De Filipa Soares, in Euronews
Nadege Ilick chegou a Portugal há oito meses. Esta mulher, natural dos Camarões, era um dos refugiados a bordo do navio Sea Watch que atracou, mesmo sem autorização, no porto de Lampedusa, no verão passado. A Itália fechou-lhe as portas, mas Portugal recebeu-a de braços abertos.
Foi, por isso, que decidiu agora ajudar os portugueses que estão em dificuldades por causa da pandemia: "Decidi ajudar, porque Portugal ajudou-nos, a mim e à minha família, quando passámos momentos muito difíceis. E ajudar pessoas em dificuldades é um grande prazer para mim".
Nadege é uma dos cinco refugiados que trabalham, juntamente com voluntários portugueses, numa cozinha solidária criada pela diretora do Colégio Luso Internacional de Braga.
Em 42 dias, a iniciativa já distribuiu cerca de nove mil refeições a pessoas com perfis diferentes. Alguns perderam os empregos ou parte dos rendimentos. Outros estão em isolamento no parque de campismo de Braga, porque estão infetados com o novo coronavírus.
O sírio Ahmad Sido consegue imaginar o que estas pessoas sentem: "A doença é como uma guerra. É mais complicada, porque as pessoas não têm ajuda, comida. Nós, humanos, sabemos ajudar".
"Sinto-me muito feliz a ajudar. Muito!", realça a síria Gaufran Shlash, que é voluntária, juntamente com as duas irmãs.
"Este não é um caso único de solidariedade por parte dos refugiados em Portugal. Em Lisboa, um casal sírio, proprietário de um restaurante, ofereceu comida aos profissionais de saúde que estão na linha da frente no combate à Covid-19", destaca Filipa Soares, correspondente da Euronews em Portugal.