17.11.07

Desemprego continua a fustigar a população activa do Norte

Isabel Forte, in Jornal de Notícias

A taxa de desemprego cresceu no terceiro trimestre deste ano 6,5%, face ao mesmo trimestre de 2006. Em apenas um ano, mais 27 mil portugueses ficaram sem trabalho, totalizando, neste momento, 444,4 mil pessoas desempregadas. Para este crescimento homólogo, indica o Instituto Nacional de Estatística (INE), contribuiu o aumento do número de mulheres desempregadas e das pessoas com idade igual ou superior a 45 anos. A região Norte continua a ser a mais afectada pela falta de trabalho, com uma taxa total de 9,5% de desempregados, mais 1% que em igual trimestre de 2006.

Na generalidade, os dados do INE, ontem publicados, estimam uma taxa de desemprego nacional de 7,9% para o terceiro trimestre deste ano, tal como, aliás, já tinha sido observado no segundo trimestre do ano. A variação trimestral registada foi de 0,9%, o que representa 3,9 mil novos indivíduos desempregados, no período em análise.

Norte e Lisboa a arder

As regiões do Norte (9,5%) e de Lisboa (9,2%) são as que continuam a manter as taxas de desemprego mais elevadas do país e só a região autónoma dos Açores se destaca do panorama nacional com uma taxa de 3,9%.

Face ao terceiro trimestre do ano passado, assistiu-se a um acréscimo na taxa de desemprego em todas as regiões do país, com excepção do Alentejo e do Centro, onde as taxas diminuíram, respectivamente, de 8,8% para 7,3%, e de 4,9% para 5,1%.

Já em relação ao segundo trimestre deste ano, as taxas aumentaram também em todas as regiões do país, excepto, novamente, no Alentejo, onde diminuiu 1,5 pontos percentuais (7,3%), do Algarve, 1,0 pontos percentuais (5,9%) e dos Açores, onde se manteve (3,9%).

A região autónoma da Madeira foi a que registou o maior acréscimo de todo o país, face ao segundo trimestre deste ano, com uma subida de mais 0,5 pontos percentuais (6,8%).

Se em termos trimestrais a situação se limitou a pequenas subidas, apresentando um quadro bastante semelhante e até estável, em termos homólogos os acréscimos foram bastante acentuados. Para isso contribuiu o aumento do número de mulheres desempregadas (mais 14,5 mil, perfazendo um total de 246,8 mil sem trabalho). O número de homens sem ocupação também aumentou, mas o seu contributo foi ligeiramente menor (mais 12,5 mil, perfazendo um total de 197,6 mil desempregados).

O aumento do desemprego homólogo verificou-se, ainda, entre os indivíduos com 25 e mais anos, mas sobretudo entre aqueles com idade igual ou superior a 45 anos (mais 17,7 mil, perfazendo 126,5 mil). Em contraste, registou-se uma diminuição do desemprego entre a população activa mais jovem (15 a 24 anos), que baixou para menos 8,2 mil indivíduos.

Licenciados perdidos

Ainda em termos homólogos, o desemprego também continuou a aumentar entre os cidadãos com um nível de escolaridade completo correspondente ao ensino básico (mais 19,9 mil desempregados) e ao ensino superior (mais 10,7 mil). Neste último caso, a comparação homóloga revela um aumento de 19,8% face ao mesmo trimestre de 2006, havendo neste momento um total de 64,7 mil indivíduos com habilitações superiores que não têm trabalho. Entre os indivíduos com o ensino secundário e pós-secundário, o desemprego diminuiu em 3,5 mil (menos 5% face ao trimestre do ano anterior). Também os desempregados à procura de novo emprego voltaram a subir (mais 31,1 mil). Para esta evolução contribuiu os indivíduos provenientes do sector dos serviços (28 mil).