in O Primeiro de Janeiro
O deputado socialista Manuel Alegre considerou ontem que “a pressão fiscal muito elevada está a ter resultados negativos para a economia” portuguesa, na declaração de voto que entregou relativa ao Orçamento do Estado para 2008, votado ontem no Parlamento.
“A pressão fiscal muito elevada está a ter resultados negativos para a economia e a sacrificar os cidadãos com perda de poder de compra e de qualidade de vida”, lê-se no documento, em que Manuel Alegre aponta ainda que “o desemprego não pára de aumentar” e Portugal “é já o quinto país da UE com maior taxa de desemprego, tendo ultrapassado Espanha, pela primeira vez nos últimos anos”. Na declaração de voto o antigo candidato independente a Belém destaca o número de portugueses com rendimentos abaixo do limiar de pobreza, “um em cada cinco”, totalizando “dois milhões” e fazendo de Portugal “o país mais pobre da Europa”. Considerando que “a pobreza em Portugal é um facto estrutural, que sucessivos governos, ao longo dos anos, não têm conseguido resolver”, Alegre pergunta “de que serve termos um défice de três por cento, se continuamos a ser o país mais pobre da Europa e o mais desigual a distribuir a sua riqueza?”.
No combate a essa situação, políticas sociais do Executivo como o Complemento Solidário para Idosos representam um reforço “muito importante”, mas “acabam por ser medidas de remendo de um problema”, refere o deputado e vice-presidente da Assembleia, que questiona a dedução à colecta no IRS para crianças até aos três anos, alegando não perceber o critério. Esperando que algumas das suas observações possam ser “tomadas em conta, na medida do exequível”, na discussão na especialidade, o socialista defende medidas de apoio ao crescimento e criação de emprego”, que aponta como “o problema número um”.
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Investimento
“Decepcionante”
Alegre diz que “uma alteração do nível de desemprego só pode conseguir-se com uma política agressiva de investimento”, sendo “bastante decepcionante” o OE para 2008 nessa matéria. Congratula-se com a intenção de repor o poder de compra dos funcionários, mas conclui que isso não acontecerá em 2008 porque “a proposta de aumento para a Função Pública é inferior à inflação”.