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31.7.20

Mais 500 milhões de pobres. Países em desenvolvimento enfrentam “tempestade perfeita”

Pedro Mesquita , com redação, in RR

Diretor-geral de Desenvolvimento e Cooperação da OCDE considera que os países ricos têm a obrigação ética e moral de ajudar as nações em vias de desenvolvimento a evitar uma catástrofe com ondas de choque à escala do planeta. "Este é o momento da verdade", alerta.

Os países em vias de desenvolvimento enfrentam uma “tempestade quase perfeita”, por causa da pandemia de Covid-19, e o mundo pode chegar ao fim do ano com mais 500 milhões de pobres. O alerta é deixado em entrevista à Renascença por Jorge Moreira da Silva, diretor-geral de Desenvolvimento e Cooperação da OCDE.

“Estamos perante um risco muito sério da pobreza à escala global. Estamos perante a circunstância de, até ao final do ano, temos 500 milhões de novos pobres, dos quais 130 milhões em situação de pobreza extrema”, afirma o antigo ministro do Ambiente.

É a primeira vez em mais de três décadas em que o mundo enfrenta “um aumento da pobreza” e os países em vias de desenvolvimento “estão num contexto de uma tempestade quase perfeita”.

Jorge Moreira da Silva explica que, por um lado, estas nações mais pobres estão a receber menos investimento e ajudas dos países mais ricos por causa da crise mundial e, por outro, arrecadam menos receitas devido à descida do preço das matérias-primas, como o petróleo.

“Estes países estão perante a iminência de uma quebra de 700 mil milhões de dólares em fluxos financeiros, este ano, muito em função da quebra de investimento direto estrangeiro, do turismo, da quebra do comércio externo”, sustenta.

O diretor-geral de Desenvolvimento e Cooperação da OCDE recorda que o mundo é feito de interdependências e que, na altura da crise financeira de 2009, foi importante para as empresas portuguesas exportar para os países em vias de desenvolvimento.

“Não haverá crescimento a nível global, incluindo em Portugal e na OCDE, se não houver crescimento também nos países em vias de desenvolvimento”, sublinha Jorge Moreira da Silva.

Apoiar os países em vias de desenvolvimento é fundamental, por razões éticas e morais, defende o responsável, mas também por interesse dos países do Norte.

“Se não houver um apoio a estes países a pandemia não será debelada, mas também precisamos de os apoiar na recuperação da crise, porque é do nosso próprio interesse”, argumenta o responsável da OCDE, que fala “num momento da verdade”.

“Todos nos recordamos, há algumas décadas, do Live Aid, de várias iniciativas quando alguns países africanos estavam a passar por uma crise alimentar e de pobreza muito grande. Isto agora não é num país, não é num continente. É à escala global. Espero que os países da OCDE possam desenvolver iniciativas muito rápidas de apoio aos países em vias de desenvolvimento, nomeadamente o perdão da dívida”, defende Jorge Moreira da Silva.

Nesta entrevista à Renascença, o diretor-geral de Desenvolvimento e Cooperação da OCDE deixa um número paradigmático da situação atual de divisão: “nas últimas semanas, os países mais ricos arranjaram maneira de mobilizar 11 biliões de dólares de pacotes financeiros para estímulo às suas economias, a ajuda pública ao desenvolvimento é de 70 vezes menos”.

4.6.20

Refugiados. “Falta a bússola da solidariedade à Europa”

Marta Grosso, in RR

Catarina Furtado esteve nas Três da Manhã para falar da nova edição da série “Príncipes do Nada”. A apresentadora esteve na Colômbia, no Uganda, na Grécia e não esquece nem o que viu nem, sobretudo, o que ouviu.

“A maior parte das pessoas tinha uma vida nos seus países que, de um momento para o outro, foi completamente arrancada”, diz Catarina Furtado na Renascença. “Neste momento, temos, no mundo inteiro, 270 milhões de migrantes que andam de um lado para o outro, acrescenta.

Entre refugiados, migrantes e deslocados, os números impressionam. E depois dos números vêm as idades destas pessoas – “há pessoas com 80 anos e há bebés acabados de nascer em condições miseráveis, indignas, muitos dos quais acabam por não sobreviver” – e as histórias.

Catarina Furtado diz ter dificuldade em escolher uma. “Faço entrevistas de três horas e acabo por saber muito sobre a vida destas pessoas. Muito do que dizem passa também olhares. Homens que não estão habituados a falar sentem-se humilhados quando contam que viram os filhos serem atirados às chamas”.

