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30.5.23

“É preciso travar o círculo vicioso da pobreza infantil”, alerta Rede Europeia

Henrique Cunha, in RR

Em 2020 “o risco de pobreza nos menores de 18 anos era de 20,4%, ou seja, uma em cada quatro criança eram pobres”.

Na contagem decrescente para a celebração do Dia Mundial da Criança, a Rede Europeia de Luta contra a Pobreza (EAPN) alerta para a necessidade de se investir “na prevenção ao nível da saúde e da educação”.

Em entrevista à Renascença, Fátima Veiga, sociologia e responsável pelo gabinete de investigação e projetos da EAPN admite que os indicadores deste ano em relação à pobreza infantil “possam ser mais negativos por força da pandemia, e da crise financeira”.

De acordo com esta especialista na área da pobreza infantil, em 2020 “o risco de pobreza nos menores de 18 anos era de 20,4%, ou seja, uma em cada quatro criança eram pobres”. Os números baixaram em 2021 para os 18,5%, mas a descida "muito provavelmente tem a ver com os apoios que o Estado foi realizando junto das famílias por via sobretudo do abono de família".

Fátima Veiga diz que a redução “não é significativa” e que ocorre “num período que não envolve ainda a guerra, a crise inflacionária e os aumentos do custo da energia e dos bens alimentares”. Neste contexto, Fátima Veiga admite que "os dados deste ano serão provavelmente piores".

A especialista em pobreza infantil defende que é necessário “investir na prevenção ao nível da saúde e da educação, e numa política de distribuição de rendimentos mais igualitária porque a pandemia provou-nos que as crianças nas escolas não estão todas ao mesmo nível”. “Até podem ter um computador, mas podem não ter luz em casa, ou um quarto para estudar ou uma divisão sem barulho”, esclarece.

Fátima Veiga sublinha que todas estas diferenças são prejudiciais “ao normal desenvolvimento da criança”, pelo que é decisivo “apostar em políticas que possam travar o círculo da pobreza”.

6.4.21

SOS crianças em risco

Santana-Maia Leonardo, in o Mirante

Bastava o legislador ter dois dedos de testa (eu sei que isto é pedir muito) e seguir o senso comum de que “ o bom é inimigo do óptimo” para que os casos graves de violência doméstica e das crianças em perigo pudessem ter uma resposta adequada por parte das autoridades e dos técnicos, diminuindo drasticamente as tragédias que acontecem com cada vez mais regularidade

O que estamos a assistir, cada vez mais, nos processos de promoção e protecção de menores é revoltante e angustiante, porque os menores sinalizados, caso não estejam em perigo (e é a maioria), passam a estar em perigo face ao poder triturador, insensível, gélido e implacável da máquina burocrática do Estado, apostado em transformar a vida das crianças e das suas famílias num verdadeiro inferno, como se vivêssemos em plena revolução cultural chinesa ou se estivesse em curso um programa de educação nacional retirado da cartilha fascista ou estalinista.

Se uma família pobre tem o azar de cair nas garras destas comissões e instituições, todos os sinais exteriores de pobreza passam a ser um pretexto para retirar os menores às famílias, desde a sua casa não ter quartos em número suficiente, ou a roupa ser guardada em caixas de cartão por não haver dinheiro para comprar armários, ou os pais saírem de casa muito cedo para o trabalho, ou haver um animal de estimação dentro de casa, ou os pais não estarem em casa quando a técnica lá chegou de surpresa para fazer o relatório (nos casos em que se dá ao trabalho de lá ir), etc. etc.

Hoje os processos de promoção e protecção multiplicam-se e arrastam-se indefinidamente, a esmagadora maioria dos quais sem justificação plausível. Sendo certo que a maioria das queixas, tal como acontece com a violência doméstica e à boa maneira portuguesa, resulta de questiúnculas mesquinhas e pessoais e o seu único objectivo é infernizar a vida do outro ou do vizinho com a sua queixa. Aliás, como é sabido, poucos são os portugueses capazes de dar a cara na denúncia de um crime e aceitar ser testemunhas de forma desinteressada.

E depois, face ao enorme volume de trabalho em processos absolutamente injustificáveis para os quais não têm capacidade de dar resposta, as técnicas não têm obviamente tempo para fazer o devido acompanhamento dos casos de crianças verdadeiramente em perigo e que deviam ser necessariamente acompanhadas com maior atenção, proximidade e assiduidade.

Consequentemente e à boa maneira portuguesa, é tudo tratado a toque de caixa e pela rama, sem a mínima consideração pelos menores e pelas famílias, repetindo-se fórmulas absurdas e ridículas de educar o povo que nem as técnicas, nem os mandatários das partes cumprem nas suas casas.

O mesmo se passa com a violência doméstica em que o legislador, na sua incomensurável estupidez, criou um tipo de crime onde cabe tudo, o que gera inevitavelmente um número de processos tão elevado que torna impossível a sua gestão e a sua investigação com a atenção e a celeridade que os casos mais graves deviam merecer. Bastava o legislador ter dois dedos de testa (eu sei que isto é pedir muito) e seguir o senso comum de que “o bom é inimigo do óptimo” para que os casos graves de violência doméstica e das crianças em perigo pudessem ter uma resposta adequada por parte das autoridades e dos técnicos, diminuindo drasticamente as tragédias que acontecem com cada vez mais regularidade. Acontece que, para o legislador português, as pessoas de carne e osso são lhe absolutamente indiferentes, o único que o preocupa é a beleza estética das leis que produz de acordo com o quadro ideológico dominante.

15.3.18

Crianças em risco. ​Casos diminuem mas aumentam situações de pedofilia

in RR

"Por vezes, correm menos perigos quando estão a brincar sozinhas nas ruas do que quando estão nos seus quartos nas redes sociais", alerta responsável do Instituto do Apoio à Criança.

Os casos de crianças em risco que chegam à Linha SOS-Criança diminuíram 10% em 2017, ano em que aumentaram as denúncias de pedofilia, segundo dados do Instituto do Apoio à Criança (IAC) avançados à agência Lusa.

A Linha recebeu 1.841 chamadas em 2017, menos 640 face ao ano anterior. Um terço dos casos envolvia crianças até aos seis anos, sendo a "criança em risco" (70 situações), a "negligência" (62) e os "maus tratos físicos na família" (70) as problemáticas mais denunciadas.

Apesar dos casos de "crianças em risco" continuarem a ser as situações mais encaminhadas pelos técnicos do SOS-Criança, observou-se uma descida de 10% face a 2016.

Os dados mostram também um aumento de 3% no número de casos de "Pedofilia" (11 em 2017) encaminhados e um decréscimo de 7% das situações de "maus-tratos psicológicos na família" (29).

Em declarações à agência Lusa, o coordenador do serviço SOS-Criança e secretário-geral do IAC afirmou que as "situações de risco parecem estar mais controladas", porque a comunidade denuncia mais.

