Bárbara Wong, in Jornal Público
Ciganos representam 3,4 por cento dos realojados em bairros da câmara
Em Lisboa, o bairro camarário com maior número de famílias ciganas é o da Ameixoeira, seguido do Bairro Alfredo Bensaúde, nos Olivais. Nestes dois residem cerca de um terço dos 760 agregados familiares recenseados na capital, contabiliza a Gebalis, Empresa Municipal. Esta minoria representa apenas 3,4 por cento das famílias residentes em bairros de realojamento, "o que constitui um dado surpreendente dada a sua elevada visibilidade social", diz o texto que a Gebalis vai apresentar no seminário, em Lisboa. A existência de conflitos intra-étnicos é a razão mais apontada pelas famílias para mudar de casa (26,4 por cento). Quase um quarto já fez um pedido de transferência habitacional. Um quarto invoca problemas com os vizinhos. A existência de sobreocupação da casa (14,9 por cento) é outra das razões. A maior parte destes pedidos é aceite. A grande maioria das famílias não paga a renda devida. Apesar de o valor das rendas ser, em média, cerca de metade do aplicado aos outros agregados, há 2,5 vezes mais ciganos devedores do que não ciganos.
O rendimento das famílias provém da venda ambulante e do Rendimento Social de Inserção, mas mais de metade da população é dependente. A maior parte das casas onde vivem ciganos foi atribuída em regime de cedência, mas há sete por cento que estão ocupadas ilegalmente.
Face ao elevado número de pessoas por agregado familiar, a Gebalis reconhece que mais de metade dos fogos são desadequados a estas famílias. A Gebalis administra cerca de 23 mil fogos, distribuídos por 67 bairros e com uma população de cerca de 80 mil pessoas.