“Na Colômbia, entrevistei centenas de deslocados internos forçados, as pessoas que foram vítimas de guerrilhas. Entrevistei mães cujas filhas, da idade das minhas, foram levadas e violadas consecutivamente”, revela ainda.
Além de “insónias para sempre”, a também embaixadora da Boa Vontade da ONU diz que estas histórias “não causam pena, mas raiva e indignação”. E é por isso não hesita em “apontar o dedo à Europa”.

“A tal bússola da solidariedade está a faltar à Europa”, critica. É para colmatar um pouco esta lacuna e a falta de interesse mediático e político no tema que Catarina Furtado faz este tipo de voluntariado, que transforma em programa de televisão.

“Traz-me paz, porque sei que estou a fazer algo pelas pessoas que conheci. Não houve ninguém que me contasse uma história sem uma réstia de esperança de que eu a contasse também”, diz a apresentadora. É uma espécie de “compromisso e de esperança” de que aquelas histórias, aquela exposição que fizeram de si mesmos, sejam divulgadas.

“Está certo contar estas histórias sem pôr sempre o foco na vítima, mas no contexto. E apontar o dedo, apontar o dedo à Europa. Sou uma espécie de cúmplice destas pessoas que têm voz, mas que não conseguem fazê-la ouvir”, destaca.

“A dor, quando é exposta causa indignação”, acrescenta Catarina Furtado a poucos dias de mais uma temporada do programa “Príncipes do Nada” (na RTP).

​EUROPA PARA PARA QUE TE QUERO
Refugiados: um drama à margem da Covid-19
É uma das piores crises humanitárias da atualidade(...)

“Eu fui à Grécia, ao Líbano, ao Bangladesh, ao Uganda, à Colômbia e o que vi foram pessoas desesperadas por encontrar um pedaço de paz e a quererem nada mais do que comer, pôr os filhos na escola e ter acesso a cuidados de saúde”, resume.

As imagens e as conversas foram gravadas antes da pandemia de Covid-19. Catarina diz que continua a falar com vários refugiados e que, pelo menos na Grécia, as coisas parecem controladas, uma vez que as pessoas estão em ilhas.

Nesta quarta-feira, entrevistada no programa As Três da Manhã, a apresentadora elogia ainda os voluntários portugueses que se encontram nos campos de refugiados e aqueles que contribuíram para que uma organização não-governamental médica pudesse atuar na Grécia, para prevenir e controlar a chegada do novo coronavírus.

Antes, durante o estado de emergência que obrigou ao confinamento de todos, Catarina Furtado falou com Ana Galvão, no espaço diário que a locutora da Renascença tinha no Instagram, No Ar com Ana Galvão. Reveja toda a conversa.

1.4.20

Sem-abrigo entre os mais vulneráveis à covid-19

De Euronews

Há menos contacto, mais distância, cada vez menos pessoas nos dão dinheiro

Durante uma pandemia, existir pode ser uma dificuldade acrescida. Taofik vive há 12 anos na rua. O amigo, Laurent, há 10. Hoje fazem parte de uma das comunidades mais vulneráveis à covid-19.

Para que pessoas como eles não sejam esquecidas, a Cruz Vermelha francesa está a redesenhar as operações no terreno.

Nos subúrbios de Paris, a organização leva comida comida aos sem-abrigo e realiza exames médicos.

Maxime, voluntário, é pouco. "A vida não é fácil para eles. Não podemos fazer muito, mas sempre é alguma coisa".

Por aqui, a maioria das pessoas tem consciência do que é a covid-19 e de como pode ser uma presa fácil para a doença. Rafik também. Questionado sobre se tem medo de ser infetado, responde assertivo: "Como toda a gente, mas não temos escolha".

Procurando atenuar os efeitos da atual crise, a Cruz Vermelha está a reunir o maior número de pessoas para dar resposta às exigências da população.

"Para evitar que, além de uma emergência de saúde pública, tenhamos uma crise humanitária, a Cruz Vermelha está em todas as frentes, a mobilizar todos os voluntários e assistentes sociais, em todo o território", revela o diretor-geral da organização, Jean-Christophe Combe.

Uma das missões dos voluntários é atender o telefone.

A um departamento chegam chamadas de pessoas em toda a França que precisam que lhes entreguem medicamentos ou comida, ou simplesmente de alguém com quem falar. Na primeira semana de operações foram registadas 31 mil telefonemas.

