Alexandra Figueira, in JN
Programa já aprovou contratações para 275 instituições. Há mais 75 pedidos para 386 trabalhadores em tramitação. Encontrar pessoas com perfil certo é o mais difícil.
Cruz Vermelha de Matosinhos, Santa Casa do Porto, Associação Lavrense de Apoio ao Diminuído Intelectual (ALADI) e Associação Reformados e Idosos da Freguesia da Amora (ARIFA) estão a contratar trabalhadores, financiados por um programa de emergência do Ministério do Trabalho. Durante até três meses, os centros de emprego pagarão 90% da bolsa dos 1420 trabalhadores já aprovados pelo Apoio ao Reforço de Emergência de Equipamentos Sociais e Saúde.
Em Matosinhos, foi com "angústia" que Patrícia Faro soube que duas pessoas iam entrar em isolamento social. "Há serviços que não podem parar", diz a presidente da Cruz Vermelha. No caso, uma casa-abrigo para vítimas de violência doméstica e o serviço de apoio domiciliário a idosos. "No dia em que enviámos o formulário, recebemos quatro chamadas", disse.
Esta quarta-feira, começou a trabalhar a primeira contratada, uma psicóloga, na casa-abrigo. Para o apoio a idosos, a Cruz Vermelha ainda aguarda candidatos. "Há muito alarmismo em torno dos lares, admito que as pessoas tenham medo", justifica.
O programa do Ministério da Segurança Social entrou em vigor a 1 de abril e, até sexta-feira, tinha aprovado 275 candidaturas, para contratar 1420 pessoas, com um custo de 890 mil euros. Ainda em tramitação estavam 75 pedidos, para contratar 386 trabalhadores, indicou o ministério.
Os centros de emprego estão a procurar nas bases de dados inscritos com perfil ajustado às necessidades, disse Patrícia Faro. Mas assegura que também ela poderia indicar alguém.
Em Lavra, a ALADI tem dois lares residenciais onde 40% dos funcionários estão de baixa, acompanhamento aos filhos ou quarentena. Para mais, usa um sistema de rotatividade, em espelho: 25 trabalham sete dias enquanto os outros 25 descansam, diz Ricardo Rodrigues, assessor da Direção. A associação espera contratar 37 pessoas e esta quarta-feira recebeu as primeiras candidaturas.
Auxiliares e operacionais
Fernando Sousa, presidente da ARIFA, confirma. "O problema é encontrar as pessoas com perfil certo". A associação tem um lar, cuidados continuados, creche, centro de dia e de convívio. "Temos 125 funcionários e candidatamo-nos a receber dez pessoas", disse. Esta semana, quatro começaram o processo de admissão. Precisa sobretudo de auxiliares e operacionais e Fernando Sousa confirma também não ser fácil encontrar pessoas com o perfil certo.
Tem sido esta a desvantagem dos programas de voluntariado já criados: "boa vontade não chega, é precisa vocação e saber", diz Patrícia Faro. Por isso, como noticiou o JN na semana passada, muitas instituições estão a recusar voluntários. A Santa Casa de Misericórdia do Porto mantém hoje os voluntários que tinha antes da Covid-19. Fonte oficial confirmou que se candidatou ao programa e que os centros de emprego selecionaram os candidatos.