por Domingos Pinto, in RR
Responsável da pastoral social do Patriarcado de Lisboa alerta para situação de ruptura. “Nós já não sabemos o que havemos de fazer", afirma o cónego Francisco Crespo.
As instituições particulares de solidariedade social (IPSS) estão à beira da ruptura e, em alguns casos, já falta dinheiro para pagar aos funcionários, alerta o responsável da pastoral social do Patriarcado de Lisboa.
“Não vale a pena o Estado dizer-nos: ‘mais cantinas sociais, mais instituições’… Não. Estamos a abarrotar de gente a bater às nossas portas, com fome e com necessidades básicas”, afirma o cónego Francisco Crespo, em entrevista à Renascença.
O sacerdote dá o exemplo da cidade de Lisboa, que “está completamente abandonada e entregue a si mesma”, com “tantos idosos sozinhos” e “abandonados nos hospitais”.
“Nós já não sabemos o que havemos de fazer, já não contamos quantos almoços e jantares damos a mais. Chega-se a uma altura em que nós próprios entramos em ruptura.”
“Não sei se vamos conseguir aguentar com tudo isto, porque nós, em consciência, não deveríamos abandonar e deixar ninguém ao menos com um prato de sopa, mas isto sai do nosso bolso e chegamos a uma altura em que não temos para pagar aos funcionários”, refere o cónego Francisco Crespo.
Neste entrevista à Renascença, o responsável da pastoral social do Patriarcado de Lisboa considera que o Governo “pode fazer mais” pelos portugueses carenciados e que o plano de emergência social tem tido um impacto pouco significativo no combate à crise.
“Estou pessimista. Até que ponto é que o Estado vai conseguir corresponder, pelo menos, àquele pouquinho que nos está a dar. O plano de emergência social é uma gota no oceano, tudo isso são pequenas coisas que apareceram: as cantinas sociais, o plano de emergência. O plano de emergência foi uma coisa que apareceu e desapareceu, nós não recebemos nem mais um cêntimo a mais do Estado e temos de sobreviver.”
O sacerdote aponta também o envelhecimento da população como uma das causas do aumento da pobreza nas famílias.