Simon Cahen, diretor-adjunto do departamento de voluntários da Cruz Vermelha francesa, conta que o serviço visa sobretudo intervir junto de quem vive "em absoluto isolamento social", ou seja, "aqueles que não têm família, nem vizinhos, que são mais vulneráveis em relação à epidemia, porque estão acima dos 70 anos, ou têm doenças crónicas".

Para o diretor-geral da Cruz Vermelha, tempos excecionais requerem medidas excecionais.

"Acho que nem os hospitais, nem as forças de segurança, conseguem responder a uma crise desta magnitude sozinhos. Terá de haver uma mobilização da sociedade, dos cidadãos, das empresas, da comunidade para combater esta crise", afirma Combe.

Rapidamente a crise sanitária está a pôr à prova as autoridades, mas também as sociedades, num teste à solidariedade, um pouco por todo o mundo.

NOTÍCIAS RELACIONADAS

6.11.18

Crise humanitária na Venezuela: aumento de 40% dos casos de pobreza extrema

in o Observador

Os dados mais recentes da ONU mostram um aumento de 40% da pobreza extrema no país, resultado da grave crise humanitária que a Venezuela está a atravessar.

A Venezuela está a atravessar uma das crises humanitárias mais graves de atualidade. Segundo os dados da ONU, houve um acréscimo de 40% dos casos de pobreza extrema, que se traduzem no aumento do número de mortes infantis por subnutrição, de mães que abandonam os seus filhos, por não terem condições para os criar, e no aumento do número de crianças a viver nas ruas.

Segundo a BBC, a crise está a levar à saída de milhões de venezuelanos do país que vão em busca de melhores condições de vida no estrangeiro, deixando tudo para trás. Ao descontentamento dos que saem, junta-se o desagrado daqueles que já imigrados, vêm o seu país a afundar lentamente com as políticas do presidente Nicolas Maduro.

No entanto, os apoiantes do regime interpretam a crise como resultado da opressão das forças imperialistas, nomeadamente dos Estados Unidos da América que têm vindo a estreitar as relações diplomáticas com o país sul-americano.

30.10.17

Está em curso a maior crise humanitária em 70 anos com quatro países em risco de fome

in Visão

O diretor do Programa Alimentar Mundial alertou esta sexta-feira para aquilo que considera ser a maior crise humanitária em 70 anos, com mais de 20 milhões de pessoas no Iémen, Somália, Sudão do Sul e Nigéria em risco de fome

"Uma fome é uma situação rara. Quatro países à beira de fome ao mesmo tempo? Nunca se ouviu falar. Enfrentamos a maior crise humanitária em 70 anos, com 20 milhões de pessoas perto de morrer à fome em quatro países", disse David Beasley em entrevista à Lusa.

O americano, que foi nomeado para o cargo pelo secretário-geral, António Guterres, em março deste ano, diz que a situação mais grave acontece no Iémen, onde perto de sete milhões de pessoas são incapazes de sobreviver sem algum tipo de ajuda alimentar.

"O país está à beira de colapso total. A má nutrição entre as crianças está a níveis altíssimos, impedindo uma geração inteira de alcançar todo o seu potencial. O sistema financeiro está em ruínas e grandes áreas do setor público, incluindo milhares de funcionários de saúde, não recebem os seus salários há quase 10 meses", explica.

Além da fome, o responsável diz que um surto de cólera tem atravessado o país, infetando milhares de pessoas e causando a morte de outras centenas.
"O surto está quase fora do controlo, com o sistema de saúde praticamente sem funcionar e o sistema imunitário de muitas pessoas enfraquecido devido a mal-nutrição desenfreada. Estive no Iémen no mês passado e vi crianças nos hospitais praticamente sem forcas para respirar. A escala da tragédia é imensa e de partir o coração", explica.

O Programa Alimentar Mundial, que faz parte da ONU, está também a trabalhar com a Organização Mundial de Saúde e com a UNICEF para estabelecer centros de tratamento de emergência para tratar e combater a cólera.

Além do Iémen, milhões de pessoas estão em risco de fome na Somália, no Sudão do Sul e na Nigéria. Beasley diz que a situação nestes países "infelizmente deve-se a conflitos provocados pelo homem."