"No passado estas situações eram muito silenciadas e normalmente a comunidade não se envolvia nos assuntos intrafamiliares", mas hoje está mais atenta, pede mais apoio, e "a situação tem vindo a melhorar".

Para Manuel Coutinho, tem "sido essencial" a aposta na prevenção, "o que nem sempre impede de esporadicamente acontecerem situações graves que surpreendem tudo e todos".

Comentando o aumento dos casos de pedofilia, mas também as situações de abuso sexual, três situações encaminhadas em 2017 para o Ministério Público, disse que, apesar de muitas situações terem por base as redes sociais, a maioria ocorre em "contexto intrafamiliar" e "quase sempre" cometida por "pessoas muito próximas da criança".

São pessoas que "conseguem cativar e conquistar a confiança da criança" e posteriormente silenciam-na através de ameaças.

Por outro lado, as redes sociais também escondem perigos aos quais os pais têm de estar atentos.

"As redes sociais podem ter muitas aspetos positivos, mas também têm partes menos boas" relacionadas com "homens ou mulheres com menos escrúpulos" que tentam aproximar-se de crianças, para as aliciar para práticas de pedofilia.

Para Manuel Coutinho, a comunidade tem de estar atenta e "os pais têm que saber claramente o que os filhos andam a fazer nas redes sociais".

"As crianças correm por vezes menos perigos quando estão a brincar sozinhas nas ruas do que quando estão sozinhas nos seus quartos nas redes sociais", alertou.

Maioria dos agressores são da família
Em 2017, o SOS Criança recebeu uma média de 116 apelos por mês, a maioria feita por adultos (1.318), principalmente a mãe (151), o vizinho (123), o pai (71), os avós (71) e a comunidade (92).

A maioria dos apelantes residia no distrito de Lisboa (26%), no do Porto (20%) e dos Açores (8%), referem os dados, adiantando que o "principal objetivo" dos pedidos foi "falar com alguém".
Do total, verificou-se o envolvimento de 874 crianças e 776 infratores, 81% dos quais era familiar da vítima. Em 376 situações, o agressor foi a mãe e em 188 o pai.

"A família deve ser o local mais seguro que a criança tem e por vezes é lá que corre os maiores perigos", lamentou.

Em 26% dos casos as crianças viviam em famílias tradicionais, em 25% em famílias monoparentais, 14% em famílias reconstituídas e 8% em famílias alargadas.

Um terço das situações referia-se a crianças até aos seis anos, enquanto 15% respeitava a menores com idades entre os 11 e os 13 anos e 17% eram adolescentes com idades entre os 14 e os 18 anos de idade.
Para evitar que "uma situação de risco não se torne uma situação de perigo", Manuel Coutinho apelou para as pessoas contactarem o SOS-Criança (116 111).

"Atuar na emergência é sempre muito mais difícil do que atuar na prevenção e a criança merece que as pessoas apresentem as situações quando se começa a desenhar qualquer situação de risco ou negligência", frisou.

17.2.17

"As casas para crianças em perigo não estão preparadas para as acolher"

Ana Dias Cordeiro, in Público on-line

Os jovens com comportamentos graves são no fundo "crianças aflitas", diz Rui Godinho

Rui Godinho é psicólogo, com um percurso de anos no acolhimento e intervenção junto de crianças e jovens em perigo. Foi director da Casa da Alameda até 2014 e fez parte da equipa central que coordenou o Plano DOM - Desafios, Oportunidades e Mudanças criado em 2008 para capacitar as equipas e as casas de acolhimento. Esteve um ano no gabinete de Agostinho Branquinho, secretário de Estado da Segurança Social e Solidariedade do governo de Passos Coelho. Desde Abril de 2016, é o director para a Infância e Juventude da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML). "Estamos numa fase de mudança muito significativa", diz. O programa CARE - Capacitar (os técnicos), Autonomizar (os jovens), Reconfigurar (as casas) e Especializar, que está a ser lançado para a área de Lisboa, é muito semelhante ao Plano DOM, que foi concebido para todo o país mas foi interrompido em 2012. O CARE pretende mudar dinâmicas e "dotar as casas de um modelo terapêutico e efectivamente protector das crianças" em perigo.

Em 2008 foi lançado o Plano DOM - Desafios, Oportunidades e Mudanças para melhorar o acolhimento de crianças e jovens em perigo, mas o programa foi interropido a meio. O que garante que a melhoria prevista para o acolhimento da SCML não será também interrompida?

Com as alterações legais de 2015 deram-se passos muito significativos e o que estamos a fazer na SCML é operacionalizar essas mudanças. Por um lado, impulsionar o acolhimento familiar para as crianças com menos de seis anos, e por outro, no que diz respeito ao acolhimento residencial, converter a dinâmica da intervenção numa dinâmica mais terapêutica. O projecto CARE foi aprovado há seis meses para as casas de acolhimento da SCML. A nova lei de protecção diz que as crianças com menos de seis anos não podem estar em instituições, têm de estar em famílias de acolhimento. Mas não há famílias de acolhimento. Nós temos um projecto para desenvolver essa opção do acolhimento em famílias. Por outro lado, o objectivo é dotar todas as casas de um modelo terapêutico e de um modelo efectivamente protector destas crianças. Vamos ter dois meses, no início deste ano, para fazer a contratualização casa a casa. E vamos ter dois anos para aplicar essa mudança. O problema é que as casas cristalizaram nas crianças que já não existem. A casa é que tem que adaptar-se às necessidades e não as crianças à casa.

Qualificação de equipas e melhoria do acolhimento suspensos

O que não está a correr bem?

De acordo com a lei que tínhamos antes de 2000, as casas de acolhimento estavam preparadas para acolher os órfãos, as crianças das famílias mais pobres ou numerosas, de famílias que não tinham dinheiro para os filhos estudarem, e que os colocavam na Casa Pia na esperança de lhes dar uma oportunidade. A lógica era dar o apoio social para pessoas desvalidas. Era esta a cultura das casas de acolhimento, na altura lares. A lei foi alterada e as casas de acolhimento passaram a ser para crianças em perigo. O problema é que nunca foi feita uma adaptação das casas à nova realidade.

O Plano DOM deu resultados em mais de uma centena de casas de acolhimento do país inteiro, mas foi interrompido. Foi por falta de verbas?

Não são só as verbas, é o conceito. As casas de acolhimento não estão preparadas para acolher e a ideia do Plano DOM foi fazer o processo de qualificação, contratar quadros superiores para as equipas técnicas e qualificar as casas. As pessoas que lá trabalhavam tinham as mesmas práticas de sempre, só que uma criança vítima de abuso sexual ou com comportamentos delinquentes ou com uma psicopatologia requer uma intervenção completamente distinta. Nós começámos esse processo com o Plano DOM. Depois houve mudança de Governo e foi escolhido um outro caminho. Houve mudança de estratégia. Não foi apenas uma questão de verbas. Abrir as portas à família, por exemplo, não custa dinheiro. É uma mudança de paradigma que está a acontecer em todos os países da Europa. Abrir as portas às famílias, não separar irmãos, prevenir a retirada da família e evitar que as crianças mudem de instituição. Por outro lado, muitas das vezes temos casas com equipas acolhedoras mas pouco qualificadas, pessoas que agem na base da boa-fé, da intuição, da boa vontade, e isso não chega.

