20.7.22

Impacto do acesso a cuidados de saúde na mortalidade tem que ser estudado

Joana Amorim, in JN

Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) foi ouvido, nesta manhã de terça-feira, na Comissão de Saúde, no Parlamento.Perceber se o acesso a cuidados de saúde durante a pandemia teve ou não impactos na mortalidade requer um estudo de fundo, estando desde já o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) disponível para o fazer, se para tal solicitado. Ouvido nesta manhã na Comissão de Saúde a pedido do PSD sobre a mortalidade em Portugal, o presidente daquele instituto, Fernando de Almeida, garantia aos deputados que "se não tivessem sido tomadas as medidas que o SNS tomou logo em março de há dois anos, provavelmente haveria um excesso de mortalidade muito mais preocupante".

Sobre o acesso, lembrou o que foi o confinamento e o "receio das pessoas em irem ao hospital, o que naturalmente tem reflexos", não só em Portugal, "mas também em França, Espanha, Inglaterra ou Alemanha". Se "solicitada ao INSA, a questão do acesso vai ser estudada, no âmbito da sua metodologia científica". Sublinhando Fernando de Almeida aos deputados que a "análise dos números [da mortalidade] a frio, sem enquadrar, é sempre de evitar".

O coordenador do departamento de epidemiologia do INSA, por sua vez, desmontou que os "fatores que concorrem" para o óbito "são múltiplos e complexos". Segundo Carlos Dias, "quando se fala de mortalidade atribuível ao calor, à gripe, muitas vezes é um fator precipitante, não uma causa direta", lembrando que os "golpes de calor são pouco frequentes". E a estes fatores precipitantes "junta-se a população mais envelhecida a nível europeu, as comorbiilidades, as fragilidades da vida pessoal e social". Sendo que, precisou, "a fração de óbitos que não é atribuível a esses fatores [como o calor, o frio ou a gripe] tem sido pequena, da ordem dos 10%, e é nessa fração que a investigação se torna muito importante, olhando para a mortalidade específica por causa".