"Em cada um destes países, facões em guerra têm posto a sua agenda à frente das pessoas. Guerra e violência devastam as vidas de milhões de pessoas, criando emergências de fome e doença a larga escala. Estes conflitos também dificultam o nosso acesso às pessoas que mais precisam, que estão frequentemente em áreas fora do nosso alcance", diz o responsável.

O político, que serviu como governador da Carolina do Sul pelo partido Republicano, diz que "até líderes de todo o mundo colocarem mais pressão sobre estes países para acabar com estes conflitos, a miséria e sofrimento humano vão continuar" e que a comunidade internacional "não terá qualquer hipótese de atingir o seu objetivo principal: zero fome até 2030."

Há vários meses que a ONU e diversas agências que a compõem denunciam o drama destes milhões de pessoas, mas apenas na semana passada o Conselho de Segurança aprovou uma resolução que reconhece o problema e promete apoio.

"A minha mensagem é simples: não podemos simplesmente deixar pessoas morrer de fome no mundo de hoje. Juntos temos de agir para salvar vidas agora. Todos podem apoiar a luta contra a fome hoje, indo até www.wfp.org e fazendo uma doação que salva vidas", conclui David Beasley.

850 milhões precisam-se
No total, o PAM estima que sejam necessários 850 milhões de euros para impedir a fome nestes quatro países até ao final do ano.

"Precisamos de quase 850 mil milhão de dólares para combater a fome nestes países nos próximos seis meses. Quando estamos com poucos fundos, o programa é obrigado a cortar nas rações de comida, deixando as pessoas com menos do precisam para ter uma vida normal e saudades. Quanto mais dramáticos os cortes, maior o número de pessoas que pode morrer por falta de comida", disse David Beasle.

"Falta de fundos significa que pessoas podem morrer. É tão simples quanto isso", conclui o responsável.
com Lusa

5.9.17

"Fome é uma situação rara. Quatro países à beira de fome ao mesmo tempo?"

in TVI24

Mundo enfrenta maior crise humanitária em 70 anos com quatro países em risco de fome, afirma do diretor do Programa Alimentar Mundial. São precisos 850 milhões de euros

O diretor do Programa Alimentar Mundial alertou hoje para aquilo que considera ser a maior crise humanitária em 70 anos, com mais de 20 milhões de pessoas no Iémen, Somália, Sudão do Sul e Nigéria em risco de fome.

Uma fome é uma situação rara. Quatro países à beira de fome ao mesmo tempo? Nunca se ouviu falar. Enfrentamos a maior crise humanitária em 70 anos, com 20 milhões de pessoas perto de morrer à fome em quatro países”, disse David Beasley em entrevista à Lusa.

O americano, que foi nomeado para o cargo pelo secretário-geral, António Guterres, em março deste ano, diz que a situação mais grave acontece no Iémen, onde perto de sete milhões de pessoas são incapazes de sobreviver sem algum tipo de ajuda alimentar.
ONU precisa de 850 milhões de euros

O Programa Alimentar Mundial precisa de 850 milhões de euros para impedir a fome em quatro países até ao final do ano, acrescentou David Beasley.

Precisamos de quase 850 mil milhão de dólares para combater a fome nestes países nos próximos seis meses. Quando estamos com poucos fundos, o programa é obrigado a cortar nas rações de comida, deixando as pessoas com menos do precisam para ter uma vida normal e saudades. Quanto mais dramáticos os cortes, maior o número de pessoas que pode morrer por falta de comida”, disse.

“Falta de fundos significa que pessoas podem morrer. É tão simples quanto isso”, acrescenta o responsável.

12.7.17

Líderes europeus defendem investimento em África para solucionar crise com refugiados

in Diário de Notícias

Os líderes das principais instituições europeias defenderam hoje que a Europa já fez muito em matéria de migrações e acolhimento de refugiados, mas concordaram que muito mais falta fazer, direcionando o foco de atuação para África.

O primeiro recado surgiu pela voz do presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, que, na abertura da conferência de alto nível sobre gestão de migrações que decorre hoje em Bruxelas, defendeu a necessidade de uma "verdadeira estratégia relativamente a África", apontando que isso deve ser uma prioridade nos próximos anos.

Defendeu, por isso, que o próximo orçamento da União Europeia seja reforçado no investimento junto dos países africanos, nomeadamente a Líbia, justificando que só dessa forma é possível fazer aumentar o crescimento e combater a pobreza para que a próxima geração não perca a esperança de viver no seu país de origem.

Ressalvou, no entanto, que não se trata de uma nova colonização de África, mas sim de uma relação entre iguais, sendo necessário "olhar por uma lente africana e não europeia".

