2.11.21

Chega de pobres na pandemia

Mark Malloch-Brown, Raj Shah e Darren Walker, in DN

Acovid-19 bipartiu o mundo como quase nenhum outro acontecimento. Os países mais ricos têm doses de vacinas mais do que suficientes para proteger as suas populações da devastação do vírus, enquanto os países mais pobres não as têm em número suficiente. Os que residem no Norte Global também têm os meios para evitar calamidades económicas e perturbações sociais através de pacotes de estímulo massivos, enquanto centenas de milhões no Sul Global foram levados à extrema pobreza. Esta divisão desigual deixa a humanidade muito mais vulnerável ao próximo estágio da pandemia, bem como a qualquer outra crise sistémica que possa surgir.

Como dirigentes de algumas das maiores instituições filantrópicas do mundo, há duas coisas de que temos a certeza. A primeira: a história ensinou-nos que a mudança transformacional tem sido quase sempre desencadeada por alguma crise profunda. A segunda: só quando o mundo se une é que consegue levar a cabo a ação ousada e urgente necessária para reverter a grande divergência que vemos hoje entre os ricos e os pobres. Só através da cooperação e coordenação poderemos iniciar uma era de progresso transformadora.

Para esse efeito, a Fundação Aliko Dangote, a Fundação Archewell, a Fundação Bill & Melinda Gates, a Fundação Chaudhary no Nepal, a Fundação Children"s Investment Fund, a Fundação Conrad N. Hilton, a Fundação Ford, a Fundação Saldarriaga Concha, o Kagiso Trust, a Fundação MasterCard, a Fundação Mo Ibrahim, as Fundações Open Society, a OppGen Philanthropies, a Fundação Rockefeller e a Fundação William e Flora Hewlett uniram forças para estabelecer uma aliança mundial de fundações. E estamos a convidar outras entidades filantrópicas para se juntarem à nossa rede.

Na nossa primeira reunião esta semana, concordámos que as nossas organizações, que até agora se comprometeram coletivamente com três mil milhões de dólares para combater a covid-19, mobilizarão recursos adicionais, conhecimento e poder de argumentação para apoiar os esforços mundiais. As nossas estratégias serão moldadas sob o parecer de instituições como a Organização Mundial da Saúde e os Centros Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças, bem como grupos da sociedade civil e líderes comunitários em todo o mundo.

Ao longo do ano passado, as nossas respetivas instituições apoiaram as comunidades e indivíduos na linha de frente da crise, demonstrando através da sua resposta o que a humanidade tem de melhor: compromisso, solidariedade, coragem e compaixão. Agora, os líderes dos países mais ricos e das instituições mundiais têm de fazer o mesmo.

Para encorajar a ação global necessária, a nossa coligação defenderá dois objetivos principais. Primeiro, o mundo tem de assumir a responsabilidade coletiva de atingir as ambiciosas metas da OMS de vacinar pelo menos 40% da população em países de baixo e médio rendimento até ao final deste ano e 70% até setembro de 2022. Apelamos aos líderes governamentais e decisores políticos - incluindo os participantes das reuniões desta semana do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional em Washington, DC, e da cimeira do G20 em Roma no final deste mês - para fornecerem as doses, recursos financeiros e logística de entrega necessários para atingir essas metas.

DESCONTO 580€
Galaxy S20+ 5G

Saber mais

DESCONTO 400€
Galaxy A80

Saber mais

DESCONTO 130€
Huawei P40 Lite

Saber mais

DESCONTO 70€
Xiaomi Mi 11 Lite 5G

Saber mais

DESCONTO 100€
Galaxy Tab S6 Lite Wifi

Saber mais

DESCONTO 500€
SMART TV SAMSUNG 4K 55"

Saber mais


Os governos que armazenaram centenas de milhares de doses de vacinas têm de redistribuí-las imediatamente para os países com baixa taxa de vacinação antes que expirem nos próximos meses. E para além desta emergência imediata, temos de fazer investimentos decisivos para criar capacidades de produção farmacêutica a longo prazo nos países mais pobres, de modo a estarmos preparados para a próxima crise mundial de saúde pública.

Segundo, para estimular a recuperação económica mundial, recomendamos aos governos dos países de alto rendimento que voltem a atribuir pelo menos 100 mil milhões de dólares em direitos de saque especiais reutilizados (DSE, o ativo de reserva do FMI) aos países de baixo e médio rendimento, em 2021. Também apelamos para que se comprometam a reabastecer o fundo da Associação de Desenvolvimento Internacional do Banco Mundial com 100 mil milhões de dólares, para apoiar a resposta à pandemia e a recuperação económica nos países mais pobres do mundo.

Acreditamos que as fundações, ao trabalharem dentro da nova coligação e por conta própria, podem desempenhar um papel fundamental no apoio e no reforço dos esforços nacionais e internacionais. Juntos, apoiaremos aquelas vozes que manterão os líderes sob pressão até alcançarem os objetivos na saúde pública e na recuperação da economia.

Não há tempo a perder. Cada mês de atraso traz mais riscos e injustiças desnecessários ao acalentar novas variantes potencialmente mais mortais do novo coronavírus, ao expor mais pessoas à infeção e à morte, ao ampliar as desigualdades existentes e levar mais pessoas à pobreza e ao fomentar a agitação social e política. E temos de enfrentar tudo isto numa altura em que também enfrentamos a ameaça existencial das alterações climáticas.

Quanto mais arrastamos os pés, mais oportunidades perderemos. A inação traduz-se em mais negócios que não podem ser iniciados, mais horas de interrupções escolares para alunos ansiosos por aprender e mais meses de desemprego para pessoas que estão prontas para voltar a trabalhar.


A pandemia está longe de ser o único problema que a humanidade enfrenta, por isso, as nossas respetivas fundações continuarão a trabalhar em muitos lugares e em muitas outras questões mesmo depois de as crises económicas e de saúde imediatas terem passado. Mas sabemos que sem ação hoje, estas crises inter-relacionadas irão agravar os desafios a longo prazo da humanidade. E sabemos que, juntos, podemos fazer frente a este momento decisivo e ajudar a garantir um futuro mais justo e sustentável para todos.

Este comentário também foi assinado por Zouera Youssoufou, Fundação Aliko Dangote; James Holt, Fundação Archewell; Mark Suzman, Fundação Bill & Melinda Gates; Nirvana Chaudhary, Fundação Chaudhary; Kate Hampton, Fundação Children"s Investment Fund; Peter Laugharn, Fundação Conrad N. Hilton; Juan Pablo Alzate, Fundação Saldarriaga Concha; Boichoko Ditlhake, Kagiso Trust; Reeta Roy, Fundação MasterCard; Nathalie De La Palme, Fundação Mo Ibrahim; Emmanuel Owusu-Sekyere, OppGen Philanthropies; e Larry Kramer, Fundação William e Flora Hewlett.

Mark Malloch-Brown, ex-secretário-geral adjunto das Nações Unidas e copresidente da Fundação das Nações Unidas, é presidente das Fundações Open Society. Raj Shah é presidente da Fundação Rockefeller. Darren Walker é presidente da Fundação Ford.

© Project Syndicate, 2021.
PARTILHAR