De que tipo?

Temos de ter casas com menos crianças. Uma coisa é termos 12 jovens, outra é termos 20 jovens, outra ainda é termos 45 como acontece em muitas instituições. O efeito multidão é avassalador. É impossível, nem vale a pena pensar que é possível. Estes jovens precisam de uma intervenção individualizada, precisam de tempo, de disponibilidade, de competência técnica. O problema dos adolescentes é particularmente grave. E uma intervenção para adolescentes tem de ser uma intervenção especializada e terapêutica. Nós não podemos ter auxiliares e equipas muito reduzidas a intervir com estes adolescentes. Quando eles chegam com 16 anos, já trazem uma história muito prolongada de abandono, de maus tratos. Conforme foram crescendo, com o desamparo, eles próprios, que foram vítimas, passaram a agressores e a vitimadores.

O problema também é como se olha para estas crianças?

Estas crianças mesmo de 16 anos, com esses comportamentos graves, são crianças aflitas. Dentro delas têm um menino pequenino que não foi cuidado. E muitas vezes nós estamos preocupados com os comportamentos agressivos, e não estamos preocupados em reparar o que está lá atrás. Estes meninos não tiverem os pais a contar-lhes histórias quando adormeciam, não tiveram os abraços quando estavam tristes. Chegam aos 16 anos e não conhecem essa linguagem. Os comportamentos delinquentes são sintoma do sofrimento psíquico.Nós temos de reparar as agruras que ficaram para trás. Para isso é preciso termos equipas, do ponto de vista quantitativo e qualitativo, adequadas. Temos de ter pessoas que saibam transformar as dinâmicas destes jovens.

Os próprios jovens rejeitam as casas onde estão acolhidos?

Há casas que são conventos e ninguém vive num convento. Há casas que parecem uma prisão. Temos de ter casas normalizadoras e não instituições. O próprio modelo de intervenção é um modelo punitivo. E há rejeição dos próprios jovens. As equipas, perante a incapacidade ou a frustração de não conseguirem alterar os comportamentos, defendem-se com modelos punitivos. Só que a punição não traz a aprendizagem. O que acontece com estes jovens é que, enquanto estão neste registo punitivo, nós conseguimos condicionar o comportamento, mas quando deixa de existir a punição, voltam ao mesmo. O foco não pode ser no comportamento e no sintoma, tem de ser na transformação interna e na reparação. Para isso, temos que ter equipas altamente qualificadas. Este é um problema transversal a todas as casas de acolhimento do país inteiro.

Mas as mudanças só estão previstas para Lisboa.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, pelo peso histórico e responsabilidade social que tem, deve estar na linha da frente. Se a realidade se tornou mais complexa, também temos de adaptar-nos à realidade e imprimir essa dinâmica de mudança. A intervenção que nós queremos não é para tomar conta das crianças. É para que estas crianças tenham as mesmas oportunidades de facto para a vida que nós queremos que tenham os nossos filhos. Queremos uma intervenção que vá ao encontro não dos sintomas mas dos problemas e no sentido de impedir que se repitam os ciclos de exclusão que os seus pais e avós tiveram.






18.2.16

Crianças que morreram em Caxias estavam sinalizadas pela comissão de proteção de menores

in Diário de Notícias

Continuam as buscas para encontrar criança de quatro anos que ontem caiu à água com mãe e irmã. O pai não sabia da família desde sexta

Continuam as buscas para encontrar uma criança que está desaparecida desde ontem à noite, após ter caído à água na zona da praia de Caxias, em Oeiras. O corpo da irmã, de 19 meses, foi recuperado ainda ontem, após um pedido de ajuda da mãe, que se encontra hospitalizada. A PJ já está a investigar e o DN sabe que em cima da mesa estará o cenário de homicídio e de tentativa de suicídio.

Em novembro de 2015, a mãe das duas crianças já tinha apresentado queixa na polícia, contra o pai das crianças, por violência doméstica e suspeita de abuso sexual das menores, segundo confirmou à agência Lusa Fátima Duarte, da Comissão Nacional e Proteção de Crianças e Jovens em Risco. Desde então, a situação encontrava-se sinalizada pela comissão de proteção de menores.

Entretanto, os meios foram reforçados com mais elementos do Instituto de Socorro a Náufragos. Segundo o comandante Malaquias Domingues, da Capitania de Lisboa, neste momento estão no terreno 24 operacionais, três lanchas e quatro mergulhadores. As operações de busca vão continuar "enquanto houver luz e condições de segurança", adiantou. O problema maior poderá ser o vento, se a intensidade aumentar.

O corpo de uma bebé de 19 meses, irmã da que está desaparecida, foi encontrado ontem, depois de a mãe ter dado o alerta. De acordo com o comandante Malaquias Domingues, da Capitania de Lisboa, uma testemunha ocular viu uma mulher a sair da água, em pânico e em avançado estado de hipotermia, e afirmar que as suas duas filhas estavam dentro de água. A mulher tem 37 anos.

Ao DN, Sérgio Duarte, adjunto do comando dos Bombeiros de Paço de Arcos, que ontem também estiveram no local, contou que a situação foi presenciada por um taxista que "tirou a senhora da água. Foi nessa altura que ela lhe disse que uma onda tinha levado as duas filhas". A criança mais nova, com 19 meses, foi descoberta uma hora depois do alerta, no areal junto à água. O carro da família estava parado à beira da praia.
Criança de 19 meses morre e outra de 4 anos está desaparecida na praia de Caxias

O comandante Malaquias Domingos explicou que tentaram reanimar o bebé, mas que a criança acabou por morrer no local. Na zona esteve o pai das crianças, que desde sexta-feira estava à procura da família, segundo contou às autoridades no local.

"O marido referiu que as procurava desde sexta-feira e que no sábado fez uma participação à PSP. Foi assistido por psicólogos do INEM que estiveram no local", disse Sérgio Duarte. Também a mulher, que ontem foi transferida para o Hospital de Santa Maria, tinha sinais de hipotermia e choque.
O marido referiu que as procurava desde sexta-feira e que no sábado fez uma participação à PSP

No local estiveram também elementos da Polícia Judiciária (PJ), alertada para a ocorrência pela Polícia Marítima às 22.30, que está a tomar conta das investigações. Processo que ainda está a decorrer e com todos os cenários em aberto, disse ao DN fonte da PJ. Caso existam condições, a mulher será ouvida hoje pelas autoridades.

Fonte da Polícia Marítima adiantou à Lusa que as buscas para encontrar a criança desaparecida decorreram até cerca das 03:00 da madrugada de hoje, frisando que apesar de terem sido suspensas, ficaram no local dois agentes.

