in Notícias ao Minuto
As instituições de solidariedade social de S. Miguel, Açores, recebem cada vez mais pedidos de apoio de famílias da classe média com dificuldades na alimentação ou em pagar a renda da casa devido ao aumento do desemprego e à crise.
“Todas as semanas temos um a dois casos novos de famílias em dificuldades”, afirmou Vitória Furtado, coordenadora do Centro Paroquial de Bem Estar Social de São José, que tem em curso o Projecto S.Lucas - Plano de Resposta à Pobreza de S. José, que apoia 45 famílias, num total de 150 pessoas.
Os voluntários distribuem ainda, quinzenalmente, 45 cabazes alimentares, organizados pela Conferência Vicentina de S.José, um dos movimentos que faz parte do projecto.
Segundo Vitória Furtado, são cada vez mais os pedidos de ajuda “não apenas de famílias que viviam no limiar da pobreza”, mas "também de agregados da classe média em que um dos membros perdeu o emprego ou tem uma situação precária laboral” e que solicitam apoio alimentar, pagamento de renda, vestuário ou medicamentos para doentes crónicos.
Para angariar fundos para as famílias, este projecto criou uma bolsa social, um site que disponibiliza informação específica sobre as necessidades da população da paróquia, tendo Vitória Furtado frisado que a iniciativa tem sido um instrumento importante face “ao aumento do número de pedidos".
Além de necessidades alimentares ou em termos médicos, os internautas solidários podem contribuir com mobiliário, dinheiro, utensílios ou voluntariado.
“Tentamos acompanhar de todas as formas estas solicitações para diminuir o impacto que a crise está a ter nos agregados familiares. Quando são casos referentes a outras freguesias, são encaminhados para outros serviços de apoio", explicou, frisando que o projecto S. Lucas “trabalha numa lógica de autonomização das famílias” através de acções de formação sobre economia doméstica, estratégias de poupança, procura de emprego ou práticas parentais.
A crise e o desemprego levaram também a "um grande aumento dos pedidos de ajuda" à Cáritas de S. Miguel, instituição da Igreja Católica, que em 2012 registou "um aumento entre 150 a 200 casos".
"Em 2012 apoiamos 1.200 pessoas essencialmente em vestuário, alimentação, apoio financeiro e acolhimento institucional e cerca de 40 casos de recuperação habitacional", avançou à Lusa Luísa Gonçalves, assistente social da Cáritas de S. Miguel, acrescentando que este ano as solicitações estão "muito centradas no apoio financeiro e no acolhimento institucional de famílias", devido ao desemprego.
Também à Associação Novo Dia, que apoia pessoas em situação de exclusão social, têm chegado "muitos pedidos", sobretudo para a alimentação, de acordo com Paulo Fontes, um dos coordenadores daquela associação, alertando para o "aumento da pobreza".
"Muitas pessoas vêm ter connosco porque estão quase na rua. Não têm dinheiro para pagar a renda, porque estão desempregados", referiu Paulo Fontes à Lusa, lembrando que a associação dirige mais o seu apoio aos sem-abrigo, deportados, reclusos e mulheres em risco.