21.2.13

Pelo menos dois idosos por dia são vítimas de violência em Portugal

in Jornal de Notícias

Pelo menos dois idosos por dia são vítimas de crime, muitos deles agredidos pelos filhos, segundo o relatório anual da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, que no ano passado registou 20311 crimes.

As estatísticas da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), divulgadas esta quarta-feira, referem que 809 idosos foram vítimas de crime, representando 9% do total das vítimas diretas registadas pela associação em 2012 (8945).

Em 39% das situações reportadas à APAV, "a relação entre autor do crime e a vítima era a de pai/mãe", enquanto em 26,9% dos casos era de marido e mulher e em 3,1% das situações eram netos.

A maioria das vítimas (80,6%) é mulher, 32,9% tinham entre os 65 e os 70 anos e 27% entre os 75 e os 80 anos.

Mais de um terço (34,4%) das vítimas tinham uma família nuclear com filhos e quase 18% viviam sós, refere o documento publicado no "site" da associação.

Os dados indicam também que 7% das vítimas não tinham escolaridade, 3,7% tinham o primeiro ciclo do ensino básico e o mesmo número o ensino superior.

A maioria (78%) estava reformada, tendo como principal meio de vida os rendimentos da sua pensão (71,7%). Quase 10% por cento das vítimas residia no distrito de Lisboa, 3,7% no distrito do Porto e 2,5% nos Açores.

Por oposição à vítima, a maioria dos agressores (67%) são homens e 39% casados. Quase 18% tinham mais de 65 anos de idade e 7,8% entre os 45 e os 50 anos.

Relativamente à escolaridade, 8,1% dos autores do crime apenas sabiam ler e escrever. Quanto à atividade económica, 21,4% estavam empregados, 20,7% reformados e 18,4% desempregados.

Perto de 17% eram dependentes do álcool e 8,1% não tinham antecedentes criminais.

De acordo com a tendência que se tem verificado em anos anteriores, a residência comum do agressor e da vítima foi onde ocorreu a maioria das situações (54,4%), seguindo a casa do idoso (24,9%).

As situações de vitimação apresentadas à APAV eram, na sua maioria, de caráter continuado (68,9%), com duração entre os dois e os seis anos (7,8%).

"No total de crimes assinalados, os registos encontrados sobre o recurso a armas durante a prática dos crimes não foram muito significativos" refere a APAV.

Apenas em 23% dos casos foram apresentadas queixas às autoridades. Destas, 47,1% foram feitas à PSP e 24,6% à GNR, encontrando-se 40,6% dos processos em fase de inquérito.

A APAV presta quatro tipos de apoio: genérico/prático, jurídico, psicológico e social.

Como tem acontecido em anos anteriores, o apoio jurídico foi o mais utilizado em 2012 (45,1%), seguindo-se o psicológico 32,9%, o genérico 15,4% e o apoio social 6,6%.

Os casos são encaminhados para a associação pelas entidades policiais (27%), pelos Gabinetes de Apoio à Vítima (18%) e Segurança Social (15%).

Em cerca de 60% dos casos, é a vítima que estabelece o contacto, seguindo-se os familiares, em cerca de 18 das situações. A rede de amigos (9,7%) e as instituições (6%) demonstram também alguma relevância nestas situações.

As principais fontes de referenciação dos utentes para a APAV em 2012 foram a publicidade (10,2%), a PSP (5,8%), os amigos/conhecidos (6,3%), familiares (4%), a comunicação social (2,7%) e os estabelecimentos de saúde.