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Medir temperatura aos trabalhadores não é legal, assegura o bastonário dos Advogados, após Governo garantir que é. Na Suíça, há centenas de empregadas de limpeza portuguesas que, devido à Covid-19 , ficaram sem trabalho e estão a "sofrer bastante" por não terem acesso a apoios sociais.
Portugal
Estudo diz que uma em cada 10 infeções ocorre em contexto social, apesar das restrições. Taxa de transmissão subiu e ministra pede responsabilidade social
O boletim diário da DGS registava hoje 903 mortes (mais 23 em 24 horas) e 23.864 infetados (mais 472). Já o número de pessoas dadas como curadas aumentou: são agora 1.329, mais 52 em relação a sábado. Veja aqui o número de casos de Covid-19 por concelho – há duas novas localidades na lista da DGS.
Marta Temido revelou este domingo que o R0 (número de novos casos gerados a partir de um único confirmado) voltou a subir em Portugal, para 1.04, quando já esteve em 0.95. A ministra da Saúde apela à responsabilidade social da população para manter as medidas de contenção da doença. Temido revelou ainda os resultados de um estudo da DGS que mostra que, entre o período de 18 e 24 de abril, quase uma em cada dez infeções ocorreu por transmissão social.
"Nunca vi nada assim.” É desta forma que a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome descreve à Renascença o aumento de pedidos de ajuda, “de motoristas a dentistas”, causa da pandemia de Covid-19. “Há pessoas que no frigorifico têm apenas restos”, lamenta Isabel Jonet. Número de pedidos de ajuda ascende nesta altura aos 55 mil.
Paulo Almas é um de pelo menos dois portugueses infetados com Covid-19 a bordo de um navio que está retido no Japão. À Renascença, o eletricista denuncia falta de condições e pede ajuda "em desespero".
Também à Renascença, o bastonário da Ordem dos Advogados contrariou o que tem vindo a ser dito pelo Governo: não, medir temperatura aos trabalhadores não é legal. "A ideia de que seria possível controlar a temperatura, desde que não se fizesse o registo dos dados, não me parece que tenha cobertura legal", garante Menezes Leitão, contradizendo o que garantiu o Ministério do Trabalho no sábado. Neste braço de ferro, os proprietários de restaurantes alinham com o Governo e, na Renascença, pedem alterações à lei para poderem medir a temperatura de funcionários e clientes.
Em Matosinhos, as autoridades de saúde e os bombeiros começaram a separar idosos infetados dos restantes no Lar do Comércio. O vereador da Proteção Civil da Câmara de Matosinhos diz à Renascença que a intervenção seguiu-se a um pedido de auxílio da própria instituição. O Lar do Comércio regista pelo menos quatro mortes por Covid-19 e dezenas de casos de infeção.
Com uma queda de 40% no número de visitantes, apenas superada por Espanha e Itália, Portugal encontra-se entre os países europeus onde turismo mais cai em 2020. Os números são da Oxford Economics. Numa carta aberta intitulada “Colocar o turismo na agenda da UE está hoje nas mãos de Portugal! Porque o turismo é feito de e para pessoas”, a eurodeputada social-democrata Cláudia Aguiar propõe ao Governo 10 medidas para relançar o turismo.
Atenção se vive em Lisboa: validar passes de transportes na área metropolitana volta a ser obrigatório em maio. Quanto à reabertura das creches e ao regresso às aulas presenciais para o 11.º e o 12.º, hoje foram avançadas datas que o Governo não confirma para já, só no final do mês.
No futebol, a Liga quer testes obrigatórios à Covid-19 antes da retoma de treinos coletivos e jogos. É o que consta de um esboço da Liga Portuguesa de Futebol Profissional para a retoma progressiva da competição.
Os números da Covid-19 em Portugal:
Mundo
Na China multas para quem favorecer a propagação do novo coronavírus, a mesma China que tentou convencer a Alemanha a dizer bem do combate de Pequim à Covid-19
Ainda não são boas notícias. Mas a verdade é que a morte tende a abrandar no velho continente. A Espanha registou, nas últimas 24 horas, 288 mortes devido ao novo coronavírus, uma queda significativa em relação aos 378 de sábado. Já o Reino Unido registou mais 413 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas. É o menor aumento diário de mortes desde o final de março, mas mesmo assim, e apesar da pressão económica, o Governo vai manter medidas de distanciamento social. Em Itália, registaram-se 260 mortes nas últimas 24 horas. É o número de mortes mais baixo desde 14 de março.
Saltemos no globo. Na China, Pequim vai aplicar multas por comportamentos que favoreçam a propagação do novo coronavírus. A capital da China quer evitar a disseminação da doença e controlar os atos que possam favorecer contágios. Em Hong Kong, e apesar das restrições motivadas pela pandemia, os protestos pró-democracia ganharam novo ímpeto.
E por falar em China: a Alemanha confirma que o regime chinês tentou pressionar o Governo liderado por Angela Merkel para que elogiasse a sua gestão da pandemia de Covid-19. O Governo alemão teve conhecimento de "contactos de diplomatas chineses com funcionários alemães com o propósito de conseguir comentários positivos sobre a gestão da pandemia por parte da República Popular da China", assumiu hoje a chancelaria.
Ainda na Alemanha, o ministro do Trabalho quer consagrar na lei o direito à opção pelo teletrabalho, nos casos em que tal seja possível, mesmo depois de debelada a pandemia de Covid-19. Hubertus Heil diz que pretende introduzir esta possibilidade no quadro legislativo no próximo outono. Cálculos iniciais sugerem que a proporção de pessoas em teletrabalho tenha aumentado de 12% para 25% desde o início da crise de saúde pública no país; há agora cerca de oito milhões de alemães a trabalhar em casa.
As restrições impostas na Suíça deixaram sem rendimento centenas de empregadas de limpeza portuguesas que, sem vínculo nem horários certos, ficaram sem trabalhar e não têm apoios sociais. A situação levou um sindicato a pedir ajuda estatal.
Singapura regista hoje um dos piores surtos na Ásia, depois de ter controlado a doença. O país registou apenas 510 casos depois do primeiro infetado confirmado, mas atualmente há um total de 13.624 casos confirmados, 931 dos quais nas últimas 24 horas. A maioria dos casos envolvem trabalhadores migrantes que vivem em dormitórios, uma realidade para milhares de pessoas no país.
Na Colômbia, a Amnistia Internacional pede a intervenção do Governo para evitar morte de indígenas. Em quarentena, estes povos podem ficar sem acesso a água, cuidados de saúde e comida. Ao mesmo tempo, os indígenas da Colômbia, com as suas próprias regras, implementaram castigos físicos para quem quebrar a quarentena obrigatória. Segundo vídeos revelados pela Reuters, as autoridades indígenas podem chicotear a pessoa três vezes. O castigo inclui também trabalho comunitário. A Colômbia está em quarentena desde 25 de março até 11 de maio, com mais de cinco mil casos positivos de Covid-19 e 225 mortes.