16.4.15

Apoio das IPSS a crianças em risco é "bem-vindo"

in Jornal de Notícias

O presidente da Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens em Risco considerou esta quarta-feira que o apoio permanente das instituições particulares de solidariedade social às comissões pode "contribuir muito" para reforçar o sistema de proteção das crianças.

Armando Leandro comentava a notícia avançada pelo Jornal de Notícias, segundo a qual as IPSS vão ser chamadas a apoiar, de forma permanente, as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens em Risco (CPCJR).

Para Armando Leandro, "é bem-vinda esta notícia": "Estas instituições, que fazem um trabalho valiosíssimo no país, podem contribuir muito para reforçar o sistema" de proteção de crianças e jovens em risco.

Segundo o responsável, as IPSS irão não só reforçar o sistema na primeira linha, através da rede social, mas também ajudar o trabalho das comissões a nível da prevenção.

Defendeu a importância das instituições se reunirem e elegerem o seu representante nas comissões, que deve ter o "tempo necessário à funcionalidade da comissão" e cumprir o mandato.

Armando Leandro lembrou que a lei já prevê que nas comissões estejam, além dos representantes das entidades públicas, representantes das IPSS.

Contactado pela Lusa, o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), Lino Maia, adiantou que há "a intenção do Governo e uma disponibilidade das instituições" para realizar esta medida, mas ainda não se avançou nada.

"Há essa abertura mas ainda não está operacionalizada, só a partir da negociação é que iremos avançar", sublinhou o padre Lino Maia.

Para Armando Leandro, é fundamental o apoio das entidades públicas e particulares às comissões para as ajudar no cumprimento das suas obrigações.

"As comissões têm feito um trabalho esforçado, brilhante e merecem o respeito do país". Contudo, disse, existem falhas - "não há sistemas infalíveis - que devem ser supridas.

"Temos todos de unir-nos", porque a prevenção e a reparação e das situações de risco e de perigo são "uma prioridade", defendeu.

"Só lucramos com a prevenção em todos os aspetos, mas depois é necessário reparar aqueles casos em que já há perigo", disse, sublinhando que "é indispensável sinalizar quando há um mínimo de indício sério".

A este propósito, Armando Leandro disse que CNPCJR vai "avaliar com rigor" o que se passou no caso de dois irmãos alegadamente vítimas de maus-tratos, em Loures. A menina morreu no sábado e o irmão está internado.

Segundo a imprensa, os pais das crianças estavam sinalizados na sequência de uma denúncia anónima feita à CPCJ de Loures.

"Vamos avaliar esta situação com rigor, procurando ver o que, porventura, falhou" e "procurar que estas situações não aconteçam", disse Armando Leandro.

Mas, sublinhou, "não pode ter-se a ilusão de que todas as situações podem ser evitadas", porque "a imprevisibilidade humana é grande e as perturbações humanas são muito frequentes".

"O que não podemos é que elas surjam por omissão nossa", frisou, reiterando que estas situações têm de ser prevenidas "numa situação de verdadeira corresponsabilidade".

25.3.14

Linha SOS-Criança recebeu nove chamadas por dia em 2013

in iOnline

Perto de um terço das crianças (739) reside em Lisboa, 222 no Porto e 155 em Setúbal. Em 279 casos não é identificado o distrito do menor

A Linha SOS-Criança recebeu, em média, nove apelos telefónicos por dia em 2013, a maioria feita por adultos a denunciar situações de crianças em risco, de negligência, desaparecimentos ou apenas para “falar com alguém”.

Dados do Instituto de Apoio à Criança (IAC) avançados hoje à agência Lusa indicam que, em 2013, 2.358 pessoas, a grande maioria adultos (2.109) contactaram a Linha SOS-Criança.

Dos casos reportados, 332 eram relativos a crianças em risco, 272 a situações de negligência, 213 a situações de maus-tratos físicos na família, 115 a maus-tratos psicológicos na família e 24 situações de maus-tratos psicológicos na instituição

Foram ainda relatadas 92 situações de crianças desaparecidas, 47 de bullying, 43 de abuso sexual, 25 de pobreza, 19 de negligência institucional, 16 de mendicidade, 15 de abandono, 10 de pedofilia, seis de trabalho infantil, cinco de abandono escolar e dois de prostituição infantil.

As mulheres (2.109) foram as que mais contactaram este serviço do IAC no ano passado, sendo que 340 eram a mãe da criança e 260 a avó.

Houve ainda 269 apelos telefónicos realizados pelo vizinho, 196 pelo próprio, 172 pelo cidadão, 142 pelo pai e 107 pelo tio, adiantam os dados, acrescentando que a maior parte dos apelantes (1.623) tinham uma relação com a criança.

Um quarto das chamadas referia-se a crianças que vivem em famílias monoparentais (594), 20% a famílias tradicionais (475), 8,5% em lares reconstruídos (202) e seis por cento em famílias alargadas (140).

Há ainda 525 casos em que não foi apurada a situação familiar do menor.

Quase um terço dos apelantes (773) reside no distrito de Lisboa, 275 no Porto e 205 em Lisboa.

Os dados adiantam que 604 apelos telefónicos referiam-se a crianças entre os 10 e os 17 anos, 499 a menores até aos cinco anos, 451 a crianças com idades entre os cinco e os 10 anos e em 325 casos a idade não é especificada.

Em 45% dos casos os infratores eram familiares do menor, sublinham os dados, acrescentando que em 550 casos o infrator era a mãe, em 223 situações o pai e em 160 casos os pais.

Perto de um terço das crianças (739) reside em Lisboa, 222 no Porto e 155 em Setúbal. Em 279 casos não é identificado o distrito do menor.

Fevereiro foi o mês que registou o maior número de chamadas (262), seguindo-se os meses de abril (246), maio (232), março (226) e agosto (211).

A maior parte dos contactos foi feita à terça-feira (521), seguida da segunda-feira (515).

Os dados indicam que 1.669 chamadas tiveram a duração de um a dez minutos, 553 entre 10 a 30 minutos, 113 entre 30 a 60 minutos e uma durou mais de 90 minutos.

A maioria das chamadas (1808) foi para a Linha de Apoio à Criança 116 111, 318 foi para a linha paga do IAC, 124 para a Linha Verde 800 20 26 51 e 108 para a Linha Europeia para Crianças Desaparecidas (116 000).

Do total das chamadas, 670 foram tiveram encaminhamento específico.

A Linha SOS-Criança foi criada em 1988 e até hoje já recebeu mais de 120 mil apelos.

3.7.13

Menos 206 crianças sinalizadas pelas comissões de protecção na Madeira no primeiro semestre

in Público on-line

Dados revelados no XII Fórum da Criança, que decorre esta terça-feira no Funchal.

As comissões de protecção de menores da Madeira viu reduzido o número de crianças sinalizadas no arquipélago no primeiro semestre deste ano, segundo o Instituto de Segurança Social da Madeira (ISSM).

Segundo o ISSM, no dia 30 de junho eram menos 206 os casos registados face aos 1138 indicados em 31 de Dezembro de 2012.

