28.10.20

Presidente da Cáritas "muito preocupado" com pedidos de ajuda pede plano nacional contra o empobrecimento

Liliana Coelho, in Expresso

A organização humanitária registou um aumento de 48% dos pedidos de ajuda desde que começou a pandemia face a igual período do ano passado

O presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, manifestou-se preocupado com o número crescente de famílias em dificuldades e apelou à criação de um Plano Nacional contra o Empobrecimento durante a audiência desta terça-feira em Belém.

Segundo o dirigente, a organização humanitária registou um aumento de 48% dos pedidos de ajuda desde que começou a pandemia face ao período homólogo de 2019. "O pico maior foi no mês de abril, entre abril e maio, isso percebemos porque foi o tempo da candidatura ao lay-off, houve atrasos nessas candidaturas, empresas que não puderam pagar os salários e houve gente que teve quebra de rendimentos", afirmou Eugénio Fonseca aos jornalistas à saída da reunião com o Presidente da República.

O presidente da Cáritas admitiu que a organização está a sentir muitas dificuldades e que a situação deverá agravar-se face à evolução da pandemia. "Há famílias que nos procuram para pagar água, luz e gás. Vamos entrar em períodos muito difíceis, a Cáritas está a sentir muitas dificuldades em atender todas as situações que aparecem. Nós estamos altamente preocupados com os jovens, adultos que até alguns já estavam a iniciar projetos de vida e que tiveram que regredir porque ficaram com rendimentos mais baixos ou ficaram mesmo sem rendimentos porque estavam em trabalhos temporários", alertou.

"Estamos muito preocupados com as famílias monoparentais onde a pobreza se acentuou. A pobreza infantil continua a ter contornos preocupantes", acrescentou ainda.

Considerando que a atual crise foi "abrupta" e "agressiva", apanhando de surpresa muitas famílias que antes não tinham dificuldades, o presidente da Cáritas insistiu na criação de um plano contra o empobrecimento no país.

"O plano criado pelo Costa Silva tem que ser acompanhado por este outro plano, que mais do que um plano contra a pobreza tem que ser um plano contra o empobrecimento, porque à volta das questões da pobreza existe o arrendamento, o acesso à Saúde, o acesso de oportunidades na Educação em qualquer nível de Ensino e existe ainda a fiscalidade", salientou.

Recorde-se que o Governo se comprometeu a apresentar até 15 de dezembro a Estratégia Nacional de Combate à Pobreza, com vista a diminuir as desigualdades no âmbito da pandemia.