"Acredito que (o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude) Juncker será um grande paladino para lidar com estes problemas, para olhar para África, Médio Oriente e zona do mediterrâneo, para mostrar que a Europa quer ser amiga e interlocutora política em que se pode confiar para criar soluções para os filhos de África", desafiou.

Em resposta, o presidente da Comissão Europeia garantiu que a instituição está a levar "muito a sério" a questão da migração, aproveitando para elogiar o papel que tanto a Grécia como a Itália têm tido.

Salientou que foram criadas estruturas para melhorar os processos de registo, mas não deixou de criticar o facto de haver sistemas de asilo mais generosos do que outros e de defender que é preciso lutar para que as pessoas migrantes e os refugiados tenham um futuro melhor no seu próprio país.

Aproveitou para apontar a necessidade de criar melhores relações com África, nomeadamente na luta contra os traficantes de seres humanos, adiantando que para este ano estão destinados 200 milhões de euros para ações de repatriamento para países naquele continente.

"É preciso passar a ações concretas para que África se desenvolva. Em dois anos fizemos muito pra resolver questões migratórias e não é agora o momento de permitir mais fragmentação, mas ainda há muito a fazer", sublinhou o presidente da Comissão Europeia.

Opinião partilhada pela vice-presidente da Comissão Europeia e alta representante da União Europeia para a Política Externa e Segurança, Federica Mogherini, que aproveitou para elogiar o trabalho feito nos últimos dois anos.

"Eu sempre me envergonhei com os mortos que a União Europeia fez de conta que não viu e estou muito orgulhosa com todas as vidas que conseguimos salvar", disse a responsável, ressalvando, no entanto, que todas as vidas salvas são também uma derrota.

Defendeu que é preciso eliminar as causas na base da migração, o que, na sua opinião, significa "um investimento massivo em África" feito pela Europa, já que é o seu vizinho mais próximo, um investimento que se dividiria entre desenvolvimento social, democrático, ambiental e também tecnológico.

Disse estar muito orgulhosa do trabalho que está a ser feito para aceder aos campos de detenção na Líbia, revelando, por outro lado, que, no ano passado, mais de 4.500 pessoas regressaram voluntariamente àquele país e defendendo que esse seja um trabalho apoiado, tal como no Níger.

Presente na sessão de abertura, o primeiro-ministro líbio, Fayez al-Sarraj, lembrou que a Líbia é um país de trânsito para imigrações irregulares, com uma situação económico-social ainda muito vulnerável graças ao aumento constante do número de migrantes, o que "tem impacto no tecido social do país".

Disse estar muito satisfeito com o apoio económico que a União Europeia tem dado à Líbia e pediu que esse apoio continue, ressalvando que só dessa forma o país conseguirá desenvolver-se, criando postos de trabalho e as condições necessárias para que os cidadãos nacionais não queiram emigrar.

1.3.17

Quaresma. Refugiados e crise humanitária no Sudão do Sul preocupam bispos portugueses

Ângela Roque, in RR

As mensagens dos bispos portugueses para a Quaresma, que se inicia esta quarta-feira, não esquecem o acolhimento aos refugiados e a crise humanitária que se vive no Sudão do Sul. Parte das renúncias quaresmais deste ano serão canalizadas para esse país africano, mas há dioceses onde os donativos terão outros destinos, como o apoio às grávidas em dificuldade ou às crianças que vivem em extrema pobreza.

O bispo de Portalegre e Castelo Branco foi dos primeiros a responder ao apelo do Papa em favor do Sudão do Sul. Metade dos donativos que forem recolhidos durante a Quaresma serão para ajudar a população daquele país africano, “devastado por um conflito fratricida e uma grave crise alimentar, onde milhares de pessoas morrem de fome, mais de um milhão estão em risco e um milhão e meio são refugiados”, lembra D. Antonino Dias na sua mensagem. A outra metade das renúncias quaresmais deste ano será para a Cáritas local apoiar os refugiados acolhidos na diocese.

Também os bispos de Aveiro e de Santarém desafiam os católicos das suas dioceses a ajudarem o povo do Sudão do Sul. D. António Moiteiro recorda os apelos do Papa em favor das “crianças pobres” que ali “passam fome”, D. Manuel Pelino fala na “situação aflitiva" que se vive naquele país “onde falta tudo: tendas, comida, água, medicamentos e outras necessidades urgentes”. Nos dois casos o que for recolhido na Quaresma será entregue aos missionários combonianos que estão a ajudar a população no terreno.