“Nós, em trabalho com as Instituições Particulares de Solidariedade Social, autarquias, paróquias e outras instituições que actuam na sociedade, temos sido capazes de detectar as situações problemáticas e tentar encontrar soluções para ultrapassar as dificuldades dessas crianças dando-lhes oportunidade para que elas possam ter uma vida segura e feliz”, reconheceu o Secretário Regional dos Assuntos Sociais, Francisco Jardim Ramos.

Segundo este responsável, “26% das crianças e jovens [sinalizados] tem entre 13 e 15 anos, 20% têm entre 16 e 18 anos, o que significa que 46% são jovens adolescentes”, exemplificou, considerando que “a negligência ainda é muito representativa”.

Francisco Jardim Ramos garantiu que a principal preocupação se tem centrado em “criar condições para que essas crianças e jovens possam continuar a viver nas famílias e não irem para instituições ou famílias de acolhimento”.

Já o procurador do Ministério Público junto do Tribunal de Família e Menores do Funchal, Carlos Godinho e Santos, revelou o aumento de crianças em acolhimento institucional.

São 191 crianças, uma consequência de “alguma desagregação familiar, fruto das dificuldades socioeconómicas” que o país atravessa, justificou.

Considerou que “os técnicos da Segurança Social que compõem as equipas multidisciplinares de apoio aos tribunais são pessoas bem formadas, atentas e empenhadas e que tornam menos doloroso o problema do risco ou do perigo em que as crianças se encontram”.

Godinho e Santos salientou o aumento do número de incumprimentos por parte dos pais como uma consequência directa da falta de “cultura de cidadania, de responsabilidade, no sentido de que as crianças têm de viver todos os dias”, ainda que reconheça o papel do Estado via o Fundo de Garantia dos Alimentos devidos a Menores, em que é o próprio Estado a assumir essa responsabilidade, suportada pela Segurança Social.







8.4.13

Governo quer igualdade nas comparticipações para instituições que acolhem crianças em risco

in Jornal de Notícias

O secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social, Marco António Costa, disse, este sábado, em Vila do Conde, que o Governo está

Marco António Costa falava a propósito do segundo relatório anual da Segurança Social, entregue na sexta-feira na Assembleia da República, e que dava conta que, em 2012, um total de 8557 crianças e jovens estavam em instituições de acolhimento ao cuidado do Estado.

Apesar de reconhecer que ainda "há ainda um longo caminho a fazer" nesta matéria, Marco António Costa sublinhou que, ainda assim, o documento indica que número global de crianças institucionalizadas em Portugal reduziu 4,3 por cento em relação a 2011, ano em que estavam 8938 a cargo do Estado.

O Governo, disse, continua a trabalhar para dar "mais qualidade" de vida às crianças institucionalizadas, algo que será feito através da "requalificação de centenas de instituições sociais".

O secretário de Estado, que falava à Lusa à margem da tomada de posse dos novos corpos sociais da Cooperativa Mútua dos Pescadores, adiantou ainda que o executivo pretende que, por cada criança, a instituição receba uma verba de "700 euros".

É que, nesta altura, ainda há organismos que recebem apoios reduzidos, ou seja, "inferiores a 400 euros", especificou.

Só que as crianças institucionalizadas têm que ter "o conforto mínimo indispensável, seja qual for a instituição onde estejam inseridas" e, por isso, urge "requalificar centenas de instituições sociais", garantiu o secretário de Estado, adiantando que esse trabalho está a ser feito através da "disponibilização de meios técnicos e de recursos financeiros".

Paralelamente, Marco António Costa revelou ainda que o Governo pretende que sejam "assegurados, a tempo inteiro, professores/técnicos para as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ)" que "darão um apoio complementar ao estudo".

É que Portugal continua "com défices muito elevados de reprovação escolar destas crinaçs e jovens", algo que "é preciso inverter", concluiu o governante.

4.4.13

Desespero familiar coloca mais crianças em risco

Isabel Paulo, in Expresso

Comissão de Proteção de Crianças e Jovens do Porto Oriental lança, hoje, campanha de prevenção de maus tratos, alarmada com 114 novos casos de menores em perigo


Joana Trigó, presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) da zona oriental do Porto, alerta que as crescentes dificuldades económicas e o desespero em que vivem muitas famílias poderão estar na origem do aumento de número de casos de negligência e maus tratos a menores, registado em 2013.

Na zona Oriental do Porto, que agrega as freguesias de Campanhã, Santo Ildefonso e Bonfim, foram sinalizadas até 31 março 114 crianças em situação de perigo, mais oito por mês do que em 2012, umas por negligência associada a carências económicas, outras por violência familiar.

"O ano passado, gerimos 852 processos de menores em risco, 374 dos quais abertos ao longo de 2012, embora com uma incidência bastante maior a partir do verão", refere Joana Trigó, convicta que a prevenção dos riscos "é o melhor remédio para evitar cenários ainda mais negros".

No mês em que se celebra as prevenção dos maus tratos infantis, a CPCJ do Porto Oriental optou por reforçar este ano a campanha de alerta contra a violência, tendo como mensagem chave "Os direitos das Crianças não param à porta da sua casa. Eduque sem violência".

Apesar da freguesia de Campanhã, com 12 bairros sociais e um elevado número de desempregados, ser a mais problemática, Joana Trigó lembra que a violência doméstica "não é um exclusivo de famílias carenciadas", razão pela qual a CPCJ irá levar a campanha de alerta a todas as escolas e centros de saúde da sua aárea de influência.

Institucionalizações residuais

A maior parte dos casos de menores sinalizados chegam à CPCJ através da PSP, avisada para os cenários de maus tratos, negligência ou de carências alimentares pelas próprias vítimas, familiares ou vizinhos.

As escolas são a segunda via de alertas, embora a presidente da Comissão afirme que são cada vez mas frequentes "as queixas apresentadas por jovens vítimas de maus tratos".

Em 2012, a CPCJ remeteu para tribunal 103 processos e arquivou 214 por entender que cessara o perigo devido à colaboração dos pais, entrega dos menores a familiares próximos ou, "em casos residuais", à institucionalização das crianças.

O Bonfim é a segunda freguesia a registar um aumento do número de crianças negligenciadas, situação que Joana Trigó explica com a concentração de 'ilhas' no local. "Há casais a regressar a estas casas degradadas, unidas por um corredor comum, muitas com casa de banho colectiva, mas muito baratas".



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6.3.13

Há crianças que vivem sozinhas. Autoridades querem perceber onde

in RR

Levantamento nacional ocorre após a detecção em Sintra de 16 crianças, com menos de 10 anos, a viverem sozinhas, das quais sete têm menos de cinco anos. Todos estes casos estão agora resolvidos.

A Comissão Nacional de Protecção de Menores (CNPM) garante que está a avaliar a dimensão nacional do fenómeno das crianças que vivem sozinhas.

Só em Sintra foram detectadas 16 crianças com menos de 10 anos a viverem sozinhas ou a passarem grande parte do tempo sozinhas. Em sete dos casos, quase todos denunciados por vizinhos, os menores tinham menos de cinco anos.

