Da France Presse
Encontro de países em desenvolvimento terminou neste domingo (15).
Erradicar a fome e pobreza deve ser prioridade mundial, segundo o grupo.
Países em desenvolvimento reunidos na cúpula G77+China, que chegou ao fim neste domingo (15) na Bolívia, traçaram um novo caminho para uma ordem mundial mais justa e pedem que a ONU mantenha como prioridade mundial a meta de erradicar a fome e pobreza para 2030.
"A erradicação da pobreza é o maior problema que afronta o mundo e uma condição indispensável do desenvolvimento sustentável", diz a declaração, que teve seu resumo lido na sessão plenária do G77 pelo embaixador boliviano na ONU, Sacha Llorenty, no segundo dia da cúpula em Santa Cruz.
"Estamos fortemente convencidos de que a agenda para o desenvolvimento 2015 deve reforçar o compromisso da comunidade internacional de erradicar a pobreza para o ano de 2030", defendeu a declaração previamente consensualizada em Nova York pelo maior bloco da ONU.
"Ressaltamos que a erradicação da pobreza deve continuar sendo o objetivo central e condutor da agenda para o desenvolvimento depois de 2015", enfatizou Llorenty.
A declaração do G77 foi debatida em Nova York durante "mais de 90 horas de negociação em aproximadamente 30 sessões de trabalho, e expressa a vontade dos 133 países-membros do grupo e da China", pontuou o funcionário boliviano.
O documento também faz referência a diversos temas, como as estratégias sobre desenvolvimento sustentável, a melhoria das práticas da democracia e a soberania nacional sobre os recursos naturais.
Acrescenta que "o problema da desigualdade é mais grave do que nunca devido à prevalência da riqueza extrema enquanto se continua padecendo de fome e pobreza".
"A pobreza é uma afronta à dignidade humana, e destacamos que a erradicação da pobreza é o maior problema que afronta o mundo na atualidade", afirma a declaração final.
Após o presidente boliviano Evo Morales ter defendido, neste sábado (14), a eliminação do Conselho de Segurança da ONU, a declaração da cúpula se limita a fazer "um chamado à uma reforma 'mater' do Conselho de Segurança".
O presidente do Uruguai, José Mujica, e a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, defenderam no plenário a necessidade de criar maior igualdade no sistema internacional.
"Uma nova ordem mundial para viver melhor tem de abordar um novo sistema para todos os países", disse Cristina, argumentando que um sistema unilateral não é adequado para a segurança global, como demonstra o ressurgimento da crise no Iraque.
A cúpula declarou também que "as crises da dívida costumam ser custosas e perturbadoras" e denunciou que os fundos "abutres" constituem "um perigo para todos os processos futuros de reestruturação da dívida".
Além disso, a extensa declaração faz alusão ao impacto das mudanças climáticas como "um dos mais graves problemas mundiais".
O encontro internacional celebra os 50 anos de criação do bloco que hoje conta com 133 nações em desenvolvimento e que, em 1964, era formado por 77 países que buscavam um maior equilíbrio Norte-Sul.
Além das nações latino-americanas, boa parte dos membros do G77 é de países africanos que vivem o drama da fome e da extrema pobreza.
"Temos de deixar as diferenças de lado, buscar a unidade e a cooperação que são o único caminho para nos desenvolvermos", disse o vice-presidente da Assembleia Popular da China (Legislativo), Chen Zhu, que representou o país na ausência do presidente Xi Jinping.
- Ausências de Dilma e Bachelet - Estiveram ausentes da cúpula a presidente Dilma Rousseff e a mandatária chilena, Michelle Bachelet, cujo governo atualmente mantém relações tensas com a Bolívia por uma disputa marítima que La Paz levou à Corte de Haia. Juan Manuel Santos também não compareceu ao encontro, já que tenta neste domingo a reeleição no segundo turno das eleições presidenciais da Colômbia.