A diocese de Viseu decidiu este ano ajudar os refugiados na Turquia, com os donativos recolhidos durante a Quaresma. É uma resposta ao apelo lançado pela Cáritas Portuguesa, que lançou uma campanha de recolha de fundos para apoiar a sua congénere naquele país. O bispo D. Ilídio Leandro lembra que “a situação social, económica e de segurança no mundo” continua “a pedir respostas de solidariedade, de acolhimento e de justiça social”. A diocese mantém a disponibilidade para receber quem chegue nessas condições.

Os refugiados preocupam também a diocese de Setúbal, que anunciou que vai usar os donativos recolhidos na Quaresma para criar um fundo diocesano destinado a apoiar o seu acolhimento. A chamada renúncia quaresmal vai ainda auxiliar a paróquia da Arrentela.

Já a diocese da Guarda vai ajudar as comunidades cristãs do Iraque e da Síria. D. Manuel Felício afirma que é necessário “encontrar forma de acolher os refugiados” e tentar que “voltem a ter condições de vida nas suas terras”. A recolha que for feita durante a Quaresma será entregue à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, que está a apoiar as populações daqueles dois países.

Na diocese de Beja a renúncia quaresmal deste ano vai ser destinada, em partes iguais, aos cristãos perseguidos da Síria e ao Fundo de Emergência administrado pela Cáritas diocesana. “Faremos chegar a nossa ajuda aos cristãos sírios por meio de uma religiosa portuguesa do mosteiro de S. Tiago Mutilado, de Qâra”, esclarece D. João Marcos na sua mensagem.

Em Leiria-Fátima os donativos das renúncias também vão ser canalizados para a ajuda aos refugiados, na Grécia ou noutros países, “onde vivem em condições de miséria”. O montante recolhido será entregue à Cáritas Portuguesa. Mas a diocese vai também aproveitar este tempo especial de preparação para a Páscoa para promover o apoio a grávidas em dificuldade.

“Vai ser apresentado publicamente o Serviço de Apoio à Maternidade em Dificuldade, no âmbito da Cáritas diocesana. Façamos chegar essa informação às mulheres grávidas que necessitem de ajuda para acolherem e educarem o seu filho”, escreve D. António Marto na sua mensagem.

Aborto, pobreza, meditação

O arcebispo de Braga alerta na sua mensagem de Quaresma para a necessidade de respeitar o direito “fundamental e inviolável” à vida, insurgindo-se contra as práticas do aborto e da eutanásia. D. Jorge Ortiga convida a fazer do tempo de preparação para a Páscoa uma momento para “educar para a vida”.

Fazer desta Quaresma um “tempo de diferença” é o desafio lançado pelo bispo de Lamego. O que for recolhido na diocese até à Páscoa será dividido entre o Fundo Solidário Diocesano, que apoia quem mais precisa na região, e a ajuda que é prestada em Moçambique e na Bolívia pelos missionários do Espírito Santo, que estão a celebrar 150 anos de presença em Portugal.

Nos Açores, o bispo de Angra destinou a renúncia quaresmal deste ano ao Fundo Diocesano para as crianças em extrema pobreza. D. João Lavrador escreve que nesta Quaresma toda a caminhada em direcção a Deus “obriga necessariamente” a ser solidário, e pede aos sacerdotes que dediquem “o tempo necessário” para atender quem precisa.

O bispo do Porto desafia as comunidades diocesanas a aproveitarem o tempo da Quaresma e da Páscoa para prepararem a vinda do Papa Francisco a Portugal e ao Santuário de Fátima, por ocasião do centenário das aparições. No “site” da diocese é possível descarregar os materiais para a caminhada proposta, e que inclui a oração do terço. D. António Francisco dos Santos pede a “meditação de, pelo menos, um mistério do Rosário por semana, de modo a revitalizar a família como Igreja orante”.

O bispo de Bragança-Miranda convida os católicos a fazerem desta Quaresma um “tempo aberto à misericórdia” e atento aos que mais precisam. D. José Cordeiro propôs que a renúncia quaresmal seja este ano destinada à Cáritas Diocesana, que, segundo os dados relativos a 2016, apoia mais de 17 mil pessoas.

