in Jornal de Notícias
O ministro da Economia defendeu, esta sexta-feira, que "o país não é amigo do investimento nem das empresas", e que é preciso travar uma "guerra à burocracia" para fomentar o crescimento económico.
Sem abordar o agravamento das condições macroeconómicas previstas esta sexta-feira para Portugal pela Comissão Europeia, Álvaro Santos Pereira discursava em S. João da Madeira como convidado da Distrital de Aveiro do PSD, no âmbito das II Jornadas sobre Consolidação, Crescimento e Coesão.
"O nosso país não é amigo do investimento nem amigo das empresas", afirmou o ministro. "Dificultamos a vida aos nossos empresários e, quando o fazemos, obviamente não temos investimento como devíamos ter".
Álvaro Santos Pereira quer, por isso, fazer "guerra à burocracia", mas admite que, entre as "dezenas de medidas" que o Governo adotou nessa perspetiva, "essas nem sempre têm a eficácia desejada".
O ministro propõe-se agora "rever e melhorar" esses processos, recordando que, até à chegada do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, "havia uma política de irresponsabilidade que tinha que ser travada e foi mais uma vez o PSD que teve a coragem de implementar uma série de reformas".
Hermínio Loureiro, que integra o Conselho Nacional do PSD e preside à Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, reconhecera pouco antes, no mesmo evento, a pertinência de algumas das medidas adotadas pelo Governo, repetindo também a ideia de que "era preciso coragem para fazer essas reformas".
O social-democrata elogiou o trabalho de Passos Coelho ao nível das mudanças introduzidas na legislação laboral, na lei da concorrência e na lei do arrendamento, apoiando também a estratégia das privatizações, que, na sua perspetiva, "não estão a ser feitas a qualquer custo".
O autarca deixou, contudo, uma recomendação ao ministro: "O IRC tem que baixar. É fundamental baixar a carga fiscal das pessoas e das empresas, para a economia poder crescer."
À chegada aos Paços da Cultura de S. João da Madeira, onde decorre a sessão promovida pela distrital do PSD, Álvaro Santos Pereira foi recebido às 21.35 horas por cerca de 30 manifestantes que à sua passagem entoaram a canção "Grândola Vila Morena".
Entre as frases que podiam ler-se nos cartazes do protesto, incluía-se "Emigra tu!", "Demite-te! Já chega de burrice!" e "Há 40 anos que ninguém era identificado por cantar Zeca!".
Mais tarde, em plena conferência, o ministro viria a admitir: "Apesar de toda a contestação e de sabermos que estamos a tomar adotar medidas impopulares, o sentido de responsabilidade que sempre caracterizou este partido está representado nos seus governantes atuais".