29.7.11

Só uma grande revolução tecnológica devolverá à serra a riqueza produtiva

Por Carlos Filipe, in Público on-line

Falta de máquinas, custos de produção e envelhecimento dos agricultores deixaram campos ao abandono. Mas ainda há uma velha cooperativa na serra que teima em combater o pessimismo.

Não há vivalma sob o sol a pique naquela hora que dá sono. Depois do almoço, nem os cães se atrevem a pôr a pata em terra quente de Santa Catarina da Fonte do Bispo, ainda Tavira, mas já fronteira com São Brás de Alportel. É um pequeno planalto entre montes e vales da serra, onde só as cigarras cantam, estridentemente. Ainda há ali uma cooperativa agrícola, já peça única no Algarve.

Terra de recolha e de transformação dos produtos agrícolas locais, ali se erguem, majestosos, que ao longe se avistam e anunciam, os silos de cereais da Cooperativa de Santa Catarina. No conjunto, já são apenas expressão do fulgor artístico do arquitecto algarvio Manuel Gomes da Costa, o "modernista do Sul". Natural de Vila Real de Santo António, vive em Faro, onde deixou marca. Influenciado por Óscar Niemeyer, ergueu para fins associativos uma peça do tecido produtivo algarvio, que agora se limita a resistir à penúria da agricultura serrana. Os silos estão vazios de cereais.