anunciou, em Julho passado, o fim do Programa Porto Feliz, acusando o PS e o Governo de "matar" um projecto de combate à toxicodependência de "reconhecido sucesso". "O PS sempre combateu o Porto Feliz. Não aceitava o êxito do programa. Fez sempre guerra ao Porto Feliz", disse Rui Rio, acusando o Ministério da Saúde de "teimosia" ao longo de um ano de negociações.

O autarca explicou que o protocolo que regia o Porto Feliz foi denunciado pelo Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT) em Julho de 2006, com efeitos a partir de 15 de Novembro, tendo desde então decorrido negociações que levaram a autarquia a abandonar o projecto.

Dias depois, o presidente do IDT, João Goulão, referiu que "o impacto da toxicodependência na vida das pessoas diminuiu muitíssimo substancialmente".