in Público on-line
Comissão nacional ainda está a recolher os dados relativos a 2012, mas garante que já reforçou os meios.
presidente da Comissão Nacional de Protecção das Crianças e Jovens em Risco (CNPCJR), Armando Leandro, admite que por causa da crise possam aumentar os casos de menores negligenciados e em risco.
“A recolha dos elementos relativos a 2012 está a decorrer, por enquanto ainda não há dados objectivos quanto à evolução do fenómeno, mas estamos a preparar-nos e as comissões estão muito alertadas para isso”, afirmou o presidente da CNPCJR, à margem do 3.º Congresso Sobre o Abuso e Negligência de Crianças, que, nesta sexta-feira e sábado, reúne dezenas de especialistas na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
“As instituições com responsabilidades na defesa das crianças e jovens estão alertadas para a eventualidade de aumentarem os casos e houve algum reforço de meios nesse sentido”, sublinhou, para salientar a importância da prevenção e detecção precoce do problema, em articulação com as escolas, juntas de freguesia e profissionais da saúde.
“O facto de as pessoas estarem em dificuldades económicas não quer dizer que coloquem as crianças em perigo, mas é verdade que daí podem resultar situações de negligência e de risco”, acrescentou Armando Leandro.
O presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML), Duarte Nuno Vieira, concorda que “a crise leva a situações de maior angústia e perturbação no ambiente familiar”. E que isso pode potenciar os casos de maus-tratos e de negligência.
O risco é maior se considerarmos que “muitos pais portugueses ainda pensam que as punições corporais são uma coisa aceitável”, ainda segundo Duarte Nuno Vieira. Para o presidente do INML, urge promover uma campanha de sensibilização contra os castigos corporais e contra a exposição das crianças a situações de violência.
A directora da delegação Norte do INML, Teresa Magalhães, apontou os castigos físicos como um dos principais abusos a que são sujeitas as crianças em Portugal, a par da exposição a situações de violência nas relações de intimidade.
“As pessoas acham que é normal os casais terem problemas e continuam a não ter noção de como essas situações podem deixar danos permanentes nas crianças que, assim, correm riscos muito mais elevados de serem vítimas ou abusadores na vida adulta”, declarou.
O transporte de crianças sem cinto de segurança, a permissão para que estas visualizem situações de extrema violência, nomeadamente na televisão e na Internet, e a bofetada correctiva são outros exemplos da violência que incide sobre as crianças portuguesas, incentivada pela tal “cultura de tolerância”, que, segundo Teresa Magalhães, é preciso começar a combater.