27.2.13

“Pobreza estendeu-se” em Portugal

in RFM

Rede Europeia Anti-Pobreza contraria organismo estatístico da União Europeia, segundo o qual a percentagem da população portuguesa em risco de pobreza diminuiu em 2011.

O presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza considera ilusório acreditar numa diminuição do risco de pobreza em Portugal, em reacção aos últimos números do Eurostat.

O padre Jardim Moreira garante, em declarações à Renascença, que o critério europeu que define o risco de pobreza em cada Estado-membro da União Europeia tem pouca adesão com a realidade.

“O critério é, normalmente, a mediana dos salários de cada país. Em 2011 houve muitas empresas que fecharam, muita gente que começou a receber dinheiro do subsídio de desemprego, a viver do RSI [Rendimento Social de Inserção], outros tiveram cortes nos salários e então sabemos que os vencimentos baixaram, a mediana fica mais homogénea e dá a impressão técnica de que os portugueses não ficaram tão pobres, mas a verdade é que a pobreza estendeu-se.”

O presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza alerta, por outro lado, que as diferenças culturais e até religiosas entre os Estados que ditam as regras e os países periféricos do Sul da Europa estão a contribuir, a prazo, para uma desagregação do projecto europeu.

“Se esta imposição do sistema anglo-saxónico, alemão, etc… vai haver uma catástrofe, porque eu penso que estamos numa guerra, numa luta, desigual de culturas e de pensamento. Há que saber governar o que é diferente de forma diferente”, afirma o padre Jardim Moreira.

O comentário do Padre Jardim Moreira, presidente da rede europeia anti-pobreza no dia em que o gabinete estatístico da União Europeia divulgou os dados sobre o risco de pobreza.

A percentagem da população portuguesa em risco de pobreza diminuiu em 2011, por comparação com o ano anterior, mas continua a atingir quase um em cada quatro cidadãos nacionais, de acordo com os dados divulgados nesta terça-feira pelo Eurostat.

O organismo estatístico da União Europeia indica que, actualmente, 24,4% dos portugueses vivem em risco de pobreza ou exclusão social, quando essa percentagem em 2010 era de 25,3%