26.2.13

Mais de 15% das habitações de Lisboa estão vazias

por Lusa, texto publicado por Sofia Fonseca, in Diário de Notícias

Mais de 15 por cento dos 322 mil alojamentos na capital estão vazios, segundo o "Retrato de Lisboa", hoje apresentado, a primeira publicação da Pordata que concentra informação sobre o município.

Lisboa tinha, em 2011, 322.865 alojamentos familiares, dos quais 84,4 por cento estavam ocupados: das habitações vazias, 3,4% destinavam-se a aluguer e 12,2% eram "outros alojamentos vagos".

A habitação é um dos 12 indicadores utilizados no "Retrato de Lisboa", que revelou também que, com 85 metros quadrados -- 0,1% do território continental -, a capital tem 547.733 habitantes, menos um terço que em 1960. Apesar da perda de população nos últimos 50 anos, Lisboa continua a ser o concelho mais populoso do país, seguido de Sintra, com cerca de 400 mil residentes.

"Lisboa perdeu população, e isso é um dado que pode surpreender, porque hoje sentimos que a cidade tem muito mais pessoas, mais trânsito, mais confusão, que há 50 anos. Já em Sintra, neste período, a população quintuplicou", disse a diretora da Pordata, Maria João Valente Rosa, que salientou que a capital "é cada vez menos pertença dos seus residentes e cada vez mais uma cidade de muitos".

Da população lisboeta, 8,1% (44.128 pessoas) são estrangeiros.

Quase um quarto da população é idosa (23,9%), enquanto 63,2% são pessoas em idade ativa -- dos 15 aos 64 anos. Os jovens, abaixo dos 15 anos, representam 12,9%. O retrato mostra, ainda, uma cidade mais envelhecida que o resto do país: em 2011, os idosos representavam 19% da população em Portugal. Naquele ano, houve mais mortes (6.619) do que nascimentos (5.733).

Mais de metade da população da capital -- 52% (287.859 pessoas) -- é pensionista.

Por outro lado, o estudo mostra que Lisboa é uma verdadeira cidade universitária: tem 123.444 alunos do ensino superior, quase tantos que o total de estudantes no Porto, Coimbra, Braga e Aveiro. Tem ainda mais de 121 mil alunos nos restantes níveis de ensino.

Lisboa tem "as duas realidades, a população envelhecida e a população jovem que quer começar aqui os seus negócios", referiu a autarca, defendendo que "este confronto entre os dois dados tem de fazer pensar em estratégias que incluam todos".

Na saúde, o "Retrato" demonstrou que Lisboa "tem uma dimensão de escala, em termos de hospitais e prestação de cuidados de saúde, que vai para além dos serviços que presta aos seus residentes", disse a diretora da Pordata.

A Câmara Municipal gasta 888 euros por habitante -- cerca de metade corresponde a despesa com pessoal -, recebendo 980 euros por munícipe.

A nível de justiça e segurança, havia em 2010 mais de 1,3 milhões de processos pendentes nas polícias, com 42 mil crimes praticados, a maioria dos quais contra o património, seguidos do pequeno furto.

O "Retrato de Lisboa" é o primeiro retrato municipal, em formato 'ebook' (disponível na internet), realizado pela Pordata, que desafia os restantes 307 municípios do país a procurarem recolher esta "informação útil para os cidadãos".

Na apresentação, o presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos - a que pertence o projeto Pordata -, António Barreto deu o exemplo da reforma administrativa na capital, que reduziu de 53 para 24 freguesias, como "uma lição que Lisboa deu a muitos concelhos".

"A capital tratou de si própria, não esperou que o Governo viesse impor quantas freguesias deviam ser criadas. Portou-se com alguma razoabilidade e originalidade", afirmou.