27.7.11

CNJP/Crise: Faltam alternativas de «crescimento económico»

in Agência Ecclesia

Alfredo Bruto da Costa considera que a austeridade é insuficiente e critica imposto extraordinário por taxar apenas «rendimentos do trabalho»

O presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) defende que as medidas de austeridade que estão a ser aplicadas contra a crise são “uma condição necessária, mas insuficiente”, se não forem acompanhadas por um desenvolvimento efetivo.

“Uma coisa eu critico no programa da ‘troika’ [FMI, Banco Central Europeu, Comissão Europeia] e do Governo: é terem deixado para uma segunda fase o problema do crescimento económico e da construção de uma nova sociedade”, aponta Alfredo Bruto da Costa, em entrevista ao Programa ECCLESIA, na RTP2.

Para o antigo ministro dos Assuntos Sociais, aqueles dois pontos deveriam ser prioritários, uma vez que “sem eles não há criação de riqueza nem de rendimento para se poder pagar as dívidas”.

Além disso, este especialista nos problemas da pobreza, exclusão social e desenvolvimento entende que o Executivo liderado por Pedro Passos Coelho não pode pedir um esforço suplementar aos portugueses, no sentido de “alimentar a poupança”, e esquecer-se depois de incluir quem mais pode dar.

Referindo-se concretamente ao imposto extraordinário sobre o próximo subsídio de Natal, Alfredo Bruto da Costa realça que “não é tão justo como devia ser, na medida em que exclui certos tipos de rendimentos”.

O antigo responsável pelo Conselho Económico e Social acrescenta mesmo que, segundo a linha política que está a ser seguida, “ninguém deveria ser taxado”, uma vez que “os rendimentos do trabalho também contribuem para a poupança”.

O presidente da CNJP antevê assim um longo caminho para a coligação PSD/CDS-PP, se esta quiser manter o “crédito” obtido nas últimas eleições.

“Estamos perante um problema de crise de liderança política, uma fase em que a democracia como que descolou da vida real das pessoas”, lamenta aquele responsável, que reclama maior capacidade de participação para os órgãos que integram a sociedade civil.

“Tirando os chamados parceiros sociais, temos hoje muitas outras organizações em que os cidadãos se agrupam com um objetivo comum, mas sem representação capaz no processo de decisão política”, sustenta.

A Comissão Nacional Justiça e Paz é um organismo laical da Conferência Episcopal Portuguesa, criado com a finalidade genérica de promover e defender a justiça e a paz, à luz do Evangelho e da doutrina social da Igreja.

PTE/JCP