29.7.11

Seropositivos da Suazilândia obrigados a comer excremento

in Jornal de Notícias
Centenas de habitantes empobrecidos e seropositivos do reino da Suazilândia, sul de África, estão a comer excremento de vaca nas zonas rurais para evitar que a medicação com retrovirais seja efectuada com o estômago vazio.

"Parecia quase bizarro quando ouvi pela primeira vez, mas depois um deputado denunciou a situação no parlamento, e disse que as pessoas faziam isto na sua área, refere Wandile Khoza, uma activista na luta contra a Sida, citada pela IRIN, um serviço noticioso das Nações Unidas.

A rede nacional da Suazilândia das pessoas que vivem com Sida (SWANNEPHA) confirmou que alguns dos seus membros estavam a consumir excrementos de vaca, após o deputado Josephs Souza, eleito pela área rural de Lugongolweni, ter referido que tinha conhecimento desta prática durante uma visita aos seus eleitores seropositivos.

"O delegado de saúde rural conduziu-me a um dos doentes que consome ARV e que é um dos que misturam excremento de vaca com água, que depois consomem, antes de tomarem os medicamentos", disse na sua intervenção no parlamento.

"Registámos que há doentes que estão a comer essa mistura nefasta porque os ARV que lhes fornecemos têm de ser ministrados após uma refeição", referiu a SWANNEPHA em comunicado.

Estudos revelam que o consumo de ARV com o estômago vazio poder exacerbar os efeitos secundários das drogas, incluindo dores de cabeça, tonturas e tremores.

Estas revelações já originaram um protesto sem precedentes de centenas de seropositivos na quarta-feira em Mbabane, capital administrativa da Suazilândia.

A polícia proibiu um desfile de protesto organizado pelo SWANNEPHA, e 500 dos seus activistas optaram por seguir de autocarro em direcção ao ministério da Saúde, para entregar uma petição.

A organização também promoveu uma iniciativa similar junto do departamento governamental que financia esta estrutura e outras organizações de combate à Sida, atualmente com problemas de sobrevivência.

A Suazilândia está confrontada com uma crise financeira que implicou um corte de 14 por cento da ajuda do governo às organizações humanitárias locais.