por Nuno Carregueiro, in Negócios on-line
As projecções do Banco de Portugal apontam para uma "redução gradual da taxa de desemprego" até 2016 e uma "aceleração moderada dos salários do sector privado". Já a evolução dos preços deverá estagnar.
O Banco de Portugal conta com uma melhoria no mercado de trabalho em Portugal este ano, através da criação de emprego e subida de salários. Isto no sector privado, pois no público continuará a haver destruição de emprego.
As projecções do Banco de Portugal apontam para que o emprego aumente 0,7% este ano. Tendo em conta que segundo o INE existiam 4,513 milhões de pessoas empregadas em Portugal em 2013, as estimativas do Banco de Portugal apontam para que este ano sejam criados cerce de 32 mil empregos.
A confirmar-se esta estimativa, 2014 marcará a inversão da tendência de forte destruição de emprego em Portugal nos últimos anos. O Banco de Portugal destaca que esta inversão deve-se ao sector privado, onde o emprego deve crescer 1,3% este ano, já que no sector público o emprego deverá continuar em queda, embora menor que a verificada em 2013.
Tendo em conta esta projecção, o Banco de Portugal antecipa "a continuação da redução gradual da taxa de desemprego ao longo do horizonte de projecção", ou seja, até 2016. Os últimos dados do Eurostat, referentes a Março, mostram que a taxa de desemprego em Portugal atingiu um mínimo de 27 meses nos 14,6%.
O Banco de Portugal antecipa que em 2015 e 2016 o emprego no sector privado continue a recuperar "a um ritmo inferior ao da actividade económica, determinando um aumento da produtividade aparente do trabalho no sector privado de cerca de 1% em termos médios anuais". O banco central estima que o PIB cresça 1,5% em 2015 e 1,7% em 2016. Quanto ao emprego público, deve voltar a diminuir em 2015 e estabilizar em 2016.
Aceleração moderada dos salários do sector privado
No Boletim Económico de Junho, hoje publicado, além da melhoria no mercado de trabalho, o Banco de Portugal antecipa "uma aceleração moderada dos salários do sector privado".
Esta evolução contribuirá para "um aumento relativamente reduzido dos respectivos custos unitários do trabalho", escreve o banco central, que antecipa uma estagnação os preços em Portugal este ano.
"Após a pronunciada desaceleração dos preços observada em 2013 que reflectiu, em grande medida, a dissipação do impacto das medidas de consolidação orçamental implementadas em 2012, nomeadamente o aumento da tributação indirecta e dos preços de alguns bens e serviços sujeitos a regulação, projecta-se uma relativa estabilização da inflação em 2014", refere o Banco de Portugal. Para este ano o banco central antecipa uma inflação de 0,2%, abaixo dos 0,4% em 2013.
"Num quadro de baixa inflação, a referida evolução dos custos unitários do trabalho no sector privado, aliada a um crescimento diminuto do deflator das importações excluindo bens energéticos, traduz-se em variações pouco expressivas das margens de lucro unitárias das empresas ao longo do horizonte de projecção", acrescenta.