2.9.21

População empregada atinge máximo em mais de duas décadas

Isabel Patrício, in EcoOnline

Havia 4.842,7 mil pessoas empregadas, em Portugal, em julho, valor que não só representa uma subida em cadeia e e em termos homólogos, como corresponde a um marco histórico.

À medida que o país desconfina e a pandemia perde força, o mercado laboral dá sinais de retoma. Em julho, a população empregada voltou a aumentar, passando a corresponder a 4.842,7 mil pessoas. Tal número é, segundo os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística, o mais alto desde, pelo menos, 1998.

De acordo com a nota estatística divulgada esta terça-feira, no sétimo mês de 2021, a população empregada cresceu 0,8% face ao mês anterior e 5,3% face ao período homólogo de 2020. Dito de outro modo, há agora mais 39,5 mil pessoas com trabalho em Portugal do que em junho e mais 238,2 mil do que em julho de 2020.


Tal reflete o efeito do processo de desconfinamento progressivo do país na economia, com a generalidade dos empregadores (exceto aqueles aos quais se continuam a aplicar restrições mais severas, como as discotecas) a aproximarem-se, passo a passo, da “normalidade”.

Esse número é, além disso, sinónimo de um marco histórico já que é o mais alto desde, pelo menos, 1998. Em mais de 20 anos de dados, nunca a população empregada tinha atingido um nível tão elevado. Aliás, o segundo valor mais expressivo nesse histórico foi registado também este ano (em junho de 2021) e o terceiro também (em maio de 2021). É, depois, preciso recuar a setembro de 2019 para encontrar o próximo valor nessa tabela.

É importante salientar que, no início de agosto, aquando da publicação dos dados trimestrais do emprego, o Ministério do Trabalho destacou, precisamente, a evolução recordista da população empregada. Isto já que, entre abril e junho de 2021, Portugal atingiu um total de 4,81 milhões pessoas empregadas, valor mais alto desde, pelo menos, 2011.

No caso dos dados trimestrais, é esse o ano mais antigo para o qual há dados disponíveis (2011). Já quanto aos dados mensais, o INE vai mais longe e mostra a evolução desde 1998, daí que seja agora possível indicar que a população empregada está em máximos de mais de duas décadas.

Para os anos mais longínquos, o gabinete de estatística português disponibiliza, por outro lado, os dados da população empregada por anos e também em comparação com esses valores julho de 2021 brilha. Por exemplo, em 1992 (ano mais remoto para o qual há dados disponíveis), havia 4.340,7 mil pessoas empregadas em Portugal, menos meio milhão do que agora.

De notar, por outro lado, que a crise pandémica fez a população empregada emagrecer, mas apenas nos períodos de confinamento mais intensivo, isto é, só se verificaram quebras em cadeia em março, abril e maio de 2020, dezembro desse ano e janeiro de 2021. Nos demais meses, à boleia do alívio das restrições, a população empregada conseguiu ir recuperando, o que contribuiu para o recorde agora verificado.

Além de na população empregada, os sinais positivos também se fazem sentir no desemprego e na subutilização do trabalho.

Em julho, a taxa de desemprego situou-se em 6,6%, tendo caído em cadeia pelo segundo mês consecutivo. Apesar da retoma sinalizada, há ainda mais 6,8 mil pessoas desempregadas do que em fevereiro de 2020, último mês que o país viveu sem o impacto da pandemia.

Também na subutilização do trabalho — que agrupa desempregados, subemprego, inativos à procura de trabalho, mas não disponíveis e inativos disponíveis, mas que não procuram trabalho — julho foi sinónimo de um recuo, tanto em cadeia (menos 0,3 pontos percentuais) como em termos homólogos (menos 3,2 pontos percentuais). No início da pandemia, a passagem de empregados diretamente a inativos (à boleia do impacto das restrições à mobilidade na procura por emprego) levou a que o desemprego ficasse “escondido”, pelo que a melhoria também deste indicador é agora importante para a recuperação do mercado laboral.

Desde o início da pandemia que o Governo tem disponibilizado uma série de medidas extraordinárias para evitar um disparo do desemprego. Esses apoios, tem insistido o Executivo, foram e continuam a ser fundamentais para o cenário positivo que as estatísticas pintam agora do mercado de trabalho português.

Em entrevista, o primeiro-ministro, António Costa, garantiu recentemente que essa “rede de segurança” se irá manter em 2022, mas esses apoios têm conquistado contornos diferentes, nos últimos meses, tornando-se mais difícil, por exemplo, o acesso a eles.