21.11.07

Maus-tratos a idosos e menores

in Jornal de Notícias

Os casos de maus-tratos a crianças e idosos têm aumentado nos últimos tempos, mas é entre os cônjuges que a violência doméstica tem maior expressão. Só no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Porto foram registadas, em 2006, cerca de 950 participações, mais 470 do que no ano anterior, disse ontem à Lusa a directora do DIAP, Hortênsia Calçada.

A existência, no DIAP do Porto, de uma secção dirigida especialmente ao tratamento de casos de violência doméstica permite "uma maior articulação com todas as instituições de apoio à vítima", como as Casas-Abrigo ou a Associação de Apoio à Vítima, salientou Hortênsia Calçada, no encontro promovido no âmbito o Projecto Laura (Localizar, Avaliar, Unir, Reflectir, Agir), no Porto.

Na sessão, a coordenadora do projecto lançado pelo Soroptimist Clube Porto Invicta, que termina em Dezembro, alertou para a "necessidade de uniformizar a rede de apoio às vítimas no país real". Teresa Rosmaninho apresentou os resultados de um inquérito realizado pela entidade, referindo que 81 % dos 448 técnicos que colaboram com o Projecto Laura reconhecem não ter formação suficiente para lidar com violência doméstica, apesar de 69 % ter um curso superior.

Para proporcionar mais formação nesta área, o Projecto Laura lançou um projecto de "e-learning". Com um computador ligado à Internet, os interessados podem obter formação à distância, através do site www.elearning.projectolaura.org.

A Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) criou, em 1998, uma linha telefónica gratuita para atender este tipo de casos. Das 39 170 chamadas já recebidas, apenas 16 577 eram "úteis", ou seja, relativas a casos de violência doméstica. Segundo o delegado regional da CIG Norte, Manuel Albano, 98,5 % das vítimas são mulheres, na sua maioria agredidas há vários anos. Marisa Soares