26.3.10

Criação de empresas desce e aumentam as insolvências

por Ilídia Pinto, in Diário de Notícias

Número de novas empresas recuou 12,7%. Dissoluções naturais diminuíram 3,2%


Os processos de insolvência cresceram no ano passado, em Portugal, 31,7% face a 2008, tendo sido proferidas 3603 declarações de insolvência (o primeiro passo no arranque do processo, que poderá acabar na recuperação ou na dissolução da empresa), sendo que, destas, 56% foram requeridas por entidades terceiras, com créditos sobre a empresa. Sinal negativo, também, foi a diminuição ao nível da constituição de empresas, já que foram criadas apenas, 30 748 empresas, menos 12,7% do que no ano anterior.

Em contrapartida, há boas notícias ao nível das dissoluções, que baixaram 3,2%, tendo desaparecido de forma natural 15 308 empresas em 2009, contra as 15 809 do ano anterior. Estes são dados do "Barómetro Empresarial 2009", promovido pela Informa D&B, empresa líder no mercado de informação para negócios, que pertence ao grupo espanhol CESCE.

O estudo, que é realizado anualmente, foi ontem divulgado e indica ainda que foram dissolvidas 1276 empresas em média, por mês, abaixo das 1317 de 2008. Inalterado permaneceu Dezembro como o mês em que mais empresas fecharam.

Também ao nível sectorial e territorial, a distribuição manteve-se pouco mais ou menos equivalente aos valores do ano anterior, com os serviços (22,2% de incidência) e o retalho (19,2%) a serem os sectores com maior peso no total das dissoluções, representando 41%. Em termos regionais, foram os distritos do Porto, Lisboa e Braga os mais afectados, representando em conjunto 54% das dissoluções. Mas, pela primeira vez, a região Norte ultrapassou Lisboa e Vale do Tejo, salienta o estudo.

Voltando aos processos de insolvência - indicador que o administrador de insolvência Luís Gomes considera "merecer preocupação", na medida em que parece ultrapassar o que seriam os valores normais ou naturais num ambiente de mercado concorrencial (ver entrevista ) -, o mês com maior número de sentenças foi Outubro, com 386 processos. Mais de metade das acções decorrem a Norte (51,5%), seguindo-se Lisboa e Vale do Tejo (21,5%) e o Centro (18,5). "A tendência crescente que se faz sentir verifica-se em todas as regiões do país", sublinha o estudo, que destaca, em especial, "as regiões da Madeira e Alentejo com, respectivamente, 132% e 56%". O Porto, com 987 casos, Lisboa, com 675, e Braga com 569 concentram 69% das insolvências, mas "cerca de metade dos distritos nacionais apresentam um aumento superior a 30% das sentenças proferidas".

A indústria transformadora e a construção foram os sectores mais penalizados. Não só representam 49% do total de processos como viram aumentar substancialmente o número de casos em 2009: mais 1092 na indústria transformadora (41%) e mais 664 na construção (27%). Seguem-se o comércio grossista e retalhista, o primeiro com mais 512 casos e o segundo com mais 577.

Na criação de empresas, a média mensal foi de 2562, com predominância dos serviços (34,1%) e do retalho (15,4%).