O presidente da CNPM assegurou à Renascença que todos os casos estão já resolvidos. Armando Leandro refere que “os casos foram no concelho de Sintra, um concelho muito populoso, naturalmente os casos foram encaminhados devidamente às comissões e aos tribunais, e foram encontradas soluções no seio da família, com a ajuda da familiares e até vizinhas”, ou através da institucionalização das crianças.

A comissão de protecção de jovens em risco está já a fazer o levantamento a nível nacional, por forma a actuar com mais consistência. “Estamos a recolher os dados no país todo, queremos fazer uma análise global da situação de 2012 e do primeiro trimestre de 2013, e logo que os tivermos serão divulgados”, disse Armando Leandro, com a ressalva de que actualmente não é possível “avaliar a extensão do problema noutras regiões”.

A justificar esta realidade podem estar dificuldades económicas, por isso o responsável apela à população para que esteja atenta e denuncie todos os casos passíveis de actuação da comissão de jovens em risco.

20.1.13

Crise pode fazer aumentar crianças e jovens em risco

in Público on-line
Comissão nacional ainda está a recolher os dados relativos a 2012, mas garante que já reforçou os meios.

presidente da Comissão Nacional de Protecção das Crianças e Jovens em Risco (CNPCJR), Armando Leandro, admite que por causa da crise possam aumentar os casos de menores negligenciados e em risco.

“A recolha dos elementos relativos a 2012 está a decorrer, por enquanto ainda não há dados objectivos quanto à evolução do fenómeno, mas estamos a preparar-nos e as comissões estão muito alertadas para isso”, afirmou o presidente da CNPCJR, à margem do 3.º Congresso Sobre o Abuso e Negligência de Crianças, que, nesta sexta-feira e sábado, reúne dezenas de especialistas na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

“As instituições com responsabilidades na defesa das crianças e jovens estão alertadas para a eventualidade de aumentarem os casos e houve algum reforço de meios nesse sentido”, sublinhou, para salientar a importância da prevenção e detecção precoce do problema, em articulação com as escolas, juntas de freguesia e profissionais da saúde.

“O facto de as pessoas estarem em dificuldades económicas não quer dizer que coloquem as crianças em perigo, mas é verdade que daí podem resultar situações de negligência e de risco”, acrescentou Armando Leandro.

O presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML), Duarte Nuno Vieira, concorda que “a crise leva a situações de maior angústia e perturbação no ambiente familiar”. E que isso pode potenciar os casos de maus-tratos e de negligência.

O risco é maior se considerarmos que “muitos pais portugueses ainda pensam que as punições corporais são uma coisa aceitável”, ainda segundo Duarte Nuno Vieira. Para o presidente do INML, urge promover uma campanha de sensibilização contra os castigos corporais e contra a exposição das crianças a situações de violência.

A directora da delegação Norte do INML, Teresa Magalhães, apontou os castigos físicos como um dos principais abusos a que são sujeitas as crianças em Portugal, a par da exposição a situações de violência nas relações de intimidade.

“As pessoas acham que é normal os casais terem problemas e continuam a não ter noção de como essas situações podem deixar danos permanentes nas crianças que, assim, correm riscos muito mais elevados de serem vítimas ou abusadores na vida adulta”, declarou.

O transporte de crianças sem cinto de segurança, a permissão para que estas visualizem situações de extrema violência, nomeadamente na televisão e na Internet, e a bofetada correctiva são outros exemplos da violência que incide sobre as crianças portuguesas, incentivada pela tal “cultura de tolerância”, que, segundo Teresa Magalhães, é preciso começar a combater.

2.8.12

Mais de 17 mil situações de risco com crianças detetadas até junho

in Jornal de Notícias

As Comissões de Proteção de Crianças e Jovens identificaram, nos primeiros seis meses deste ano, 17080 situações de perigo que motivaram a sua intervenção em defesa dos menores.

Este é o primeiro relatóriosemestral de avaliação e acompanhamento da atividade das Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ), alterando assim a metodologia anterior de realização de uma análise anual do sistema.

A partir de 2013, a divulgação destes dados será feita de três em três meses, uma decisão que segundo o secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social, Marco António Costa, permite ter uma visão real das situações e intervir atempadamente sobre os fenómenos que possam surgir.

De acordo com o documento a que a Lusa teve acesso, no global, as comissões estavam em junho deste ano a acompanhar 52166 casos de crianças e jovens em risco, dos quais 14512 instaurados em 2012.

Nos primeiros seis meses do ano foram arquivados 15054 processos e reabertos outros 2822.

A negligência, a exposição a modelos de comportamento desviante, o risco de estar em causa o direito à educação e os maus-tratos psicológicos foram as principais situações de perigo que levaram a instaurar processos de proteção nas 305 comissões existentes no país.

As comissões detetaram 3681 casos de negligência e 3608 situações de exposição a comportamentos que possam comprometer o bem-estar e o desenvolvimento da criança (situações de violência doméstica ou de consumo familiar de estupefacientes e álcool).

Relativamente a situações em que esteja em causa o direito à educação como o absentismo, o abandono e o insucesso escolares, as comissões detetaram 2505 casos.

Neste relatório semestral foi ainda detetada uma outra situação que, segundo disse à Lusa Marco António Costa, deverá ser estudada, nomeadamente casos em que a criança assume comportamentos que afetam o seu bem-estar. Nesta categoria estão assim fenómenos como o 'bullying', os comportamentos graves antissociais ou a indisciplina, o consumo de bebidas alcoólicas e o consumo de estupefacientes detetados em 1547.

Perante as situações de perigo, as comissões decidiram em 11% do total de casos pelo acolhimento em instituições, especialmente nos grupos etários entre os 0 e os cinco anos e entre os 11 e os 14 anos.

Artigo Parcial

7.4.12

Número de crianças em acolhimento desceu 27%

in Diário de Notícias

Em 2006 estavam em instituições de acolhimento 12.245 crianças e jovens, em 2011 eram 8.938. Fotografia © Bruno Simões Castanheira/Global ImagensO número de crianças e jovens em instituições de acolhimento reduziu 27 por cento nos últimos seis anos, mas ainda assim o Estado tem ao seu cuidado perto de nove mil menores, a maioria adolescentes.

Segundo o Relatório de Caracterização Anual da Situação de Acolhimento das Crianças e Jovens, um total de 8.938 crianças e jovens estavam em acolhimento em 2011 e destas 6.826 já tinham entrado nas instituições em anos anteriores, enquanto 2.112 iniciaram o acolhimento em 2011.

De 2006 a 2011 tem-se registado uma descida gradual na entrada de crianças e jovens nas instituições de acolhimento.

Em 2006 estavam em instituições de acolhimento 12.245 crianças e jovens, em 2007 o número desceu para os 11.362, em 2008 para 9.956, em 2009 para 9.563, em 2010 para 9.136 e em 2011 para 8.938.

