Rosa Pedro Lima, in Expresso
Não é novidade o apelo de Francisco à integração dos homossexuais na vida da Igreja. "Quem sou eu para julgar'", disse o Papa, logo no arranque do seu pontificado. Mas, agora, e perante o fogo cruzado da ala mais conservadora, que o acusa de promover o lóbi gay, Francisco não hesitou e defendeu mesmo uma lei civil que enquadre as uniões entre pessoas do mesmo sexo. E isso, sim, é um facto inédito.A frase é curta e muito simples. Mas, o facto de ter sido proferida pelo Papa Francisco, por um lado, e de se referir aos homossexuais, por outro, deu motivo para manchetes em todo o mundo. Pouco importa que as declarações do Papa tenham sido feitas num longo documentário, onde também se falou de pobreza, da atual pandemia, do racismo, dos casos de abusos sexuais, das guerras e das perseguições a minorias. E, claro, da crise dos refugiados, um tema omnipresente no atual pontificado.
"Os homossexuais são filhos de Deus e têm direito a uma família. Ninguém deve ser expulso ou ter uma vida miserável por causa disso", acrescentou o Papa, citado pela agência católica de informação. E a verdade é que esta primeira parte da intervenção de Francisco nem sequer é uma novidade. Em 2013, de regresso da sua primeira grande viagem, feita ao Rio de Janeiro, Francisco aproveitou o voo para Roma para enfrentar o tema dos homossexuais na Igreja. "Quem sou eu para julgar a consciência de um gay perante Deus?", disse na altura.
E, de então para cá, o mote do Papa sobre esta matéria passou a ser sempre este: a Igreja tem de incluir, em vez de excluir, pelo que deve fazer todos os esforços para integrar os fiéis, venham eles de onde vierem.
Em 2014, o tema dos homossexuais fez mesmo parte da agenda do Sínodo para a Família, mas depois de várias polémicas e da revisão de uma proposta mais vanguardista que defendia que "a Igreja deve reconhecer os dons e as qualidades que os homossexuais podem oferecer à comunidade cristã", o Vaticano acabou por consagrar como princípio o acolhimento dos homossexuais "com respeito e delicadeza” na atividade da Igreja.
Mesmo que tímido, este foi um passo em frente na Igreja, cujo catecismo continua a considerar os "atos homossexuais" como "contrários à lei natural".
Francisco fez questão de prosseguir no seu caminho. "Não tem um coração humano" quem condicionar o acesso à Igreja a partir da orientação sexual de cada um disse, no ano passado. "Dar mais importância ao adjetivo [homossexual] que ao nome [homem], não é bom. Somos todos seres humanos e temos dignidade. Não interessa quem se é, ou como se vive a vida – não se perde a dignidade", afirmou o Papa.
"Os homossexuais são filhos de Deus e têm direito a uma família. Ninguém deve ser expulso ou ter uma vida miserável por causa disso", acrescentou o Papa, citado pela agência católica de informação. E a verdade é que esta primeira parte da intervenção de Francisco nem sequer é uma novidade. Em 2013, de regresso da sua primeira grande viagem, feita ao Rio de Janeiro, Francisco aproveitou o voo para Roma para enfrentar o tema dos homossexuais na Igreja. "Quem sou eu para julgar a consciência de um gay perante Deus?", disse na altura.
E, de então para cá, o mote do Papa sobre esta matéria passou a ser sempre este: a Igreja tem de incluir, em vez de excluir, pelo que deve fazer todos os esforços para integrar os fiéis, venham eles de onde vierem.
Em 2014, o tema dos homossexuais fez mesmo parte da agenda do Sínodo para a Família, mas depois de várias polémicas e da revisão de uma proposta mais vanguardista que defendia que "a Igreja deve reconhecer os dons e as qualidades que os homossexuais podem oferecer à comunidade cristã", o Vaticano acabou por consagrar como princípio o acolhimento dos homossexuais "com respeito e delicadeza” na atividade da Igreja.
Mesmo que tímido, este foi um passo em frente na Igreja, cujo catecismo continua a considerar os "atos homossexuais" como "contrários à lei natural".
Francisco fez questão de prosseguir no seu caminho. "Não tem um coração humano" quem condicionar o acesso à Igreja a partir da orientação sexual de cada um disse, no ano passado. "Dar mais importância ao adjetivo [homossexual] que ao nome [homem], não é bom. Somos todos seres humanos e temos dignidade. Não interessa quem se é, ou como se vive a vida – não se perde a dignidade", afirmou o Papa.
CHUVA DE CRÍTICAS
O Papa Francisco até já celebrou missas para prostitutos (gays ou transsexuais) e admitiu no seu círculo de contactos alguns casais homossexuais, entre os quais um do seus antigos alunos, Yayo Grassi, que, com o seu companheiro, chegou mesmo a ser recebido na embaixada do Vaticano em Washington, na altura da visita Papal aos Estados Unidos, realizada em 2015.
A abertura do Papa para o tema da homossexualidade, assim como a tentativa de integrar os católicos divorciados na vida da Igreja, são dois dos principais 'pecados' apontados pela linha mais conservadora da Igreja e que motivam as mais duras críticas a este Pontificado.
No ano passado, dois cardeais apresentaram mesmo uma carta aberta contra o que classificavam de "praga da agenda homossexual" que, alegadamente, passou a dominar o Vaticano e que era "promovida por redes organizadas e protegida por um clima de cumplicidade e uma conspiração de silêncio".
Os cardeais Burke e Brandmuller pediram já a excomunhão de Francisco e são pródigos em divulgar uma espécie de 'lista negra' atualizada dos gays nomeados por Francisco para os mais altos cargos da Santa Sé.
É, certamente, desta ala mais conservadora que se esperam as mais duras reações à nova atitude de Francisco. Mas, por enquanto, só mesmo o público que, esta quarta-feira, pôde assistir ao Festival de Cinema de Roma, teve acesso ao teor integral das palavras do Papa.
O documentário, da autoria do realizador Evgeny Afineevsky, estreou-se naquela festival e tem por base um conjunto de entrevistas ao Papa Francisco e ao seu antecessor, Bento XVI, além de colaboradores da Cúria Romana e familiares do atual pontífice.mos de criar uma lei sobre a união civil".