O arcebispo de Évora pede aos católicos que tomem os “três remédios” que permitem olhar com mais atenção para quem está à volta – a oração, o jejum e a esmola. Na arquidiocese a renúncia quaresmal destina-se à manutenção do seminário “Redemptoris Mater”, que “não tem receitas próprias” e onde se encontram a estudar “11 jovens que sentiram o chamamento de Deus”.

Já o bispo das Forças Armadas e de Segurança recorda, na sua mensagem para a Quaresma e Páscoa, os militares e polícias que vivem situações “particularmente graves”. D. Manuel Linda determinou, por isso, que no Ordinariato Castrense metade dos donativos recolhidos irá para ajudar estes casos. Os outros 50% vão seguir para Timor-Leste, sendo a sua utilização determinada pelos bispos católicos do país.

2.3.16

Idomeni: Chuva, frio e desespero

in TSF

Mais de 10 mil migrantes e refugiados estão presos em Idomeni, na fronteira entre a Grécia e Macedónia. Esperam autorização para passar, enquanto a chuva e o frio não dão tréguas. As imagens da espera.

Idomeni, na Grécia, tem sido o palco de um impasse para aqueles que tentam uma nova vida na Europa. As associações humanitárias no terreno falam de mais de 10 mil pessoas num campo de refugiados com capacidade para cerca de 2 mil. A chuva, a lama, o frio e o nevoeiro dificultam a vida de quem espera para atravessar a fronteira.

Na semana passada, a Macedónia e a Sérvia decidiram limitar o número de entradas de migrantes nos seus territórios, tal com a Áustria, a Croácia e a Eslovénia.

Na segunda-feira a polícia lançou gás lacrimogéneo sobre refugiados que tentavam romper a cerca de arame farpado em Idomeni, para passar da Grécia para a Macedónia.

A União Europeia já disse que está "muito preocupada" com a situação. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados avisa que a Europa está à beira de uma crise humanitária criada pelos próprios Estados-membros, que não põem em prática as medidas que aprovam.

Enquanto isso, todos os dias chegam à Grécia centenas de pessoas. O Governo de Atenas estima que estejam cerca de 24 mil refugiados e migrantes estão bloqueados em solo grego. Um número que pode aumentar para cerca de 70 mil ainda este mês de março.

1.3.16

Europa: crise humanitária à vista

in TSF

Em dois meses, houve mais pessoas a atravessar o Mediterrâneo, rumo ao espaço europeu, do que em todo o ano passado.

Os números são alarmantes. Nos primeiros dois meses de 2016, chegaram ao espaço europeu 131.724 refugiados, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

Com este aumento do fluxo de imigração, os refugiados têm cada vez menos condições, e os estados, por sua vez, estabelecem cada vez mais políticas restritivas.

De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, a proliferação de cercas anti-imigração colocadas pela Grécia na sua fronteira a Norte, pode conduzir a um desastre humanitário.

Na informação revelada esta manhã, a agência das Nações Unidas diz que a Europa está a aprofundar uma crise que ela própria criou, sendo necessário planear melhor e mais depressa a acomodação de todos os refugiados que chegam à Grécia.

29.2.16

Polícia portuguesa detém traficante de migrantes ao largo da Grécia

in SicNotícias

A equipa portuguesa da Polícia Marítima que está em missão na ilha de Lesbos, na Grécia, deteve em flagrante um traficante de migrantes esta madrugada. O homem turco já estava referenciado e é o quinto detido pelas autoridades portuguesas desde que integraram a missão Frontex, de controlo de fronteiras da União Europeia.

21.10.15

Crise humanitária refletida nos refugiados faz temer "futuro de forte instabilidade" - EAPN

in Lusa

A Rede Europeia Anti-Pobreza Portugal alertou hoje para "a urgência de travar" o flagelo da pobreza a nível mundial e advertiu que a atual crise humanitária refletida na vaga de refugiados faz "temer um futuro de forte instabilidade".

O alerta da EAPN Portugal surge na véspera do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, data aproveitada pela organização para reiterar que "é crucial" que Portugal defina uma estratégia nacional para erradicar a pobreza" e advertir que "o sonho de uma Europa social" se encontra "seriamente em risco".

"A crise humanitária que vivemos, na sequência de guerras e conflitos, tendo como consequência mais visível uma enorme vaga de refugiados, e a incerteza na tomada de decisão por parte dos líderes europeus face a este fenómeno, as consequentes manifestações xenófobas" um pouco por toda a Europa, "levam-nos a temer um futuro de forte instabilidade e desesperança", afirma a rede numa mensagem em que assinala a data.

