Rute Fonseca, in TSF
Há mais de mil pessoas que fazem das ruas do Porto a sua casa. As contas são do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo. Ao longo do dia, vários sem-abrigo da cidade vão estar frente a frente com quem tem poder de decisão para contarem as suas experiências, apontarem o que falha no sistema de apoio e apresentarem o que pensam ser as soluções certas para este problema.
Querem mostrar que têm uma vida, sentimentos, que ambicionam por um emprego, são iguais aos outros, só não têm uma casa.
António Ribeiro tem 63 anos. Com o apoio da segurança social, vive uma pensão, mas não esquece o passado. Viveu dois dias na rua, 22 dias só com uma sopa e seis meses só com uma refeição por dia.
Esta sexta-feira António Ribeiro vai estar frente a frente com responsáveis políticos e da Segurança Social para dizer o que pensa sobre este problema.
António Ribeiro lamenta que o apoio aos sem-abrigo termine no alojamento.
Christiã é romeno, chegou a Portugal há três anos e meio, veio atrás de um emprego que acabou ao final de um mês. Faz parte da comissão organizadora deste encontro. «Objetivo é alertar as pessoas de cima, há sempre cortes e ficamos sem dinheiro para comer», sublinha.
Christiã está há cerca de um ano a viver na Casa da Rua, da Santa Casa da Misericórdia do Porto.
Ao debate junta-se o cinema e a música. Esta tarde, Nuno Jesus vai cantar nas ruas da cidade. A musica é o seu ganha pão, vive do dinheiro que lhe dão quando canta.
Rute Fonseca