19.6.14

Empresas obrigam mulheres a prometer não engravidar

por Dinheiro Vivo

A denúncia partiu de Joaquim Azevedo, o homem escolhido por Passos Coelho para liderar um grupo de trabalho sobre a natalidade

Existem empresas portuguesas que estão a obrigar as suas trabalhadoras a comprometerem-se a não engravidar durante vários anos. A denúncia partiu de Joaquim Azevedo, o homem escolhido por Passos Coelho para liderar um grupo de trabalho para, primeiro, travar a queda e, depois, aumentar a natalidade em Portugal.

O professor da Universidade Católica denunciou que em Portugal existem empresas que obrigam "as mulheres a assinar declarações" para não engravidarem "nos próximos cinco ou seis anos".

Nos microfones da Antena 1, Joaquim Azevedo avançou que tem conhecimento de "casos concretos" que estão atualmente a acontecer em Portugal.

"O que era importante era que o país assumisse esse compromisso e que ninguém tirasse o pé do acelerador durante 20 anos", afirmou durante a entrevista.

Devido a esta situação, o antigo secretário de Estado de Cavaco Silva considera que também é "preciso criar condições aos empresários" para ajudar a combater a quebra na natalidade.

As previsões são desoladoras. O INE divulgou recentemente estimativas a avisar que Portugal pode chegar a 2060 com apenas 6,3 milhões de habitantes, menos quatro milhões que atualmente.

"As projeções do INE não são invenções. Estão a criar um país que não vai ter a mínima sustentabilidade. Dentro de 40 ou 50 anos não tem sustentabilidade", apontou.

"Nem sei se isto é vendável nessa altura como país.Nem é preciso piorarmos nenhum indicador basta continuar como temos agido até hoje", apontou.

Os números mais recentes também são reveladores da gravidade da situação. Desde a chegada da troika em 2011 que nasceram menos 13 mil bebés em Portugal.

Se nada for feito, a situação promete agravar-se nas próximas décadas, alerta Joaquim Azevedo. "Nem sei se Portugal é vendável nessa altura [2060] como país.Nem é preciso piorarmos nenhum indicador basta continuar como temos agido até hoje".

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