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Reportagem Especial, esta segunda-feira no Jornal da Noite
Em Portugal existe um banco onde qualquer pessoa pode abrir uma conta. Como qualquer outra instituição bancária tem agências, cheques, depósitos e levantamentos. A grande diferença é que, em vez de dinheiro, transacciona tempo. Por cada hora depositada, os clientes recebem 60 minutos. Os bancos de tempo nasceram em Itália há quase duas décadas e chegaram a Portugal há oito anos. Têm mais de 700 clientes.
Vizinhas há mais de 50 anos, Branca da Costa e Júlia Lajes, Branquinha e Julinha, como gostam de ser chamadas, habitam o lado escondido da Foz: uma das muitas ilhas do Porto, nome de gíria dos antigos bairros operários da cidade.
Casas de 16m2 onde cabem famílias inteiras, e uma antiga promessa de demolição. Branquinha faz arranjos de costura, em troca pede ajuda para preencher o IRS. Julinha oferece-se para limpar casas e gostava que a ensinassem a tocar piano.
Guti Pimenta Santos vive na Foz que o Porto se orgulha de mostrar. Um condomínio de luxo nascido da demolição de um palácio, numa zona onde o m2 integra a lista dos mais caros da Europa. Dos dias demasiado vazios surgiu a Guti a ideia de trazer para a cidade os bancos de tempo.
Em dois anos de existência o conceito atraiu à agência do Porto mais de 50 pessoas. Gente de diferentes extractos sociais, económicos, culturais. Unidos pela Foz, muitas vezes pela solidão, ou por dias que um dia se tornaram demasiado longos.
"O banco de tempo não é um serviço, é um dinamismo". A definição é de Margarida Santos, membro da Graal - uma associação internacional de mulheres - e responsável pela importação do conceito.
Nas dezasseis agências espalhadas pelo continente e ilhas há clientes entre os 12 e os 92 anos. 70% são mulheres.
Os Bancos de Tempo dão tema à Reportagem Especial desta semana.