2.3.10

Portugal é o segundo país com mais dadores

por Diana Mendes, in Diário de Notícias

Portugal alcançou em 2009 os 31 dadores por milhão de habitantes. A colheita subiu 65% desde 2006 e 16% no último ano.

Portugal já tem 31 dadores de órgãos por milhão de habitantes, passando, pela primeira vez, a fasquia dos 30. A colheita de órgãos aumentou 16% de 2008 para 2009, o que coloca Portugal em segundo lugar em todo o mundo depois da Espanha, que tem mais de 34 dadores por milhão.

Maria João Aguiar, coordenadora nacional das unidades de colheita da Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação (ASST), disse ao DN que, em 2009, "atingimos os 329 dadores", mais 46 do que no ano anterior, o que significa que num ano "colhemos cerca de mil órgãos". Em 2000, por exemplo, tínhamos apenas 16 dadores por milhão e 200 no total. No último ano, a colheita subiu 65% em relação a 2006.

Os Hospitais Universitários de Coimbra (HUC) foram os que mais órgãos colheram, o que significa que a região Centro, com 42,7 colheitas por milhão, já ultrapassou os níveis do país líder na colheita.

Morais Sarmento, presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação, disse ao DN que, fundamentalmente, há duas razões para termos chegado a estes dados: "Por um lado, há uma maior ligação entre as unidades de cuidados intensivos", que mais rapidamente têm identificado dadores potenciais. Por outro lado, "a ASST desenhou um modelo de colheita semelhante ao dos espanhóis, nomeando coordenadores de colheita em todos os hospitais com unidades de cuidados intensivos", realça.

No ano passado, bateram-se ainda os recordes relativamente ao dador vivo, em grande parte com o crescimento da dádiva entre marido e mulher e vice-versa.

Maria João Aguiar refere que houve 65 colheitas em dador vivo, um quarto das quais já entre cônjuges e ainda nenhuma entre amigos. "Assim conseguimos um aumento de 25% da dádiva em dador vivo". Santa Cruz foi o hospital com mais transplantes do género, logo seguido pelo Santo António "com 29 em 2009", diz ao DN Morais Sarmento.

O objectivo da ASST é, agora, consolidar a colheita. "Queremos pelo menos manter o volume de 2009, aumentar a dádiva em vida e dar início ao transplante cruzado" (vai caixa ao lado). São estes avanços que vão permitir o reforço da actividade de transplantação. Em 2008 foram realizados 861 transplantes, dos quais 527 foram de rim, 274 de fígado e 42 de coração.