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Plataforma lançada hoje já conta com cerca de 200 desempregados e algumas empresas. Renascença falou com um antigo trabalhador da cerâmica de Valadares e com uma empresa onde a experiência passa à frente da juventude.
Para facilitar a troca de informação entre empresas e desempregados com mais de 45 anos, a Cáritas lança esta quarta-feira a plataforma “In Spira”. Trata-se de uma rede de competências para melhorar a comunicação no mercado laboral e potenciar a contratação de trabalhadores.
Quase 200 pessoas enviaram o currículo para a Cáritas, com o objectivo de fazerem parte da rede, divulgando os seus saberes e competências. Da parte das empresas, algumas também se mostraram interessadas em aderir ao projecto. Muitas fazem parte da GRACE – associação sem fins lucrativos dedicada à responsabilidade social empresarial – que tem uma parceria com a Cáritas.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística, o tempo de espera para um novo emprego sobe à medida que aumenta a idade.
Uma vida fintada pelo desemprego
A Renascença falou com Raul Almeida, antigo porta-voz da comissão de trabalhadores da Cerâmica de Valadares. Deu a cara e a voz pela sobrevivência da empresa, mas os holofotes desligaram-se.
Desde Setembro de 2012, altura em que se inscreveu no centro de emprego, Raul Almeida responde todos os dias a mais do que uma oferta de emprego nos classificados, já mandou currículos para hipermercados, mas as respostas escasseiam.
O antigo trabalhador da cerâmica veio para casa com salários em atraso. E se o ordenado que ganhava não era nenhuma fortuna, o subsídio de desemprego é ainda menos: abaixo dos 500 euros.
Ao longo do tempo, já se habituou a privar-se de coisas aparentemente banais, mas que na situação actual são quase um luxo.
Em casa são cinco: Raul, a mulher e duas filhas, uma delas já maior de idade e com emprego.
A esperança existem e a emigração já foi considerada várias vezes. Vai tudo depender do que aparecer.
Raul Almeida tem 43 anos e dedicou 23 ao serviço da Cerâmica de Valadares. Está há um ano e três meses à procura de regressar ao mercado de trabalho.
Onde a experiência ganha à juventude
Do lado de quem emprega, a Renascença encontrou uma empresa onde a idade é importante na hora de contratar, mas no sentido da experiência e mão-de-obra especializada.
O último trabalhador contratado tem 46 anos e já se pensa abrir as portas a mais pessoas da mesma faixa etária.
“Esperamos que essas pessoas possam trazer e partilhar a sua experiência com as pessoas mais novas que cá temos, para que não se perca esta arte”, refere o presidente Paulo Cunha à Renascença.