O documento entregue na quarta-feira na Assembleia da República refere ainda que saíram do sistema de acolhimento em 2011 um total de 2.634 crianças e jovens, o que comparativamente com o ano anterior indica um decréscimo de saídas de 8,8 por cento.

Em relação à distribuição das crianças e jovens em acolhimento, por distrito e região autónoma, o relatório revela que são os distritos do Porto, de Lisboa e de Braga que registam números absolutos mais elevados, respetivamente, 1.805, 1.591 e 680 (em 2010, 1.708, 1.655 e 756, respetivamente).

Em contrapartida continuam também a ser os distritos de Beja, Portalegre e Évora a apresentar números absolutos de crianças e jovens em acolhimento mais reduzidos (101, 108 e 162, respetivamente).

No que diz respeito às saídas do sistema de acolhimento, são também os distritos do Porto, Lisboa e Braga que mais contribuíram para estas saídas com, respetivamente, 468, 544 e 239 crianças e jovens, seguindo a mesma tendência do ano anterior, com respetivamente 551, 618 e 196 de crianças e jovens cujos acolhimentos cessaram.

Por outro lado, os distritos de Portalegre, Beja, Castelo Branco e Guarda são os que apresentam o menor número absoluto de crianças e jovens com cessação do acolhimento (21, 26, 37 e 38, respetivamente).

Relativamente às idades, o relatório do Instituto de Segurança Social revela uma tendência que se tem vindo a afirmar ao longo dos anos, no sentido de a população acolhida ser cada vez mais velha e se concentrar tendencialmente na fase correspondente à adolescência (12-17 anos).

Os segmentos etários entre os 0 e cinco anos correspondem a 13,7% das situações (1.228), o grupo entre os seis e os onze anos representa 21,9%, (1.960) e entre os 12 e os 21 anos 64,3 por cento das situações ou seja 5.750 casos.

Quanto à distribuição por sexo, o relatório constata que pela primeira vez, em 2011, uma tendência de ligeiro predomínio do sexo masculino no universo das crianças e jovens em situação de acolhimento - 4.486 rapazes (51%) e 4.452 raparigas (49%).

Estado tem 1/5 dos menores a cargo há mais de sete anos

Leonor Paiva Watson, in Jornal de Notícias

Portugal tinha 8938 menores em risco em instituições ou outras medidas ditas provisórias no final de 2011. Destes, 35% ali estão há mais de quatro anos e quase um quinto (18%) há mais de sete.

São crianças e jovens retirados às suas famílias porque, na sua maioria, foram vítimas de maus tratos, negligência, ou outro tipo de abusos. O Estado obriga-se a acolhê-los provisoriamente até ser-lhes definido um Projeto de Vida, mas vezes de mais o provisório demora a infância ou adolescência inteira.

A situação piora à medida que a criança vai crescendo, isto é, as que têm até três anos têm mais hipóteses de sair do sistema do que as que têm oito. Revela o Casa 2011 - Relatório de Caracterização Anual da Situação de Acolhimento das Crianças e Jovens - que "32,4% dos jovens com mais de 15 anos estão em acolhimento há sete ou mais anos".

24.3.12

Mais de 100 crianças encontradas a vaguear pelas ruas de Lisboa em 2011

in Público on-line

Os técnicos do Instituto de Apoio à Criança (IAC) encontraram no ano passado mais de 100 crianças nas ruas de Lisboa e receberam outras 49 denúncias de menores que tinham fugido das instituições ou simplesmente deambulavam pela cidade.

A presidente do IAC, Manuela Eanes, relatou à Lusa que a carrinha do instituto, que percorre alguns dos bairros mais problemáticos da capital - como os Anjos, o Intendente e Cais do Sodré -, encontrou no ano passado “mais de 110 crianças em contexto de rua”.

Este serviço, que percorre a cidade de dia e de noite, foi criado para prevenir novos casos de jovens sem-abrigo. Ao instituto, porém, também chegam pedidos de ajuda para encontrar crianças desaparecidas e denúncias de menores que andam sozinhas pelas ruas da cidade.

“A maioria dos casos são encaminhados pelo SOS Criança ou então são crianças que fogem das instituições do Ministério da Justiça ou de casas particulares”, explicou Manuela Eanes, acrescentando que existem equipas que, “a qualquer hora do dia”, vasculham a cidade até encontrar os menores.

De acordo com a responsável da instituição, em 2011 foram acompanhadas “49 situações de denúncia”.

Manuela Eanes recorda que, quando a instituição começou a trabalhar nesta área, o panorama era bem mais dramático: “Em 1999, havia cerca de 500 crianças na baixa de Lisboa a dormir nas grelhas do metropolitano, em vãos de escadas, com uma vida muito difícil. Tinham saído de casa, da escola e andavam em bandos”.

Na primeira fase do projecto, entre 1989 e 1994, foram retiradas da rua 600 crianças. “Nós não estávamos à espera que as crianças viessem ter connosco. Nós íamos ter com elas e estabelecia-se logo um companheirismo”, recorda, defendendo que “cada criança que sai da rua e começa uma caminhada tem um rosto, não é um número”.

Entretanto, o IAC começou a actuar em zonas específicas da cidade onde habitualmente existem mais riscos para os menores. Este ano, o instituto está nos bairros da Boavista, Arroja e Bairro Bem-Saúde, onde trabalha diariamente com 357 crianças e 30 famílias.

A instituição tem ainda dois centros de desenvolvimento e inclusão juvenil em Lisboa, com acções diurnas e nocturnas, actividades lúdico-pedagógicas e um acolhimento em emergência com duas camas, para situações em que “a criança não tem onde ficar”.

Estes dois centros apoiam neste momento 514 crianças com problemas familiares, maioritariamente entre os 10 e os 16 anos.

Além do trabalho realizado em Lisboa, o IAC faz ainda parte da rede “Construir Juntos”, que reúne cerca de uma centena de instituições que lidam com “crianças em situação de marginalidade e delinquência”.

Em tempos de crise, Manuela Eanes reconhece que já sofreu algumas “angústias financeiras”. Hoje, a presidente do IAC vai reunir-se com o presidente da Portugal Telecom, entidade que decidiu apoiar o Projecto com Crianças de Rua.

Criado há 29 anos, o IAC tem vindo a denunciar o problema das crianças mal tratadas e abusadas sexualmente. Quando começaram a alertar para os casos de abuso sexual de menores este era um fenómeno escondido: “Em 1983 começámos a trabalhar com estas crianças mas, em Portugal, a maioria das pessoas só ficou alertada para a problemática do abuso sexual de menores com o caso Casa Pia”, recordou.

Manuela Eanes lembrou que, na altura, não exista o serviço SOS Criança, criado em 1988, e, por isso, “quando alguém se apercebia de que uma criança era vítima de violência doméstica ou sexual, ninguém falava, porque as pessoas tinham medo”.

Hoje o cenário é melhor, mas Manuela Eanes reconhece que ainda há muito trabalho para fazer.

