23.11.07

Menos álcool e mais drogas na prevenção rodoviária

in Jornal Público
As substâncias psicoactivas mais prevalentes entre os condutores europeus são a cannabis e as benzodiazepinas


a Há que diversificar as campanhas de segurança rodoviária. Quer se façam testes na berma das estradas, quer se façam nos hospitais ou nas morgues, depois das bebidas alcoólicas, as substâncias psicoactivas mais prevalentes entre os condutores europeus são a cannabis e as benzodiazepinas.

A generalização consta de um estudo ontem apresentado pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT). Mas há excepções no continente: no extremo norte (Finlândia, Suécia, Letónia, Noruega), as anfetaminas surgem com maior frequência; em Espanha, a cocaína é a substância ilícita mais prevalente entre condutores; na Eslovénia, os opiáceos estão à frente das benzodiazepinas. Chipre, Lituânia, Portugal e Polónia não cederam dados.

Desde a década de 90 que na Europa se lançam campanhas sobre prevenção rodoviária. Estas acções pecam por incidir quase em exclusivo no consumo de bebidas alcoólicas - "só um quinto dos países da UE foca a cannabis ou as benzodiazepinas". "Os programas de prevenção tipo modelo único podem não ser adequados", avisa o OEDT.

"Os condutores que consomem cannabis são, maioritariamente, jovens do sexo masculino"; já os que tomam benzodiazepinas tendem a corresponder a mulheres de meia-idade. Os das benzodiazepinas ignoram "as mensagens dirigidas aos jovens consumidores de cannabis e vice-versa, e nem uns nem outros consideram que os avisos relativos ao álcool lhes sejam aplicáveis". Para esclarecer os efeitos do consumo de substâncias ilícitas na condução, estão a ser conduzidos estudos experimentais. Os realizados até agora indicam que a cannabis e as benzodiazepinas "reduzem a aptidão de condução".

Para já "não é possível saber" se os condutores com testes positivos de benzodiazepinas as tomam por indicação do médico e nas doses recomendadas. As análises provam que "as concentrações no sangue não ultrapassavam, frequentemente, os níveis terapêuticos". Mas também podem ser "muitas vezes muito superiores" (Noruega, por exemplo).

Não será fácil uma pessoa de meia-idade que toma um medicamento prescrito por um médico admitir que é viciada em droga, comenta o coordenador científico do OEDT, Paul Griffiths. Mas poderá, por exemplo, compreender que a "combinação de benzodiazepinas com álcool aumenta significativamente o risco de acidente de viação". A.C.P.