1.4.20

Sem-abrigo entre os mais vulneráveis à covid-19

De Euronews

Há menos contacto, mais distância, cada vez menos pessoas nos dão dinheiro

Durante uma pandemia, existir pode ser uma dificuldade acrescida. Taofik vive há 12 anos na rua. O amigo, Laurent, há 10. Hoje fazem parte de uma das comunidades mais vulneráveis à covid-19.

Para que pessoas como eles não sejam esquecidas, a Cruz Vermelha francesa está a redesenhar as operações no terreno.

Nos subúrbios de Paris, a organização leva comida comida aos sem-abrigo e realiza exames médicos.

Maxime, voluntário, é pouco. "A vida não é fácil para eles. Não podemos fazer muito, mas sempre é alguma coisa".

Por aqui, a maioria das pessoas tem consciência do que é a covid-19 e de como pode ser uma presa fácil para a doença. Rafik também. Questionado sobre se tem medo de ser infetado, responde assertivo: "Como toda a gente, mas não temos escolha".

Procurando atenuar os efeitos da atual crise, a Cruz Vermelha está a reunir o maior número de pessoas para dar resposta às exigências da população.

"Para evitar que, além de uma emergência de saúde pública, tenhamos uma crise humanitária, a Cruz Vermelha está em todas as frentes, a mobilizar todos os voluntários e assistentes sociais, em todo o território", revela o diretor-geral da organização, Jean-Christophe Combe.

Uma das missões dos voluntários é atender o telefone.

A um departamento chegam chamadas de pessoas em toda a França que precisam que lhes entreguem medicamentos ou comida, ou simplesmente de alguém com quem falar. Na primeira semana de operações foram registadas 31 mil telefonemas.

Simon Cahen, diretor-adjunto do departamento de voluntários da Cruz Vermelha francesa, conta que o serviço visa sobretudo intervir junto de quem vive "em absoluto isolamento social", ou seja, "aqueles que não têm família, nem vizinhos, que são mais vulneráveis em relação à epidemia, porque estão acima dos 70 anos, ou têm doenças crónicas".

Para o diretor-geral da Cruz Vermelha, tempos excecionais requerem medidas excecionais.

"Acho que nem os hospitais, nem as forças de segurança, conseguem responder a uma crise desta magnitude sozinhos. Terá de haver uma mobilização da sociedade, dos cidadãos, das empresas, da comunidade para combater esta crise", afirma Combe.

Rapidamente a crise sanitária está a pôr à prova as autoridades, mas também as sociedades, num teste à solidariedade, um pouco por todo o mundo.

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