Mais de 150 crianças a deambular pelas ruas em 2011

in Jornal de Notícias

O Instituto de Apoio à Criança encontrou, durante o ano de 2011, mais de 100 crianças nas ruas de Lisboa e recebeu 49 denúncias que davam conta de desaparecimentos de menores ou casos de crianças que deambulavam pela cidade.

Manuela Eanes, presidente do Instituto de Apoio à Criança (IAC), relatou em declarações à agência Lusa que a carrinha do instituto encontrou em 2011 "mais de 110 crianças em contexto de rua".

O Projeto Rua faz parte da ação do instituto e percorre alguns dos bairros mais problemáticos da cidade, como é o caso dos Anjos, do Intendente e do Cais do Sodré.

O serviço, que intervem junto das crianças que vagueiam e dormem na rua, foi criado para prevenir novos casos de jovens sem-abrigo.

Hoje em dia, o projeto também lida com pedidos de ajuda para encontrar crianças desaparecidas e denúncias de menores que se encontrem sozinhos nas ruas da cidade. Em 2011, foram acompanhadas 49 situações de denúncia. "A maioria dos casos são encaminhados pelo SOS Criança ou então são crianças que fogem das instituições do Ministério da Justiça ou de casas particulares", explicou Manuela Eanes.

A responsável da instituição recorda que há 29 anos, quando o IAC começou a trabalhar nesta área, a situação era bastante mais problemática. "Em 1999, havia cerca de 500 crianças na baixa de Lisboa a dormir nas grelhas do metropolitano, em vãos de escadas, com uma vida muito difícil. Tinham saído de casa, da escola e andavam em bandos", descreve.

Atualmente, o instituto atua em zonas específicas da cidade onde frequentemente surgem situações de risco para menores. Este ano, o IAC está nos bairros da Boavista, Arroja e Bairro Bem-Saúde, onde trabalha diariamente com 357 crianças e 30 famílias.

Para além da atividade na cidade de Lisboa, o instituto faz ainda parte da rede "Construir Juntos", um projeto que reúne cerca de uma centena de instituições que lidam com "crianças em situação de marginalidade e delinquência" explica Manuela.

O IAC foi criado há 29 anos e desde aí tem denunciado mal tratos com crianças e situações de abusos sexuais. Nessa altura, a pedofilía era uma realidade escondida. "Em 1983 começámos a trabalhar com estas crianças mas, em Portugal, a maioria das pessoas só ficou alertada para a problemática do abuso sexual de menores com o caso Casa Pia", recorda Manuela.

O serviço SOS Criança foi só criado em 1988, e, por isso, "quando alguém se apercebia de que uma criança era vítima de violência doméstica ou sexual, ninguém falava, porque as pessoas tinham medo", explica.

Manuela reconhece que a situação atual é melhor, mas que os números continuam a ser preocupantes e que há ainda muito trabalho para fazer.

A presidente do IAC vai reunir nesta sexta-feira com o presidente da Portugal Telecom, entidade que decidiu apoiar o Projeto Rua da instituição.

10.3.12

Crianças-soldados: é-nos permitido permitir?

Adelina Barradas de Oliveira (Juíza Desembargadora), in Expresso on-line

CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS CRIANÇAS

Consumo e tráfico de drogas

A criança tem o direito de ser protegida contra o consumo de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, e contra a sua utilização na produção e tráfico de tais substâncias.

Exploração sexual

O Estado deve proteger a criança contra a violência e a exploração sexual, nomeadamente contra a prostituição e a participação em qualquer produção de carácter pornográfico.

Venda, tráfico e rapto

O Estado tem a obrigação de tudo fazer para impedir o rapto, a venda ou o tráfico de crianças.

Outras formas de exploração

A criança tem o direito de ser protegida contra qualquer outra forma de exploração não contemplada nos artigos 32, 33, 34 e 35.

Tortura e privação de liberdade

Nenhuma criança deve ser submetida à tortura, a penas ou tratamentos cruéis, à prisão ou detenção ilegais.

A pena de morte e a prisão perpétua sem possibilidade de libertação são interditas para infrações cometidas por pessoas menores de 18 anos.


A criança privada de liberdade deve ser separada dos adultos, a menos que, no superior interesse da criança, tal não pareça aconselhável.

A criança privada de liberdade tem o direito de beneficiar de assistência jurídica ou qualquer outro tipo de assistência adequada, e o direito de manter contacto com a sua família.

Conflitos armados

Os Estados Partes tomam todas as medidas possíveis na prática para que nenhuma criança com menos de 15 anos participe directamente nas hostilidades.

Nenhuma criança com menos de 15 anos deve ser incorporada nos exércitos.

Os Estados devem assegurar protecção e assistência às crianças afectadas por conflitos armados, nos termos das disposições previstas pelo direito internacional nesta matéria.

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África existe... é um continente enorme com uma forma bonita, cheio de culturas, de segredos e de secretismos.

Tem gente dentro... sabíamos? Muita gente bonita mas também crianças, com fome... mutiladas... esquecidas e, a acrecentar a tudo isso, sequestradas para serem meninos soldado e meninas escravas sexuais.

Sabíamos?!

Tanta gente tem África dentro!

Foi ontem, no Dia Mundial da Mulher que um grupo de jovens entre os 18 e os 20 me pediu que falasse sobre isto no meu blogue do Expresso.

Confirmar a notícia e o vídeo que a pouco e pouco inundou as redes sociais foi fácil, a Amnistia Internacional tinha a notícia.

A violação dos Direitos Humanos é noticiada, a comunicação é célere... e urge que a acção o seja.

"Crianças soldados" diz-nos alguma coisa?

A ideia já nos tinha chegado de realidades e de filmes... E assim? A cores? Em carne e osso?

Como no filme "Diamantes de sangue" ou no filme "O rapaz do Pijama às riscas", se não fizermos nada pelos outros nunca chegaremos a tempo de salvar os nossos.

Por isso acedi a publicar aqui o clip e o link da Amnistia Internacional e outros links ligados às crianças raptadas e sequestradas para serem meninos soldados e meninas escravas sexuais.

Foi bom sentir que a nossa juventude se toca em redes sociais por causas nobres...

Afinal, o Mundo da comunicação serve principalmente interesses humanitários ou deve servir e torna todos mais próximos em nome de todos.

13.2.12

Abusada aos 14 anos em família de acolhimento

Alexandre Panda, in Jornal de Notícias

Jovem de Gaia só quer indemnização de 2500 euros para pagar uma prótese

Tinha uma família destruída pelo álcool, com um pai preso por homicídio. Foi colocada numa família de acolhimento, em Gaia. Ali, em vez do carinho que nunca teve, diz que foi alvo de abusos sexuais. Só quer uma indemnização para pagar uma prótese.

Com apenas sete anos, Maria (nome fictício), que sofre de uma deficiência física, teve de mudar de casa. Em 2000, a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Vila Nova de Gaia colocou-a numa família de acolhimento. No Verão de 2008, o homem da casa, hoje com 41 anos, terá começado a aproveitar-se da criança. Maria tinha 14 anos.