18.1.23

Médicos no interior do país vão ter melhor salário, casa de graça e internato partilhado

Alexandra Campos, in Público

Doentes crónicos vão poder renovar receitas nas farmácias e estas passam a poder distribuir fármacos prescritos nos hospitais para algumas patologias.

O Ministério da Saúde vai avançar com várias medidas para fixar médicos especialistas no interior do país e outras zonas de baixa densidade demográfica. A partir do início de 2024, os jovens médicos que começam a sua formação na especialidade (internato) nestas zonas passarão uma parte desse período não só no hospital de destino mas também num hospital mais diferenciado, designadamente no litoral, anunciou esta segunda-feira o ministro Manuel Pizarro. Terão ainda salários majorados e casa gratuita, a disponibilizar pela autarquia e o hospital de destino, acrescentou o governante num encontro com jornalistas, no Porto.

Este programa de formação partilhada já está a ser preparado em conjunto com a Ordem dos Médicos (OM) e permitirá, por exemplo, que um médico comece o internato no hospital de Santo António, no Porto, e o prossiga no hospital de Bragança. O ministro está convencido de que esta medida "vai resolver o problema" da falta de especialistas "no médio prazo". "Uma parte destes médicos vai-se fixar, não tenho dúvida nenhuma", disse.

São sete os centros hospitalares abrangidos: as unidades locais de saúde do Nordeste (sede em Bragança), a da Guarda, a de Castelo Branco, a do Norte Alentejano (Portalegre), a do Litoral Alentejano (Santiago do Cacém), a do Baixo Alentejo (Beja) e o Centro Hospitalar da Cova da Beira (Covilhã).

Sublinhando que a falta de especialistas nas zonas de baixa densidade é "muito preocupante", Manuel Pizarro especificou que serão priorizadas as especialidades de medicina interna, cirurgia geral, ortopedia, anestesiologia, ginecologia/obstetrícia, pediatria, radiologia e, eventualmente, psiquiatria, pedopsiquiatria e psiquiatria da adolescência.

Estas são medidas para "produzir resultados numa década", assumiu, enfatizando que, "se não se fizer nada, estas especialidades vão desaparecer" nestas zonas.

Renovar receituário crónico nas farmácias

Manuel Pizarro adiantou ainda que o sistema de "dispensa de medicamentos em proximidade" nos hospitais e a renovação da prescrição de medicação de doentes crónicos, nas farmácias, está "em fase final de implementação".

As farmácias passam a poder distribuir os medicamentos prescritos nos hospitais (e que são só dispensados nestas unidades) para tratamento de algumas doenças e a fazer a renovação das receitas de doentes crónicos passadas pelos médicos de família e outros profissionais do Serviço Nacional de Saúde. Além de ajudar a "descongestionar os centros de saúde", a medida vai ter um "enorme impacto" para as pessoas, que deixam de ter ir ao médico de família ou ao hospital pedir uma nova receita dos medicamentos que tomam habitualmente.

Estudo sobre rede hospitalar

O ministro revelou ainda que vai encomendar a "uma instituição credível" um estudo sobre rede hospitalar que se pretende para 2030, o qual deverá está pronto ainda este ano e que permitirá "dar coerência" às decisões. "É absolutamente claro que precisamos de actualizar a rede hospitalar. Há muitas decisões que foram tomadas de forma casuística" e hospitais que estão subdimensionados para a população que servem, como o de Penafiel, o de Almada e o de Amadora-Sintra, disse.

Questionado sobre se o estudo poderá implicar fechos, o ministro assegurou que está mais concentrado "na requalificação e nas aberturas de novos espaços do que nos encerramentos". No entretanto, "vai avançar o hospital de Lisboa Oriental, está em construção o novo Hospital Central do Alentejo. Vai ainda avançar o novo hospital do Algarve e o novo hospital do Oeste".