Leonete Botelho, in Jornal Público
O compromisso do Governo de que o salário mínimo nacional (SMN) atingirá os 450 euros em 2009 será cumprido, garantiu ontem o ministro do Trabalho e da Solidariedade, Vieira da Silva. E para isso o SMN em 2008 ficará "claramente acima da inflação", prometeu, embora remeta a divulgação do valor para depois de consulta aos parceiros sociais.
Vieira da Silva respondia assim ao deputado do PCP Jorge Machado, que lhe perguntou em quanto iria subir o salário mínimo e se achava possível viver com 403 euros por mês, o valor actual. "O Governo vai honrar os seus compromissos com os parceiros sociais, aumentando o salário mínimo bem acima da inflação", afirmou.
Na sua intervenção inicial, o ministro tinha tentado demonstrar como o Orçamento do Estado para 2008 vai ao encontro das preocupações sociais da esquerda e aposta "em valores".
"Os crescimentos mais relevantes destinam-se às políticas activas de emprego e qualificação. Mais 600 milhões de euros para criação de emprego, progresso das qualificações dos activos e dos jovens e apoio à inserção dos desempregados", frisou.
Mas a esquerda e o CDS-PP devolveram-lhe as preocupações com o aumento do desemprego.
"Ontem o primeiro-ministro disse que o desemprego era de 7,5 por cento em 2005 e 7,9 por cento agora, mas compara os dados do primeiro trimestre do 2005 com os dados anuais de 2006", afirmou Pedro Mota Soares (CDS). "O que tem de dizer é que no primeiro trimestre de 2007 a taxa foi de 8,4 por cento", acentuou.
Vieira da Silva respondeu-lhe com o passado: "Tem de lembrar-se é do tempo em que o desemprego crescia, não em décimas, mas em pontos percentuais."
Antes, Eugénio Rosa (PCP) tinha confrontado o ministro com um paradoxo: o aumento do desemprego e a redução do número de subidiados. "Como é que explica que há menos 42 mil desempregados a receber subsídio?", questionou. "Há uma quebra efectiva na procura de emprego na ordem dos cinco por cento", explicou o ministro.
"O Governo e o PS estão satisfeitos com a estabilização do desemprego. (...) Não há, não vai haver, não tem que haver qualquer política de criação de empregos", afirmaria mais tarde Ana Drago (BE). E acusou o Governo de aumentar a precariedade dos jovens: "Há hoje uma geração, entre os 25 e os 35 anos, que vive emparedada entre precariedade, salários miseráveis e desemprego."