in TSF
O plano de resposta à emergência económica da União Europeia face à pandemia de Covid-19, "que a presidente da Comissão e o presidente do Conselho Europeu têm agora a responsabilidade de preparar", pode passar pela criação de um fundo de recuperação de biliões de euros.
"São doze zeros. As nossas calculadoras dos telemóveis não dão para introduzir esses números. Só calculadoras científicas conseguem lidar com doze zeros", disse Mário Centeno em entrevista ao jornal Público na qualidade de presidente do Eurogrupo, divulgada esta terça-feira.
Trata-se de "um fundo que possibilita uma repartição dos custos do período de recuperação ao longo do tempo", explicou Mário Centeno, sublinhando o "compromisso de prolongar ou distribuir ao longo do tempo o custo financeiro que será muito concentrado no período de recuperação imediato".
O presidente do Eurogrupo admite que ainda existem "divergências" sobre o plano de reestruturação, mas garante que não está preocupado. "Antes de chegar a um consenso há sempre divergências", lembra.
"Não devemos ficar muito ansiosos (...) Estou muito confiante e muito seguro de que essa resposta vai aparecer. As forças que têm permitido construir a Europa vão estar presentes nesta discussão e vão levar-nos a um porto seguro", afirma
Resta saber como é que se dissolve o esforço financeiro de cada país, a longo prazo, e como é que se evita que os mercados financeiros tenham uma perceção distinta da capacidade de cada um, sem recurso à emissão de dívida conjunta. "Essa é a resposta que estamos todos à espera que o Conselho Europeu dê", na próxima quinta-feira.
Depois de um mês de "vertigem" para todos os governos europeus, Centeno aplaude a capacidade das instituições de "inovar" na forma de lidar com "uma crise que só conseguíamos imaginar num cenário de ficção".