25.3.10

Portugueses entre os mais pessimistas em relação a rendimentos na terceira idade

Por Catarina Gomes, in Público Última Hora

Os portugueses e os italianos estão entre os povos mais preocupados com o seu futuro na terceira idade no âmbito da União Europeia a 27, apresentando o maior nível de preocupação quanto à existência de rendimentos futuros que lhes permitam ter uma vida digna nessa altura da sua vida, revelam os últimos indicadores do Eurobarómetro sobre o impacto social da crise económica, agora divulgados.

Mas a preocupação não existe apenas nestes países. Em 13 países analisados cerca de metade dos cidadãos têm expectativas negativas quanto à existência de rendimentos que lhes garantam boas condições de vida quando forem mais velhos: 51 por cento na Eslováquia e 64 por cento na Letónia. Já em Itália e Portugal a percentagem dos mais preocupados é bastante maior, de 71 por cento e 66 por cento, respectivamente. Os inquéritos foram feitos em Dezembro do ano passado.

Como padrão identificável há mais pessimismo no Leste e Sul da Europa e mais optimismo a Norte. Com níveis altos de segurança quanto ao seu futuro estão, primeiro, os dinamarqueses, depois os suecos, holandeses, luxemburgueses, austríacos e finlandeses.

Questionados sobre se a sua situação económica lhes permitiria lidar com despesas imprevistas de mil euros nos 12 meses seguintes, os portugueses e letões são os que mais disseram que iriam ter grandes dificuldades em lidar com esse problema: 84 por cento no caso dos nacionais e 92 por cento nos nacionais da Letónia.

No que diz respeito à percepção sobre o grau de pobreza no respectivo país, nove em cada vez portugueses, lituanos e franceses responderam que a situação tinha piorado no último ano, sendo que os letões são ainda mais pessimistas, com a quase totalidade dos inquiridos (95 por cento) a terem esta opinião. Mas comparando com os dados de Julho do ano passado, face à mesma pergunta, o grau de pessimismo dos portugueses manteve-se estável.

Mesmo quando a avaliação vai além do nível nacional, a maioria – incluindo portugueses – pensam que não estão sozinhos e que as condições de vida pioraram em todo o espaço da União Europeia.

Mas nem tudo são más notícias. Questionados sobre a sua capacidade de conseguirem pagar contas do quotidiano, empréstimos de casa ou crédito ao consumo, a proporção de portugueses que dizem que existe algum risco de não conseguirem fazer estes pagamentos diminuiu, em comparação com o inquérito feito seis meses antes.

No risco de virem a perder o emprego nos 12 meses seguintes o padrão repete-se, com os países bálticos e alguns de Leste (como a Bulgária e a Polónia) como mais pessimistas, seguidos de alguns países do Sul da Europa, como é o caso de Portugal e Espanha: um em cada cinco portugueses (23 por cento) têm pouca ou nenhuma confiança em manterem os seus empregos no ano seguinte.