José Bastos, in RR
D.Américo Aguiar, Nuno Botelho e Rosário Gamboa na análise da actualidade.
Ninguém imaginava no início de janeiro quando surgia a notícia da primeira morte em Wuhan, como resultado de um novo vírus, que nove meses depois o mundo estaria a lamentar ter ultrapassado a marca do milhão de mortes.
Com um número total de infectados a superar já os 32 milhões, a verdade é que – apenas nove meses depois – a comunidade das nações está bem mais preparada, atenta e disponível para suavizar o risco mortífero da doença e mostra progressos no desenvolvimento de vacinas.
Ainda assim, países que julgavam ter a pandemia controlada, depois da letalidade ter sido circunscrita a mínimos, confrontam-se agora com os efeitos da segunda vaga. De novo se discute o excecional do quotidiano: a vida com máscara e em distanciamento social, o regresso a casa, o teletrabalho e a hora da máxima responsabilidade individual.
Os temores dos efeitos da crise económica global – desde 1870 nunca tantos países estiveram em recessão ao mesmo tempo e 37 milhões caíram na extrema pobreza, de acordo com o estudo mais recente da Fundação Gates – reforçam-se nas prioridades de decisores e cidadãos.
Apesar dos progressos crise sanitária está por resolver, o inverno anuncia-se longo no hemisfério norte, mas, no final da primavera, entre a imunidade de camadas da população e a vacina a proteger grupos de risco, talvez se possa ver a luz ao fundo do túnel.
Até lá o milhão de vítimas da Covid 19 são o pretexto simbólico para avaliar as várias dimensões da crise, as individuais e coletivas, e projetar as consequências na frente sanitária, económica e até de geopolítica no plano internacional.
A análise é de D. Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, Nuno Botelho, presidente da ACP – Câmara de Comércio e Indústria do Porto, e Rosário Gamboa, professora do ensino superior.