Para a EAPN, a pobreza não é um problema de escassez de recursos: "se evitarmos a ganância e o desperdício e partilharmos o que temos de forma equitativa e sustentável, através de uma distribuição mais justa, é possível erradicar a pobreza".

"Não se trata de utopia, trata-se de encarar o problema de uma outra forma, focando a atenção na estabilidade económica e social ao nível global, numa lógica de desenvolvimento sustentável", sustentou, lembrando que este objetivo foi reafirmado pelas Nações Unidas.

Analisando a realidade portuguesa, a organização defende que é preciso olhar para além dos números. "Se olharmos apenas para os números (...) ficaremos assustados com as crianças que, em Portugal, se encontram em risco de pobreza e ou exclusão social" e com os níveis da emigração e do desemprego jovem.

"Estamos a falar das novas gerações, daquelas que irão escrever o futuro de Portugal" e que "não têm uma herança muito promissora", lamenta.

Volta-se a "temer o pior" quando se olha para o índice elevadíssimo de envelhecimento da população, para o desemprego de longa duração e para o número "surpreendentemente alto" de trabalhadores pobres.

Em Portugal, "a mão-de-obra é mal paga e o emprego precário predomina, levando ao aumento das desigualdades", principalmente nas mulheres.

A rede afirma que "este é o retrato breve do país real" e que exige uma resposta eficaz.

"Contamos com todos os portugueses e, especialmente, com aqueles que experienciam a pobreza todos os dias e que chamamos a nós para que se façam ouvir. Não para impressionar mas para despertar a consciência coletiva, particularmente a política que não pode, de forma nenhuma, alegar desconhecimento para a falta de ação", defende no comunicado o presidente da EAPN-Portugal, padre Jardim Moreira.

HN//GC

Lusa/fim

3.9.15

Desenhar o "naufrágio da humanidade" para nunca o esquecer

in Público on-line (P3)

Ninguém quer ver a imagem do menino sírio de três anos, rosto na areia e vida terminada. Mas a fotografia corre mundo e o mundo não lhe fica indiferente. Não ver a imagem do menino sírio não é uma opção — e não ficar com ela gravada também não. Foi por isso que o PÚBLICO, como dezenas de jornais nacionais e internacionais, a estampou na primeira página. Aylan Kurdi morreu. O irmão Galip, de cinco anos, morreu. A mãe Rehan também. Da família curda que vivia em Kobane e tentava chegar à ilha grega de Kos, só o pai, Abdullah, sobreviveu. Nos últimos meses, foram milhares os que tiveram o mesmo destino. A fuga não é uma opção ou um pedido misericordioso à Europa, é a única saída, como tão bem explicou um menino sírio de treze anos: “Parem simplesmente com a guerra, nós não queremos ir para a Europa. Parem a guerra na Síria, apenas isso.” Desta fotografia que não se esquece — "naufrágio da humanidade" — nascem agora desenhos, homenagens que são um grito de quem não quer que se esqueça. Na "hashtag" turca #KiyiyaVuranInsanlik, em #HumanityWashedAshore ou em #DrownedSyrianBoy multiplicam-se as manifestações de pesar e revolta. Mas também de vontade de mudar: hoje, mais do que ontem, há quem queira dar a volta à história — se esta fotografia e estes desenhos servirem para isso, talvez as lágrimas não sejam em vão.

2.2.12

Haiti vive uma situação de crise humanitária

in Jornal de Notícias

O Haiti vive uma situação de crise humanitária dois anos depois do forte terramoto que atingiu o país provocando milhares de mortos e mais de 1,5 milhões de deslocados, consideram as Nações Unidas.

Para o gabinete para a Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas, a precariedade é vivida com mais de 500 mil pessoas a permanecerem em acampamentos improvisados nas ruas, a epidemia de cólera que provocou 7 mil mortes e a insegurança alimentar que afecta 45% da população de dez milhões de habitantes.

O mesmo gabinete das Nações Unidas considerou estar comprovada a deterioração da qualidade da água que recebem as pessoas acampadas coincidindo este efeito com o fim da distribuição gratuita de água nesses locais através de camiões cisterna.

"Cerca de 47% das análises de água realizadas nos acampamentos permitem concluir que a água é de má qualidade, comparativamente aos 29% apurados no início de Dezembro de 2011", precisou o organismo ao salientar que apenas 55% dos deslocados recebem água tratada com cloro.