Sérgio Costa, in RR
Criação do ministério traduz um reconhecimento da "atenção necessária" para a "libertação de uma parte da sociedade portuguesa de situações de miséria", realça o padre Jardim Moreira.
A Rede Europeia Anti-Pobreza (REAPN) considera que o aparecimento de um Ministério da Habitação é um passo importante rumo à dignificação e inclusão da sociedade portuguesa, sublinha
Em declarações à Renascença, o presidente da REAPN, o padre Jardim Moreira, salienta que a habitação é "um dos pilares fundamentais para atacar a pobreza nas suas causas". "É um ponto fundamental para resolver a falta de condições de higiene, de saúde e de autoestima", refere o presidente da EAPN Portugal.
"Muita gente, particularmente entre grupos étnicos, precisa de ter água, luz e aquecimento."
Segundo Jardim Moreira, as famílias mais pobres vivem em "casas desadequadas e sem condições", num momento em que é "fundamental cuidar" da habitação em Portugal. "E é grave, porque não há gente para a construção."
Nesse sentido, o presidente da EAPN Portugal vê no novo ministério da Habitação um reocnhecimento da necessidade de apoiar "uma parte da sociedade portuguesa" para a qual a "habitação é essencial para a sua dignificação, para a sua libertação das situações de miséria em que vivem e para a inclusão de muita gente que vive em barracas".
Até ao momento, Jardim Moreira considera que as políticas de habitação têm falhado no país. "Tem havido aqui e acolá, geralmente através de municípios e através de fundos nacionais, mas a verdade é que o inquérito [que] foi feito aos municípios mostrou a quantidade de milhares de pessoas que não tinham casa digna, aquecimento, ou higiene."
O setor tem sentido "novas dificuldades, que não eram previsíveis há uns anos e que neste momento se acumulam". E o padre acredita que a situação "tem piorado, de algum modo".
"Muita gente não tem dinheiro para pagar a renda, não tem dinheiro para pagar casas novas e vão-se sujeitando a situações cada vez mais difíceis."
A tónica colocada na habitação "é uma aposta que se torna muito importante para a construção de uma sociedade mais digna e mais inclusiva", remata o presidente da EAPN Portugal.